terça-feira, 26 de setembro de 2017

Exclusivo! Jogadores relembram os 15 anos da conquista do Brasileiro de 2002 pelo Santos

Prólogo: O Campeonato Brasileiro de 2002 foi um um 'divisor de águas' na vida dos torcedores santistas nascidos nas décadas de 1980 e 90. Como se fosse o final de um capítulo triste de um livro. Uma virada de século.

Após o título paulista de 1984, o Santos viveu um grande jejum de títulos. Não era fácil aguentar as zoeiras dos torcedores rivais que faturavam não só estaduais, como Brasileiros, Copa do Brasil, Libertadores e até Mundial. Os adeptos do Alvinegro Praiano quase saíram da fila em 1995 com o vice-brasileiro. Até hoje lamentado pelos torcedores e jogadores. Muita reclamação do desempenho do árbitro Márcio Rezende de Freitas.

Eram tidos, quase que por unanimidade, a quarta força de São Paulo e maldosamente chamados de 'viúvas do Pelé`. Havia aqueles que ainda questionavam se valia a pena chamar o clube da Vila Belmiro de grande.

A reviravolta veio talvez em uma temporada que poucos apostavam na equipe do litoral paulista. Um time que tinha como destaques o goleiro Fábio Costa (atuando os últimos jogos) e o meia Robert. Os outros eram atletas das categorias de base e alguns jogadores mais velhos, mas que não tinham muita fama e rodagem nas principais equipes do Brasil.

2002 foi a última edição do Brasileirão antes do início dos pontos corridos. A equipe fundada em 1912 se classificou na última rodada e de uma forma improvável (descrita mais abaixo). No mata-mata cresceu de produção, atropelou equipes favoritas e finalmente os jovens santistas nascidos nos anos 80 e 90 puderam gritar: 'É campeão!'

Vale ressaltar que naquela época, os títulos anteriores aos de 1971 (Taça Roberto Gomes Pedrosa e Taça Brasil) não eram considerados Brasileiros. A equivalência veio apenas em 2010 através da CBF. Portanto, para os torcedores, 2002 foi o primeiro título de Campeonato Brasileiro do Santos.

Para recordar aquela conquista, este jornalista que vos escreve resgatou entrevistas exclusivas que fez em outras ocasiões com o ex-lateral-esquerdo Léo, o ex-meia Robert e o ex-atacante Alberto  e também entrevistou para esta matéria de forma exclusiva o ex-goleiro Júlio Sérgio, o atacante William e novamente falou com Robert.

Confira:
O Brasileiro de 2002 foi o último antes da 'era dos pontos-corridos'. As 26 equipes se enfrentaram em turno único e as 8 melhores avançaram para o mata-mata.
Em 2002 os Meninos da Vila foram campeões brasileiro/Site oficial do Santos F.C.
Antes de iniciar o torneio,entre os favoritos estavam São Paulo, São Caetano e Corinthians.O Tricolor que terminou na liderança da primeira fase com 52 pontos tinha até então a melhor equipe. No gol, Rogério Ceni vivia grande fase e havia um quarteto ofensivo muito forte composto por Kaká (grande revelação daquela temporada), Ricardinho, Reinaldo e Luís Fabiano.

O Timão, sob o comando de Carlos Alberto Parreira, já havia ganho o Rio-São Paulo e a Copa do Brasil.

Já o Azulão era o atual bi-vice-brasileiro, vice da Libertadores de 2002 e vinha com a mesma base tentando finalmente um título.

Enquanto isso, o Santos apostaria em atletas das categorias de base ,com alguns jogadores mais rodados, mas até então sem grande destaque no futebol.

" O Santos estava em crise e enxugando a folha salarial que era em torno de R$ 4 milhões. Havia dispensado atletas renomados como Rincón, Narciso e estava apostando nas categorias de base. Diego era o mais conhecido até então. Era a estrela e com passagem pela Seleção Brasileira de base. Robinho era magrelo, habilidoso e tinha fama de pipocar para zagueiro. No gol, Júlio Sérgio ia ser o titular, pois Fábio Costa estava lesionado. O zagueiro André Luís era perseguido pela torcida e tinha que andar com seguranças na rua. Os dirigentes nos falaram que a meta no Brasileirão era apenas escapar do rebaixamento. Na nossa preparação fizemos um amistoso contra o Corinthians e ganhamos por 3 a 1. Lembro do Vampeta irritado dando tapas no Robinho. Depois fizemos um amistoso nos Estados Unidos contra o Glasgow Rangers, campeão escocês, e ganhamos por 1 a 0, apesar de apanhar muito em campo. Aquilo foi muito positivo para nós", disse o ex-atacante Alberto nesta entrevista exclusiva para este jornalista que vos escreve.

"Foi um período difícil (início dos anos 2000), de muita cobrança dentro e fora de campo, faixas da torcida de cabeça para baixo, vaias e até invasão de vestiário da Vila e dos campos do CT. Era complicado jogar no Santos naquela época.Tinha que ter personalidade. Naquele Brasileiro de 2002, o objetivo era não ser rebaixado, mas o Leão acreditou na qualidade do time. Com o passar dos jogos, a confiança foi aumentando com os bons resultados. Os segredos da conquista foram a humildade, a união do elenco e o comando forte de Leão", falou o ex-lateral-esquerdo Léo, nesta entrevista exclusiva para este jornalista que vos escreve.

