quarta-feira, 3 de maio de 2017

Exclusivo! Zagueiro suíço-brasileiro,Léo Lacroix, conversa com o blog!

Entrevistar jogadores brasileiros desconhecidos que foram se aventurar no exterior sempre rende boas matérias. Gostam de contar histórias que passaram em fase de adaptação a uma nova cultura, gols, títulos e o quanto são idolatrados por uma torcida. Enaltecem também o quanto desejam ser reconhecidos no Brasil.

Nesse quesito, há uma categoria interessante de se conversar que são filhos de brasileiros que nasceram em outro continente, mas carregaram por toda infância e adolescência a cultura de seus progenitores. São fluentes em português, visitam o Brasil com frequência, amam futebol e tem interesse de atuar nos gramados da nação pentacampeã mundial.
Lacroix pelo Sion.  Crédito:divulgação 


Os primeiros que conversei foram os meias Andreas Pereira nascido na Bélgica ,que preferiu atuar pela Seleção Brasileira e atualmente tem seu passe vinculado ao Manchester United e Danilo Campos que foi criança para a Bélgica, defende a seleção deste país e está no futebol turco. Fui o primeiro jornalista brasileiro a falar sobre a carreira deste último citado.

O entrevistado desta edição é o zagueiro suíço Léo Lacroix que defende o Saint-Etienne da França.

O defensor de 25 anos é oriundo de uma pequena cidade chamada Aigle na região da Lemânica, próximo a França. Seus pais se separaram quando ele tinha apenas três anos. Logo, foi criado pela mãe que é brasileira.

"Meu pai é suíço e minha mãe é brasileira. Com a separação, vivi muito com a minha mãe. Na suíça há muitos brasileiros, o que fez com que eu sempre tivesse contato com a cultura brasileira ", disse o jogador com exclusividade ao blog Arquivos e Histórias F.C.

Quando tinha 8 anos se mudou para Lausanne, fez um teste no time local e foi aprovado.No início jogou como lateral-direito. Aos 12 anos se mudou para a Itália onde integrou uma equipe pequena da região de Firenze.

"Na Itália morei três anos. Atuei em uma pequena equipe da região de Firenze. Foi um aprendizado na minha vida.Tinha que ir sozinho para a escola, para os treinos e  para casa. Depois retornei para a Suíça e novamente defendi o Lausanne", disse o futebolista nascido no dia 27 de fevereiro de 1992.

Sem espaço no Lausanne, Lacroix atuou em um pequeno time chamado Malley também de seu país natal. Em 2008 fez um teste no Sion durante dois dias e não foi aprovado. Em 2009 resolveu se aventurar no Brasil e passou um período treinando no modesto São Cristóvão do Rio de Janeiro.

"Eu queria viver no Brasil. Morar no Rio de Janeiro. Então resolvi fazer um teste no São Cristóvão, pois foi lá que o Ronaldo Fenômeno começou a carreira. Fiquei treinando lá durante seis meses. Em junho minha mãe veio me visitar e falou que era para eu voltar para a Suíça.  Ela queria que eu tentasse novamente entrar no Sion. Eu não queria retornar, mas não tive escolha. Voltei e fiz outro teste no Sion. Fiquei uma semana e desta vez fui aprovado", revelou o futebolista, que diz que seu sonho é um dia poder jogar no Flamengo, clube de seu coração.

"Ainda quero morar e atuar no Brasil.Sempre torci para o Flamengo. Eu acompanho o clube direto. Espero um dia poder defender o Flamengo.Participar de um Fla-Flu. Será um sonho de criança realizado ", emendou.

Em 2010, Léo Lacroix fez sua estreia como atleta profissional. Foi no triunfo da sua equipe sobre o ST.Gallen por 5 a 1. O suíço-brasileiro atuou por 15 minutos.

"Fiz minha estreia como profissional na última rodada do Campeonato Suíço 2009/10.  Um dia antes eu estava caminhando pela cidade e o diretor do clube me ligou falando que eu havia sido relacionado para o jogo. Fiquei super feliz, pois não estava esperando essa oportunidade. Entre no final do jogo. Foi muito especial. Fiz minha estreia no time principal com 18 anos", recordou o atleta que atuou pelas seleções de base da Suíça.

Permaneceu no Sion até a temporada 2015/16. O momento mais especial foi na época 2014/15 onde foi campeão da Copa da Suíça.

"Essa conquista foi muito importante para o clube e também para a minha carreira. É curioso o histórico do Sion na Copa da Suíça.Jogou 13 finais e venceu todas! Naquela temporada, fomos mal no campeonato nacional e fomos disputar a decisão contra o Basel (atual octacampeão nacional), o grande clube suíço do momento.O mais rico e com mais investimento. Fizemos um jogo incrível e vencemos por 3 a 0. Nos superamos. Todos os jogadores fizeram uma ótima partida. Inesquecível esse título", recordou.

