sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Arquivo! Pai de Neymar atrapalha a carreira do filho, mas não é o único no futebol


Prólogo: reproduzo neste espaço, o texto que escrevi para o site torcedores.com no final de julho, quando houve a dicussão do pai do Neymar com uma jornalista da Folha de S.Paulo e o episódio foi muito debatido na mídia e nas redes sociais.

Confira:

Uma das notícias mais comentadas esta semana foi a discussão do pai do Neymar com uma jornalista da Folha de S.Paulo. A repórter o questiona, por telefone, sobre uma possível festa na concentração da seleção brasileira, após a estreia na Copa do Mundo. O agente e progenitor da principal estrela do atual futebol pentacampeão se mostrou irritado e de forma irônica disse que fez uma festa e com a mãe da periodista.  Seguiu com a voz alterada, ofendendo a repórter e até a ameaçando de um possível processo. Ela se manteve calma e apenas cumpriu o seu dever de ir até o fim do diálogo.  Embora seja um direito dele não gostar da pergunta, nada justifica tal atitude. Ele poderia simplesmente se negar a responder. Ficar em silêncio.

Crédito:Denis Doyle/Getty Images



O pai do Neymar é o caso mais famoso de um familiar que pega carona na fama do filho. É incrível. Onde o atleta está, de alguma maneira o pai dele dá um jeito de aparecer. Em muitas ocasiões aparece de forma negativa e arranha a imagem e a carreira do futebolista revelado pelo Santos.


Entretanto não é o único caso no esporte mais popular do planeta. Há aqueles que estragam tanto o filho que acabam fazendo com que o atleta não vingue no futebol.

Quem já cobriu categorias de base do Brasil sabe que muitos meninos com 11 ou 12 anos já começam a ser vistos como a fonte de renda de muitos familiares. A salvação. Vários pais, irmãos e até tios param de trabalhar, pois apostam na jovem promessa. O herdeiro é sempre visto como um craque. Com 15, 16 anos já tem contrato milionário e todos trabalham em volta dessa empresa que o futebolista se transformou.


Outro caso emblemático é o atacante Jean Chera. Desde cedo produziam matérias sobre a futura promessa das categorias de base do Santos. Não conseguiu engrenar profissionalmente. Eu já cheguei a conversar com um técnico que trabalhou com ele e me garantiu: “Foi o pai de Chera que o estragou. Queria mandar no menino e o que fazer com ele. O sucesso do garoto subiu a cabeça do pai. Era muito difícil trabalhar com o Jean, por causa do pai. ”


Certa vez estava conversando com pessoas que trabalharam em um clube pequeno de uma capital brasileira e me contaram um episódio bem curioso. Um jornalista esportivo renomado tinha um filho que jogava por essa equipe. O pai presenciava os treinos e sempre nos bastidores queria garantir seu filho entre os titulares. Questionava, de forma grosseira, a comissão técnica o motivo quando o garoto não estava entre os onze iniciais. Pelo que me relatavam, o menino atuava como centroavante. Um ‘9’. Mas não era o melhor daquela equipe. Era uma boa pessoa, mas as atitudes do pai (retificando que era um jornalista famoso) irritavam a todos e alguns companheiros de equipe pegavam bronca do rapaz.


Houve um episódio em que na televisão o tal jornalista informou que terminando o programa esportivo no qual estava participando,  iria para o estádio ver o seu filho jogar contra um dos principais times do estado. O confronto era por um campeonato estadual de categorias de base. 

Chegou com a partida em andamento, ainda de acordo com o que me contaram, e surtou ao não ver o seu filho entre os titulares. Foi brigar com a diretoria, pois havia anunciado na TV que seu filho jogaria. Deu escândalo nos bastidores.


Ao fim daquela temporada, o contrato com a tal equipe terminou e o menino foi defender as cores de um clube do interior. Soube depois, através da internet, que o mesmo tentara a sorte até no exterior. Mas a saída do pequeno clube de uma capital brasileira trouxe paz nos bastidores e no dia a dia do trabalho, como me disseram.


Um outro fato que me recordo foi quando conversei com um técnico que foi dirigir uma equipe modesta do Brasil em uma segunda divisão estadual. Este treinador tinha personalidade forte. Não tinha papas na língua e falava o que pensava. As vezes arrumava encrenca nos times que dirigia, mas para jornalista sempre rendia boas histórias. É uma boa pessoa.


No trabalho em que eu citei no parágrafo acima ele não ficou até o final do campeonato. Foi demitido no meio do torneio. O time não engrenava e acabou saindo. De acordo com o que me contou, o problema foi com o presidente do clube que tinha um filho que queria ser jogador e aos poucos forçava a escalação dele entre os titulares. Aquilo desgastou a relação entre mandatário e técnico. Entre patrão e empregado.


“Começou com aquela conversinha me perguntando se o filho dele poderia treinar com o elenco, pois estava tentando a vida de jogador. Eu deixei, mas sabia que aquilo era suspeito. Ele não deveria fazer parte do elenco. Mas foi treinando e eu não contava com o menino para a temporada. Mas o presidente foi me pressionando, perguntando se poderia por entre os reservas e em outras vezes entre os titulares. Falava que ele não ia atuar, pois quem escalava era eu. Isso foi desgastando a relação”, me confidenciou o tal treinador.


Cheguei a perguntar se o garoto era tão ruim a ponto do técnico arrumar briga com o chefe. A resposta dada a mim foi: ‘ Ele era muito ruim. Não tinha nível nem para ser profissional’.