"Eu lembro que iniciamos muito mal a temporada de 2002, sendo eliminado de forma vexatória no Torneio Rio-São Paulo. Ficamos três meses sem atuar (nesse período Robert atuou pelo São Caetano no mata-mata da Libertadores). Depois, no Brasileirão, aos poucos, fomos nos ajeitando. Mas era um time basicamente de garotos. Me lembro de um jogo contra o São Paulo,na primeira fase, onde perdemos por 3 a 2, comigo entrando no segundo tempo e fazendo gol, onde jogamos bem. O São Paulo era o grande time do momento, com Rogério Ceni, Kaká e nós fizemos uma grande partida. A partir dali vi que poderíamos ir longe. Depois enfrentamos o próprio São Paulo (líder) nas quartas de final, vencemos os dois jogos e fomos avançando. Chegamos nas finais e fomos campeões! Me sinto honrado com esse título. Foi a recompensa por não ter vencido em 1995", relembrou o meia Robert nesta entrevista exclusiva a este que vos escreve.

"Eu não era um jogador jovem, mas foi no Santos que tive a primeira experiência em uma equipe de ponta. Cheguei por indicação do técnico Emerson Leão, após minha passagem pelo Comercial de Ribeirão Preto/SP.  Leão é turrão, teimoso, mas conseguiu dar harmonia e tranquilidade naquele elenco. O ambiente era leve e com as vitórias a confiança aumentou. Aquele título me pôs na vitrine do futebol. Muito disso devo ao Leão. Tenho certeza que se fosse outro técnico não teria apostado em mim", afirmou o ex-goleiro Júlio Sérgio em entrevista exclusiva ao Arquivos e Histórias F.C 

"O Santos vinha de uma 'fila'de 18 anos sem títulos. Alguns anos antes de 2002, a diretoria havia contratado vários medalhões como Rincón, Marcelinho, Dodô e Viola para tirarem o time desta 'fila', mas não conseguiram. Em 2002, era um grupo jovem e a imprensa dizia que iríamos brigar para não sermos rebaixados. No entanto, o grupo se uniu ao técnico Leão e fomos para o Brasileirão. Deu no que deu", relembrou o atacante William em entrevista exclusiva ao Arquivos e Histórias F.C.

No início da primeira fase, o S.F.C. vencia muito como mandante, mas sofria quando visitava um rival.

Na estreia, na Vila Belmiro, os comandados de Leão bateram o Botafogo por 2 a 1.  A segunda vez que entraram em campo (terceira rodada) derrota para o Juventude por 2 a 1. Na sequência, triunfo sobre o Figueirense, no litoral paulista, por 3 a 0. Ainda como anfitrião superou o Paraná por 2 a 1,Vitória por 3 a 0, Grêmio por 2 a 0 e empate por 2 a 2 com o Atlético/PR. Nesse período, quando não atuou sob seus domínios, sofreu reveses para o Coritiba por 4 a 2, Internacional por 3 a 0 e empate com o Fluminense em 1 a 1. A primeira vitória como visitante veio só décima segunda rodada sobre o Vasco por 2 a 1.

Naquele momento, o Alvinegro Praiano era o terceiro colocado com 20 pontos conquistados em 11 jogos. Por curiosidade, a liderança era do Juventude com 25.

Outro triunfo como visitante ocorreria na décima sexta jornada no Pacaembu. Em um clássico paulista, o Santos venceu o Corinthians por 4 a 2. Jogo este histórico para a agremiação do litoral. O primeiro tento dos futuros campeões foi marcado de bicicleta pelo atacante Alberto. Este gol foi eleito o mais bonito do Brasileirão.
Alberto recebeu uma placa em homenagem ao gol de bicicleta/Ivan Storti/Santos F.C.
"Esse gol tem uma história curiosa.Nós iríamos para São Paulo enfrentar o Corinthians.Na véspera eu peguei uma gripe depois de um rachão e me atrasei para o ônibus que levaria o clube para a capital do estado.Me ligaram faltando cinco minutos e o ônibus partiu sem mim. Fui de carro até o hotel onde ficaríamos concentrado.Lembro que a Imigrante estava fechada e tive que dar a volta e sair pela Anchieta.Cheguei às 20h. Na porta do hotel, estava o Leão me esperando e ele quando me viu só mandou eu jantar. Naquele momento eu senti que ferrou para o meu lado. O treinador não deu pista alguma se eu ia jogar o clássico. Só soube no vestiário quando vi minha camisa junto com a minha chuteira. Entrei em campo e fiz o primeiro gol do Santos. De bicicleta. Vencemos por 4 a 2. Uma noite maravilhosa. Ali, creio, começaram a acreditar mais no Santos", relembrou Alberto, autor do histórico gol.

"Aquela vitória foi histórica. Foi tudo muito intenso. Lembro quando voltamos para Santos/SP, a torcida estava na rua para nos recepcionar! Foi muito legal", recordou o ex-goleiro Júlio Sérgio.

Outra peleja com um fato curioso foi na décima nona jornada, onde o Santos goleou o Cruzeiro por 4 a 1, em pleno Mineirão.

"Eu tinha a ido a São Paulo ver a minha sogra e depois iria encontrar o elenco. No entanto, peguei um congestionamento muito grande e me atrasei para a apresentação.Quase perdi o voo. Sorte que cheguei a tempo e recordo de ter feito uma grande partida", contou o ex-arqueiro Júlio Sérgio.
Júlio Sérgio em ação pelo Santos/Crédito: Fernando Pilato/Futura Press 


Naquele período da competição,o Santos era o vice-líder com 32 pontos em 17 jogos realizados. A mesma campanha do São Caetano, primeiro posicionado. No entanto, o Azulão tinha uma vitória a mais (10 a 9).

Na sequência houve três derrotas consecutivas, para São Paulo (3 a 2), Portuguesa e Paysandu, ambos por 2 a 1. O Alvinegro Praiano acabou despencando para a quinta posição.O primeiro posicionado era o São Paulo com 40 e já era apontado como favorito ao título.