Nesta temporada, Lacroix se transferiu para o Saint-Etienne que disputa a Ligue 1. O Alviverde é o maior campeão francês da história (10 conquistas, sendo a última em 1980/81) e tem fama de ter uma torcida fanática e fiel ao clube. O atleta fala das diferenças entre atuar no futebol de seu país e no francês.
Em ação pelo Saint-Etienne


"O Campeonato Francês é mais forte fisicamente e tecnicamente. Há mais investimentos e mais mídias cobrindo a competição. Os times são mais fortes e há melhores jogadores.É um campeonato melhor que o suíço. A Suíça tem jogadores bons e uma seleção forte que tem chance de estar na Rússia em 2018. Mas o campeonato local tem o Basel que vem dominando e vencendo todas as edições de forma consecutiva. Os outros clubes não conseguem competir com o Basel", contou Léo.

No momento, o Saint-Etienne é o sétimo colocado da Ligue 1 com 49 pontos ganhos. Faltando três rodadas para o término da competição a meta é uma vaga na próxima Liga Europa. No momento, o quarto colocado e que estaria classificado para este torneio é o Lyon com 57.

"Nos últimos 4 anos o Saint-Etienne se classificou para a Liga Europa. Este é o nosso objetivo até o final da temporada. Sabemos que não será fácil e vamos lutar até o fim", explicou para depois falar sobre a torcida e a importância do clube na França.

"A torcida do Saint-Etienne é muito fanática. É um tipo de torcida que não se vê muito na Europa.Eles apoiam o time tanto na vitória quanto na derrota. Na hora do gol fazem uma festa incrível.Na rodada que tem o clássico contra o Lyon (nosso grande rival), a torcida marca presença nos treinos e nos apoiam o tempo todo. O Saint-Etienne é um clube historicamente muito importante na França.Entretanto, hoje não tem condições de disputar com PSG, Monaco e Nice o título. O Saint-Etienne não tem condições de contratar jogadores de grande nível e pagar altos salários", contou.

No momento, o Mônaco lidera a competição com 83 pontos. A vice-liderança é do atual campeão PSG.  Na sequência vem o Nice com 77. Lacroix acredita que a taça ficará em definitivo com a equipe do Principado.

"O Mônaco deverá ficar com o título. É uma equipe bem organizada, bem treinada pelo técnico Leonardo Jardim e tem um dos melhores ataques da Europa.Acredito que eles serão os campeões", opinou.

Pela seleção principal da Suíça , Léo Lacroix já foi convocado 4 vezes, mas ainda não entrou em campo.No momento, os suíços lideram o grupo B das Eliminatórias Europeias para a  Copa do Mundo de 2018, com 15 pontos ganhos em cinco jogos disputados. Aproveitamento de 100%. Faltam cinco jornadas para o término do qualificatório. O primeiro de cada chave se garante na Copa e o vice-posicionado disputa uma repescagem.

"Lideramos a nossa chave com 15 pontos. Em seguida vem Portugal com 12. São os atuais campeões da Eurocopa, mas confio na nossa equipe e temos grandes chances de estar na Rússia em 2018. Fui chamado 4 vezes,mas ainda não entrei em campo. Sempre que precisarem estarei a disposição. Defender o meu país em uma Copa do Mundo será um sonho de criança realizado, "seguiu.

Por fim, foi debatido o assunto terrorismo que vem assolando a Europa,em especial a França.O defensor falou sobre viver diante dessa tensão.

"Tudo que ocorre é muito ruim.Nos preocupamos sempre com familiares e amigos, pois nãos sabemos quando acontecerá o próximo atentado. É muito ruim viver nessa situação. O futebol já foi palco de terrorismo aqui na França (amistoso contra a Alemanha em 2016).  No entanto, nós temos um Deus que está no controle e temos que ter fé. Realmente é uma situação complicada e espero que tudo melhore", finalizou. 

Bônus!
Jogo-rápido:

Melhor treinador da sua carreira?
Didier Tholot. Foi ele que me lançou como profissional e depois fomos campeões da Copa da Suíça. Entretanto, todos os treinadores com quem trabalhei me ensinaram alguma coisa. O meu atual comandante Christopher Galtier, que está há nove anos no Saint-Etienne, conhece muito de futebol e tenho gostado de trabalhar com ele.

Jogador mais difícil que já teve que marcar?   
Foi o atacante Divock Origi do Liverpool. É forte fisicamente e muito veloz.

Jogo mais memorável da sua carreira?
A final da Copa da Suíça,onde o Sion venceu o Basel por 3 a 0.


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