Essas são algumas histórias de pais que tentam de todas as maneiras fazer o filho se tornar jogador de futebol.


Embora seja importante sempre o apoio da família no desenvolvimento da criança e do adolescente no esporte, tudo tem limite. A experiência mostra que quando passa da ‘linha tênue’, o jogador pode ficar no caminho ou crescer menos do que se espera. 

Claro, muitos pais fazem isso também por ganância, vaidade e egoísmo. Não entendem o quanto isso prejudica a todos.


Por fim, sei também de familiares que sabem apoiar a sua ‘joia’ no ponto correto. Não é tão simples, mas existem






domingo, 12 de agosto de 2018

Everton Felipe: sua passagem discreta pelo Inter e o futuro no São Paulo

Conheci pessoalmente Everton Felipe no início de 2015. Um meia pernambucano revelado nas categorias de base do Sport e que havia sido campeão da Copa Nordeste de 2014. Foi lançado no time profissional por Geninho.

Suas boas atuações fizeram com que o Internacional o adquirisse por empréstimo. Uma pessoa ligada as categorias de base do Colorado me garantiu que era uma grande promessa do nosso futebol. Meia habilidoso e com poder de decisão. 

Naquele período eu estava prestando serviço para uma assessoria de imprensa e esta cuidava da imagem do atleta nascido em 1997. 

Por conta disso, tive bastante contato com o futebolista oriundo de Limoeiro/PE.

A comissão técnica  pediu para que ele trabalhasse inicialmente nas categorias de base da equipe gaúcha. O que o frustrou de início, pois ninguém gosta de dar um passo para trás na carreira. Mas todos entendiam que era melhor dar um passo para trás para depois tentar dar dois à frente.

No entanto, Everton Felipe nunca teve chance no time principal. O que o desmotivava cada vez mais. 
Fora isso, as escalações dele eram cheias de mistérios. Ora era titular e fazia gols, ora nem no banco ficava.Era muito estranho. Me diziam que eram ordens da diretoria, outros me afirmavam que ele não fazia parte das 'panelinhas' de empresários que comandam o futebol do RS.Outros diziam que não sabiam o motivo disso ocorrer. Ressaltando que esses tipos de picuinhas de bastidores não são exclusividades do Inter e acontecem em todos os clubes do Brasil.

Atuando pelo time sub-23 do Inter contra o Pelotas em Alvorada/RS.

Esses imprevistos o desmotivava muito. Conversava com ele e tentava de alguma maneira incentivá-lo. 

Ele vivia sozinho em um apartamento relativamente próximo ao Beira-Rio. Embora jogasse mesmo em Alvorada/RS. Nunca me disse com as palavras, mas era nítido, principalmente no final daquela temporada, que não estava feliz na capital gaúcha e que sentia falta de Recife/PE.

Quando o visitava, sempre em ocasiões de trabalho, gostava de me contar os tempos de Sport Recife e alguns bastidores do Inter. As poucas vezes que treinou com o profissional (que tinha um time forte diga-se de passagem e uma concorrência muito grande) e até curiosidades de bastidores das categorias de base. Sempre mostrou ser uma boa pessoa, com vontade de jogar futebol, mas que queria um espaço maior no futebol. Algo que pudesse jogar com frequência e ver futuro em algum clube.

Em jogo contra o Igrejinha, creio que pelo sub-20, em Alvorada/RS. Visto por poucas pessoas


Dezembro havia chego e sempre aquele mistério se iria renovar ou não o contrato. O empresário dele não dava a certeza. Se pensava no melhor para o menino. Eu, sinceramente, torcia para que ele voltasse ao Sport. 

Embora Porto Alegre/RS seja uma agradável cidade e o Internacional um dos principais times do nosso País, não houve a 'conexão' necessária com Everton Felipe. Passou quase que como um anônimo pelo clube fundado em 1909. Só os poucos jornalistas e torcedores que iriam ver os times sub-20 e sub-23  o testemunharam vestindo a camisa da equipe bicampeã da Libertadores. Ou seja, poucos.

Em janeiro de 2016 retornou à capital pernambucana. Dali em diante nunca mais tive contato com ele. O acompanhava apenas pelos jornais e redes sociais. No dia 24 daquele mês, Everton Felipe foi um dos destaques do Leão na vitória sobre o Argentinos Jrs. por 2 a 0, pela Taça Ariano Suassuna. Fez um gol e deu passe para outro. Isso fez com que seguisse na equipe. Constantemente era titular e participava ativamente dos gols da equipe. 

De saída do Internacional


Em 2017 ainda fez o gol do triunfo sobre o Salgueiro que garantiu o título pernambucano ao Sport. Fiquei feliz por ele. Por novamente estar nos holofotes. Pois, futebol ele tinha e tem para brilhar. Uma pena ter sido pouco aproveitado no Inter.

Agora,  12 de agosto de 2018, fez sua estreia com a camisa do São Paulo. Chegou ao Tricolor, por empréstimo, até dezembro de 2019. Entrou no final do triunfo contra o próprio Sport, onde os paulistas venceram por 3 a 1.

Diego Aguirre tem uma joia no elenco. Com a boa campanha e um time empolgado, será fácil para Everton Felipe mostrar suas qualidades e em um centro com maior atenção. Pode ser que seja no Morumbi que o atleta de 21 anos consiga deslanchar no esporte mais popular do mundo. Minha torcida por ele (jogando agora pelo meu clube de coração) é que finalmente vingue. Potencial tem.

Crédito das fotos: Leonardo Cantarelli