A reta final foi irregular para os santistas que chegaram na jornada de encerramento na sexta colocação com 39 pontos. Uma vitória simples o garantiria no mata-mata. O rival era o São Caetano, no Anacleto Campanella. A equipe do ABC Paulista venceu por 3 a 2.

Aliado ao revés, o Grêmio bateu o Atlético/MG por 1 a 0, passou o Santos na tabela e terminou na quinta colocação com 41 pontos. O Galo ficou com 40 pontos e com o sexto lugar. A sétima posição foi do Fluminense com 40 pontos. O Tricolor das Laranjeiras seguiu vivo ao vencer a Ponte Preta em Campinas por 3 a 0.

O Santos terminou na oitava posição com 39 pontos ganhos. A mesma campanha do Cruzeiro. Ambas equipes tiveram em 25 jogos, 11 vitórias, seis empates e oito derrotas. No entanto, os paulistas fizeram mais gols (46 a 40) e um saldo melhor (10 a 1).

Outro que lutava pela classificação era o Coritiba que foi ao Distrito Federal enfrentar o já rebaixado Gama e surpreendentemente foi derrotado por 4 a 0, ficando na décima primeira posição com 36 pontos.

"Na última rodada enfrentamos o São Caetano. Eu estava mal e iniciei o jogo no banco de reservas. Douglas foi o titular. No entanto, Douglas não fez uma boa partida e entrei no decorrer do jogo. Dei o passe para o William, que dentro da área sofreu um pênalti. Eu cobrei e fiz o segundo tento da nossa equipe. Perdemos e saímos cabisbaixos  do campo.No vestiário nos informaram que o Gama venceu o Coritiba por 4 a 0 e tínhamos nos classificado para as quartas de final", recordou Alberto.

"Não tínhamos feito uma campanha regular, mas já 'enchíamos os olhos de quem nos assistia'e ganhamos o apelido de Meninos da Vila", emendou.

"Aquele jogo contra o São Caetano bateu um desespero. No final da primeira fase tivemos uma queda de rendimento e perdemos muito pontos.Saímos bem cabisbaixos após a derrota para o São Caetano e na sequência tivemos a notícia que o Gama venceu o Coritiba e o resultado nos favoreceu. Foi um misto de alívio, alegria e êxtase.Saímos do inferno e fomos para o céu em pouco tempo. Sabíamos que tínhamos classificados em oitavo e iriamos enfrentar o São Paulo. Era uma revanche do jogo da primeira fase, pois perdemos por 3 a 2 e foi muito intenso e disputado.Principalmente pelo momento em que o Diego fez o gol e foi comemorar em cima do símbolo do São Paulo (que fica próximo da torcida).Os jogadores do São Paulo não gostaram daquilo. Logo, criou uma rivalidade entre os dois times naquele campeonato e voltaríamos a enfrentá-los. Sabíamos que se vencêssemos o São Paulo, melhor time até então, chegaríamos com moral na briga pelo título", relembrou Robert, em declaração dada  de forma exclusiva para esta matéria.

"Nós fomos bem desanimados para o jogo contra o São Caetano. Sabíamos que era bem difícil a gente seguir vivo na competição.Ninguém imaginava que o Gama iria golear o Coritiba. Ao término do jogo, quando soubemos da notícia da classificação ficamos surpresos e felizes. O nosso adversário era o São Paulo o melhor time daquele Brasileiro. Lembro, ainda no vestiário, do Leão nos falando: 'Já que nos convidaram para bailar novamente. Então vamos dançar com a mulher mais bonita do baile. Agora vai iniciar um novo campeonato'. Aquela frase deu uma levantada no astral do grupo para seguir em frente", contou o atacante William.

Os outros classificados ao mata-mata foram São Caetano, Juventude e Corinthians.

Na parte de baixo da tabela, além do Gama, foram rebaixados Palmeiras, Botafogo e Portuguesa. Foi o primeiro descenso da história destes três últimos clubes citados.

Pelas quartas-de-final, os comandados de Émerson Leão teriam o líder e favorito ao título São Paulo. Para o embate de ida, na Vila Belmiro, os anfitriões já teriam um reforço de peso: o goleiro Fábio Costa recuperado de lesão faria a sua estreia.

Diego e Robinho foram determinantes no mata-mata/Jorge Araújo/Folhapress
O Santos foi a campo com a formação que seria eternizada na mente dos torcedores: Fábio Costa; Maurinho, Alex, André Luis e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; Alberto e Robinho.

Já o Tricolor do Morumbi entrou com Rogério Ceni; Rafael, Horácio Amelli, Jean e Gustavo Nery; Júlio Santos, Fábio Simplício, Kaká e Ricardinho; Reinaldo e Luís Fabiano.

Com a cancha lotada, o Santos partiu para o ataque e os dois times tiveram chances de gol. Os anfitriões foram mais perigosos.

Aos 30 minutos, a defesa santista lança a bola para Renato, que no lado esquerdo do campo, manda para Robinho. O atacante, na entrada da grade área, devolve para Renato que vê Alberto na área e lança a pelota e este toca para Elano. O meia marcado por três rivais devolve para Alberto que finaliza e faz 1 a 0.

No final do primeiro tempo, o Tricolor empata a peleja. Ricardinho recebe a bola e toca para Kaká, que pelo lado esquerdo, entra na área adversária chuta com força, no ângulo e faz 1 a 1.

Na segunda etapa, aos 5 minutos, em uma bela jogada coletiva iniciada no campo de defesa alvinegro, saiu o segundo gol dos donos da casa. André Luís iniciou a jogada, lançou para Léo que devolveu para o defensor e alçou a pelota para Diego, no meio-campo, que tocou para Maurinho partir para o ataque e na entrada da grande área devolveu para Diego que tocou novamente para o lateral-direito que entrou na área, encontrou Robinho livre de marcação, este finalizou e fez 2 a 1.

Aos 21 minutos, Léo inverte a jogada para Robinho que cruza na área, um atleta santista cabeceia para Alberto que toca para Diego chutar e fazer 3 a 1.

No decorrer da peleja, Robert entra no lugar de Diego. Pelo lado dos visitantes, Oswaldo de Oliveira tira Gustavo Nery e coloca Jorginho Paulista. Os dois substitutos protagonizaram o lance mais polêmico do jogo.

O lateral-esquerdo da equipe paulistana estava partindo para a linha de fundo quando recebeu um carrinho do meia do time alvinegro e acabou tendo o tornozelo fraturado. Durante o atendimento ao ala, já foi constada a fratura. O que gerou muita polêmica em campo.

"No meu lance com o Jorginho, eu entrei forte e na bola. Ele estava seguindo na linha de fundo e de repente ele parou. Travou de letra como uma estratégia para enganar o adversário. Nisso, eu dei um carrinho para recuperar a bola, a perna dele ficou na minha direção e acertei o tornozelo dele. Foi uma contusão séria. A bola saiu de jogo e foi marcado lateral.Nesse período, o médico do São Paulo chamou o quarto árbitro, informou que houve fratura e prontamente chamaram o Carlos Eugênio Simon (juiz do jogo) para uma conversa.  Em seguida, já com a bola rolando, o Simon me chamou e disse que teria que me expulsar, pois houve fratura e a televisão já havia mostrado o lance. Eu rebati dizendo que nem falta ele deu. Mas o Simon disse que precisaria fazer isso, pois poderia ficar feio para ele se não me punisse", relembrou o ex-meia Robert.

"Sobre o Jorginho, posteriormente eu pedi desculpas para ele. Infelizmente, a contusão foi séria e ele ficou alguns meses parado. Não quis fazer isso com ele. Mas são situações de jogo que acontecem", emendou Robert que ainda falou sobre a boa vitória do Peixe.

"Fomos muito superior ao São Paulo. Fizemos três e poderíamos ter feito quatro ou cinco gols. Estávamos desbancando o time que todos falavam que era favorito ao título", continuou.

Quatro dias depois houve o embate em território da equipe fundada em 1935. As duas equipes entraram com as mesmas formações do primeiro confronto.

 Precisando reverter o marcador, o São Paulo iniciou pressionando e no ataque. Logo aos 4 minutos, em escanteio cobrado a bola sobra para Luís Fabiano finalizar de cabeça, dentro da área, e fazer 1 a 0.

Os até então tricampeões nacionais seguiam em busca do segundo tento, mas pecavam nas finalizações.

Na segunda etapa, os comandados de Leão voltaram melhor e 'mataram o jogo'.  Aos 14 minutos, em uma bola tabela entre Diego e Léo, o meia lança para o lateral, que dentro da área, finaliza e empata o cotejo.

Nos acréscimos, em uma tabela entre Diego e Robinho, o meio-campista recebe a bola, entra na área chuta e faz 2 a 1. No encerramento da partida, o atleta até então com 17 anos, disse em entrevista na saída do campo que o São Paulo e o Morumbi davam-lhe  sorte, pois conseguia sempre anotar gols.

O rival da semifinal era o Grêmio/RS. A data do primeiro encontro estava marcada para o dia que iniciava o mês de dezembro. O local seria novamente a Vila Belmiro.

Émerson Leão mandou a campo Fábio Costa; Maurinho, Alex, André Luis e Michel; Paulo Almeida, Renato, Robert e Diego; Robinho e Alberto.

Pela equipe gaúcha, Tite escalou: Danrlei; Anderson Polga, Claudiomiro e Adriano; Anderson Lima, Emerson,Lauro, Rodrigo Fabri e Roberto; César e Rodrigo Mendes.

Os paulistas não tiveram dificuldades para vencer o esquadrão sulista e anotaram três gols. Alberto aos 38 minutos do primeiro tempo e aos 23 da segunda etapa fez os dois primeiros tentos. Robinho aos 34 minutos anotou o terceiro.

"Esse jogo eu iniciei entre os titulares. Lembro que antes da partida, o Danrlei deu declarações provocativas dizendo que o Santos era um time juvenil e que 'essa gurizada' não ia aprontar para o Grêmio, que segundo ele, um time de copeiro e acostumado a mata-mata. De fato, o Grêmio era um bom time, mas no jogo não tivemos dificuldades para fazer três gols e praticamente encaminhar a nossa classificação a decisão. No jogo da volta, atuamos com o regulamento de baixo do braço e nos garantimos na final ", relembrou Robert.

A peleja em Porto Alegre/RS ocorreu no dia 4 de dezembro, no Olímpico e os gaúchos ganharam por 1 a 0. O gol foi anotado por Rodrigo Fabri aos 23 minutos da etapa complementar.

A decisão foi um clássico paulista entre alvinegros. Corinthians e Santos. O Timão havia passado pelo Atlético/MG nas quartas de final e pelo Fluminense na semifinal.

Como a cancha santista não atendia todas as exigências que uma final de Brasileiro exige o Alvinegro Praiano teve que mandar seu confronto no Morumbi.

O Peixe foi escalado com Fábio Costa; Michel, Preto, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; Alberto e Robinho.

Já Carlos Alberto Parreira mandou a campo Doni; Rogério, Scheidt, Fábio Luciano e Kléber; Vampeta, Fabrício e Renato Abreu; Deivid, Guilherme e Gil.

Era o embate entre uma equipe que naquela temporada já havia ganho o Rio-São Paulo e a Copa do Brasil, com um time experiente e entrosado, que via no Brasileirão a chance da tríplice coroa e tornar 2002 um ano inesquecível para a sua torcida, enquanto no outro era um clube que tentava sair da fila e estava com um time jovem, mas jogando bonito e chegando a final no auge do entrosamento.

A peleja ocorreu em um 8 de dezembro chuvoso na cidade mais populosa do País. Mesmo assim, o que se viu foi um bom jogo praticado e com o Santos sendo superior na maior parte do tempo.

O S.F.C. envolveu os visitantes praticamente o jogo todo. Tinham a posse de bola, trocavam bastante passes e eram perigosos nas finalizações.

Aos 15 minutos, Robinho dá um passe preciso para Alberto que entra na área, toca na saída de Doni e faz 1 a 0.

No segundo tempo, a superioridade santista se mostrou maior e como recompensa o segundo gol saiu no fim do jogo.

Em uma saída errada de Fabrício, Robinho rouba a bola, faz um lançamento longo para Renato que toca na saída e por cima de Doni.

Para a finalíssima, também no Cícero Pompeu de Toledo, Émerson Leão teve um desfalque importante que foi o atacante Alberto, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. O companheiro de Robinho foi William.

"Eu fiquei muito chateado com o Leão, pelo fato dele não ter me colocado para atuar no primeiro jogo. Queria entrar a todo custo. Com Alberto suspenso, eu achei que ele me colocaria de titular e adiantaria o Diego para fazer dupla com o Robinho. No entanto, ele preferiu o William. Eu segui chateado e com vontade de entrar em campo. Por uma infelicidade, Diego sofreu uma lesão logo no início do jogo e teve que sair. Eu entrei e consegui participar da final", relembrou Robert.

"Com a suspensão do Alberto, eu fui escalado como titular. O Leão me chamou e disse que eu era o substituto imediato do Alberto e por isso inciaria o jogo. Leão ainda afirmou que eu estava preparado e que não me cobraria gol na final e sim que não deixasse os zagueiros do Corinthians saírem jogando e segurar a bola na frente. O mais importante era eu cumprir essa função tática que ele pediu. No dia do jogo, o clima no vestiário estava muito bom. Todo mundo brincando e confiante na busca pelo título. Diferente do jogo de ida, onde havia mais tensão e muitos nem conseguiram dormir direito a noite (William foi um deles). Em campo deu tudo certo. Parecia até que nós éramos um time experiente e o Corinthians um time de garoto. Já que estávamos no baile, iríamos dançar até o fim", disse William.

William e Robinho fizeram dupla de ataque na final/Reprodução Instagram


Com isso, no dia 15 de dezembro, Leão mandou a campo: Fábio Costa; Maurinho, Alex, André Luis e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; William e Robinho.

Pelo lado do Timão, Parreira,que recordou durante a semana que antecedeu este jogo que sua equipe ainda não havia perdido duas seguidas em 2002 e confiava nesse retrospecto para sair campeão, escalou Doni; Rogério, Ânderson,Fábio Luciano e Kléber; Vampeta, Fabinho e Renato Abreu; Deivid, Guilherme e Gil.

Logo no primeiro minuto de jogo houve lateral para o Timão. Kléber cobrou para Gil que na entrada da grande área cruzou para Guilherme cabecear e obrigar Fábio Costa a fazer uma ótima defesa.

Os visitantes responderam aos 10 minutos. Em uma falta pelo lado direito da entrada da área, Robert (que já havia entrado no lugar do lesionado Diego) cobrou, Alex cabeceou e Doni fez uma ótima defesa.

O jogo seguiu equilibrado e com os dois times procurando o ataque. Até que aos 35 minutos, ocorreu o lance que até hoje está na memória dos apaixonados por futebol.

Léo lançou a bola para Robinho que partiu em direção a área e deu oito pedaladas até chegar à área e obrigar, Rogério, acuado, a fazer pênalti. O próprio Robinho foi para a cobrança e fez 1 a 0!

Na etapa final, a primeira boa chance de gol foi aos 13 minutos. Falta para o Corinthians. Rogério lançou a pelota na área, Paulo Almeida tenta desviar, manda para o próprio gol e Fábio Costa, com uma boa intervenção evita um gol contra. Na sequência, em escanteio cobrado, Fábio Luciano cabeceou e obrigou o arqueiro santista a fazer novamente uma outra boa defesa.

O jogo pegaria 'fogo' a partir dos 30 minutos. O Corinthians vai ao ataque com Kléber que cruza na área para Deivid cabecear e finalmente empatar a partida.

Nove minutos depois, o Timão vai ao ataque novamente. A bola é alçada na área, Ânderson cabeceia e vira o placar. 2 a 1.  O tento deu um fio de esperança aos torcedores corintianos.

No entanto, aos 42 minutos, em uma tabelinha entre Robinho e Elano,o atacante vai até a área pelo lado direito, cruza para o meio-campista que finaliza e empata a partida. Agora, o título estava praticamente assegurado com o esquadrão da Vila Belmiro.

Aos 46 minutos, Fábio Costa lança a bola no meio-campo que sobra para Léo tocar para Robinho pelo lado-esquerdo. O atacante vai ate a linha de fundo, finta dois marcadores rivais e toca para Léo, na entrada da grande área, passar por um rival, finalizar com força e fazer 3 a 2. O gol da vitória e que fez o Corinthians de Parreira perder dois gols jogos consecutivos na temporada.

Depois deste lance, Carlos Eugênio Simon terminou a partida e o Santos finalmente pôde comemorar um título de Campeonato Brasileiro.

"Este foi o melhor momento da minha carreira.Até hoje os torcedores do Santos me procuram e conversam comigo sobre o que fiz no clube. Joguei no Palmeiras, Corinthians e Inter e os torcedores desses times nem falam comigo", explicou o ex-atacante Alberto.

"Tivemos méritos e competência para vencer os melhores times do Brasileirão.Nosso elenco era composto por grandes moleques que depois se tornaram grandes jogadores. Aquele título foi um 'start' para o Santos se tornar o grande clube que é hoje. Com um ótimo CT e uma boa estrutura de trabalho para os atletas. O Marcelo Teixeira (ex-presidente) fez um bom trabalho", relembrou Júlio Sérgio que agora é treinador de futebol.

"Fico feliz que a torcida até hoje lembra que eu fui o titular na primeira fase. Sempre falam comigo pessoalmente ou pelas redes sociais desse título e de eu ter tido uma participação importante.Não fiquei chateado do Fábio Costa ter atuado no mata-mata, até porque ele entrou muito bem e nos ajudou na conquista", continuou o arqueiro, que atuou em 23 dos 25 jogos da primeira fase (os outros dois jogos, Rafael foi o camisa 1).

"Nosso time foi uma sensação mundial. A final passou para mais de 70 países. Todo mundo falava dos Meninos da Vila. O principal nome era Robinho. O Ronaldo Fenômeno contou que foi aos treino no Real Madrid e o Zidane estava encantado com o 'menino das pedaladas'. Fizemos história. Muito bom ser ao mesmo tempo a sensação do campeonato e sermos os campeões", emendou Robert.

"A festa foi contagiante. Um time jovem campeão. Algo improvável. Lembro que fomos descer a serra e nunca demorou tanto para chegar em Santos. O ônibus ia a 10 km/h. Tinha torcedor correndo do lado ônibus. Polícia evitando que os torcedores tentassem entrar no nosso ônibus. Era festa em tudo que é canto. Sabíamos  que a torcida estava nos esperando na cidade e estávamos ansiosos para comemorar com eles.Foi algo marcante na carreira de todos. Até hoje conto para os meus dois filhos sobre este título. O quão importante foi para mim", finalizou William.

Obs: Esta base campeã seria mantida em 2003 e que se sagraria vice-campeã da Libertadores, perdendo para o Boca Júniors. A equipe argentina foi a sensação sul-americana da década passada ganhando 4 Libertadores. Alguns atletas santistas ainda permaneceriam em 2004 e participariam do bicampeonato brasileiro.


Os heróis de 2002:


Fábio Costa: Oriundo das categorias de base do Vitória, se profissionalizou em 1996, ganhando 3 estaduais e 2 Copas do Nordeste. Em 2000 se transferiu para o Santos onde faria história e se tornaria o segundo goleiro que mais vezes entrou em campo pelo clube.345 partidas. Atrás apenas do lendário Manga com 404 aparições. Como já mencionado na matéria, entrou nas quartas de final do Brasileiro de 2002 e fez parte do elenco campeão nacional. Ficaria na Vila Belmiro até 2003, onde foi vice da Libertadores. No ano seguinte se transferiu para o Corinthians e em 2005, faturaria seu segundo campeonato brasileiro.

Em 2006 voltou a Vila Belmiro e sagrou-se bicampeão paulista (06 e 07). Por ser um atleta temperamental chegou a ter problema de relacionamento com comissão técnica e jogadores. Foi afastado do elenco em 2010 e não voltaria mais a vestir o manto alvinegro. Na mesma temporada foi emprestado ao Atlético/MG atuando até 2011. Em 2013 voltou aos gramados para defender o São Caetano, mas novamente tendo problemas de relacionamento acabou jogando pouco e em dezembro anunciou sua aposentadoria.

Pela Seleção Brasileira foi campeão do Pré-Olímpico de 2000.

Júlio Sérgio: Chegou ao Santos em 2002 através do técnico Émerson Leão. O arqueiro até então com 22 anos, havia atuado por clubes pequenos do estado de São Paulo. Pelo título de 2002 atuou em 23 dos 25 jogos da primeira fase. Permaneceu no clube até 2004, onde faturou o bicampeonato brasileiro. No entanto, nunca se firmou como titular. Em 2005 jogou no Juventude e no ano seguinte, após uma rápida passagem pelo América/SP se transferiu para a Roma-ITA.Pelo clube italiano, teve como companheiros de posição, os seus compatriotas, Doni e Arthur. Nos Giallorrossi permaneceu até 2013. Nesse período chegou a ser titular durante uma temporada e também atuou por empréstimo no Lecce (2011/12). Em 2014 retornou ao Brasil para defender o Comercial/SP, mas devido a uma lesão pouco jogou. No momento, tenta a carreira de treinador e tem negócios, fora do futebol, em Ribeirão Preto/SP, sua cidade natal.

Rafael: Atuou em 2 jogos do título brasileiro de 2002. Foi o goleiro titular na vitória sobre o Vasco por 2 a 1 e na derrota para o São Caetano por 3 a 2. Em 2005, sem chances na Vila Belmiro, se transferiu para o São Bento, onde ficou duas temporadas. Em 2007, se transferiu para o Verona-ITA e atuou ate 2016. No momento, aos 35 anos, defende pela terceira temporada consecutiva o Cagliari-ITA.

Maurinho: No início da carreira rodou em pequenos clubes do interior de São Paulo, até chegar ao Santos em 2002. Aos 25 anos foi titular do Alvinegro Praiano na conquista do Brasileiro. Em 2003 a convite do técnico Vanderlei Luxemburgo se transferiu para o Cruzeiro. Entrou para a história da Raposa, pois foi titular absoluto na conquista da Tríplice Coroa de 2003 ( Mineiro, Copa do Brasil e Brasileirão). No entanto, uma lesão no joelho direito prejudicou sua boa sequência na carreira. Permaneceu em Belo Horizonte/MG até meados de 2006, onde se transferiu para o São Paulo. No Tricolor, tentou no REFFIS recuperar sua forma física, onde não houve êxito e pouco atuou no título do Brasileiro de 2006. Mauro Sérgio Viriato Mendes ainda passaria por Goiás (2007), retornaria ao Cruzeiro (2008/09) e depois rodaria por clubes pequenos até encerrar a sua carreira em 2012 no Fernandópolis (clube de sua cidade natal e onde iniciou sua trajetória).

André Luis: Revelado no Santos, André Luís é o que chamamos hoje de 'zagueiro-zagueiro'. Aquele atleta sem muita técnica, mas com um porte físico forte, que chegava duro e intimidava os adversários. Foram várias as confusões em campo criadas pelo defensor oriundo de Porto Alegre/RS. Fez sua estreia como profissional em 2000. No ano seguinte, para a disputa do Brasileiro, foi emprestado ao Fluminense. Em 2002 retornou para a Vila Belmiro e foi titular da zaga campeã brasileira. Ao lado de Alex , a dupla ganhou o apelido de 'Torres Gêmeas'. Participou do vice-campeonato de 2003 da Libertadores e do bicampeonato brasileiro em 2004. Em 2005 teve uma rápida passagem pelo Benfica-POR e depois pelo Olympique de Marselha-FRA. Voltou ao Brasil em 2007 para defender o Cruzeiro. Passou ainda por Botafogo/RJ, São Paulo/SP, Fluminense novamente, Portuguesa/SP, Boa Esporte/MG, Brasiliense/DF e Mogi Mirim/SP. Nesta temporada,aos 38 anos, defendeu o Taboão da Serra/SP e o Hercílio Luz/SC.

Alex: Uma das grandes revelações do futebol brasileiro de 2002 foi o zagueiro Alex. Um defensor bom na marcação, no toque de bola e até fazia gols de faltas. Deu a impressão que em pouco tempo seria titular absoluto da Seleção Brasileira. Permaneceu na Vila Belmiro até meados de  2004, onde depois se transferiu para o PSV-HOL.Pelo clube de Eindhoven, o atleta oriundo de Niterói/RJ foi tricampeão holandês e faturou uma Copa da Holanda. Em 2007 se transferiu para o Chelsea, onde fez dupla com o lendário John Terry. Por lá ficou até 2012 e saiu pela falta de espaço no time principal. Se transferiu para o PSG, que era até então o 'novo-rico'da Europa e começava a apostar muito em jogadores brasileiros. Pelo clube francês  foi bicampeão nacional e faturou uma Copa da França. Em 2014 se transferiu para o Milan. O clube italiano já estava em decadência e foi a única equipe em que o brasileiro não ganhou títulos. Por lá ficou até 2016, onde conviveu com várias lesões e após o término do contrato, decidiu se aposentar. Parou aos 34 anos, pois tinha um problema crônico no joelho e que teria que passar por uma cirurgia e ficar por volta de nove meses afastado dos gramados.

Pela Seleção Brasileira integrou o elenco campeão da Copa América de 2007. No entanto, nunca foi titular absoluto e nem disputou uma Copa do Mundo, o que fez com que sua carreira, apesar de vitoriosa, não fosse tão grande como se esperava.

Preto: Iniciou sua carreira profissional em 2000 pelo Santos.Permaneceu até 2004, mas sem muito destaque e nunca se firmando como titular. Desde que deixou o Alvinegro, rodou por clubes pequenos do Brasil. Seu maior destaque foi em 2009 quando foi campeão da Série C com o América/MG. Sua última equipe foi o Bacabal/MA em 2014.

Léo: Deste elenco campeão brasileiro de 2002, Léo é possivelmente o jogador mais identificado e idolatrado pelo Santos. Leonardo Lourenço Bastos iniciou sua carreira no Americano de Campos/RJ (time de sua cidade natal) e onde fez sua estreia como profissional em 1996. No ano seguinte se transferiu para o União São João/SP, que naquele período era uma das principais equipes do interior de São Paulo. No clube de Araras/SP permaneceu até 2000 e depois foi para o Santos/SP. Em sua primeira passagem pela Vila Belmiro faturou 2 Brasileiros e foi vice-campeão da Libertadores de 2003. Em 2005 se transferiu para o Benfica-POR. No clube lisboeta ficou até 2009 e em seguida retornou ao Alvinegro Praiano. Em sua segunda passagem pelo S.F.C, Léo era uma das referências da equipe e foi tricampeão paulista (2010,11 e 12), campeão da Copa do Brasil (2010), Libertadores (2011) e da Recopa Sul-Americana (2012). É o atleta com mais títulos jogando pelo Santos,pós era-Pelé (1974 em diante). Encerrou a carreira em meados de 2014, por conta de várias lesões que teve nas últimas temporadas .

Pela Seleção Brasileira integrou o elenco campeão da Copa das Federações de 2005.

Paulo Almeida: Mais um jogador revelado nas categorias de base que foi titular e encantou o Brasil em 2002.Era um meio-campista discreto e que apenas cumpria sua função como primeiro volante. Permaneceu na Vila Belmiro até meados de 2004, quando foi negociado com o Benfica-POR. Sem muita chance nas Águias, o atleta natural de Itarantim/BA veio para o Corinthians em 2006. Também ficou abaixo do que se esperava e deixou o Timão em 2007. Seu destino seguinte foi  o Náutico e a partir daí atuou em clubes pequenos do Brasil e inexpressivos do exterior, até cair no esquecimento. Sua última equipe foi o Vitória da Conquista/BA em 2015.

Integrou a Seleção Brasileira que foi vice-campeão da Copa Ouro (Concacaf) de 2003.

Elano: Um ótimo coadjuvante. Era assim que Elano era visto. Um meio-campista que não era o dono do time, mas sempre ajudava com passes e gols. Sua trajetória foi iniciada no Guarani, mas foi no Santos que se tornou profissional em 2001 e a carreira deslanchou após a conquista do Brasileiro de 2002. Pela Vila Belmiro ficou até o final de 2004, se sagrando bicampeão nacional. Em 2005 começou a sua trajetória na Europa. Seu primeiro destino foi o Shaktar Donetsk. Por lá foi bicampeão ucraniano e em 2007 se transferiu para o Manchester City. Pelo clube inglês esteve presente em duas temporadas, sendo titular, mas sem levantar taças. Em 2009 foi para o Galatasary, onde permaneceu até 2010. No ano seguinte retornou ao Santos e foi titular na campanha do tricampeonato da Libertadores. Ainda se sagraria bicampeão paulista (2011 e 12). Em 2012 e 13 atuou pelo Grêmio e em 2014 foi para o Flamengo e se sagrou campeão carioca. Em 2015, voltou ao Santos  e foi novamente bicampeão estadual (15 e 16). Em 2017, com a carreira encerrada, é auxiliar-técnico do próprio Santos. Vale ressaltar que teve uma rápida passagem pela Índia em  e faturou a Supercopa Indiana pelo Chennaiyin.

Pela Seleção Brasileira era tido por Dunga como o jogador de confiança e titular absoluto. Foi campeão da Copa América de 2007 e da Copa das Confederações de 2009. Na Copa do Mundo de 2010 era titular absoluto, anotando um dos gols no triunfo da estreia sobre a Coreia do Norte e outro na vitória sobre a Costa do Marfim por 3 a 1. No entanto, no duelo contra os africanos, pela segunda jornada, o atleta sofreu uma lesão grave na perna esquerda e não pode mais atuar naquele Mundial.

Renato: Revelado no Guarani, Renato é um dos grandes volantes que atuaram no futebol brasileiro na última década. Chegou ao Santos em 2000, mas foi no título de 2002 que ganhou projeção nacional. Permaneceu na Vila Belmiro até meados de 2004, se transferindo para o Sevilla-ESP. No clube espanhol, foi bicampeão da Liga Europa (2005/06, 2006/07), da Copa do Rei (2006/07 e 2009/10), uma Supercopa da Europa (2006) e uma Supercopa da Espanha (2007). Voltou ao Brasil em 2011 para defender o Botafogo. Pelo clube carioca era titular absoluto do meio-campo e faturou o estadual de 2013. Desde 2014 defende o Santos e ganhou dois Paulistas (2015 e 16).

Pela Seleção Brasileira foi campeão da Copa América (2004) e da Copa das Confederações (2005).

Diego: Quando iniciou a temporada 2002 no time principal o que chamava a atenção, não era só a qualidade técnica e sim a maturidade. Atuava e decidia jogos como se fosse um jogador experiente. Não demorou para pegar um lugar no time titular e para muitos seria um camisa 10 inquestionável da Seleção Brasileira.

Pelo Alvinegro Praiano foi decisivo no mata-mata que garantiu o Brasileiro de 2002 e ao lado de Robinho formaram a dupla que era uma celebridade no Brasil.

Permaneceu na Vila Belmiro até meados de 2004, quando se transferiu para o Porto-POR. Pelos Dragões,apesar de ser titular, alternou entre bons e maus momentos, faturando 1 Campeonato Português, 1 Mundial de Clubes e 1 Supercopa de Portugal. Em 2006 se transferiu para o Werder Bremen e foi onde viveu de fato seu primeiro grande momento na Europa. Em sua primeira temporada faturou a Copa da Liga Alemã  e eleito o melhor jogador da Bundesliga 2006/07.Posteriormente, foi vice-campeão alemão e ganhou uma Copa da Alemanha 2008/09. Com o bom destaque pelo Alviverde, o brasileiro foi parar na Juventus-ITA. Ficou uma temporada na Itália, onde os Bianconeri não tiveram um bom desempenho e com o brasileiro não foi diferente. Em 2010 retornou à Alemanha para defender o Wolfsburg. Depois atuou no Atlético de Madrid, onde faturou a Liga Europa 2011/12 e o Campeonato Espanhol 2013/14. Posteriormente atuou duas temporadas no Galatasaray da Turquia e em 2016 retornou ao Brasil para defender o Flamengo. Pelo Rubro-Negro venceu o Campeonato Carioca de 2017 e é titular da equipe.

No entanto, pela Seleção Brasileira nunca foi o titular absoluto que se esperava e nunca participou de Copa do Mundo. Foi bicampeão da Copa América (2004 e 07) e foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.

Robert: Sabe aquele jogador que atuou por vários times, mas ficou marcado por um só? É o caso de Robert Almeida da Silva. O meia que iniciou a carreira no Olaria/RJ é lembrado até hoje como o Robert que jogou no Santos/SP. Antes de chegar na Vila Belmiro em 1995, o meio-campista passou pelo Guarani/SP. Pelo Alvinegro Praiano foi titular do time vice-campeão brasileiro de 1995. Após dois anos no litoral paulista, atuou por Grêmio e Atlético/MG e em 2000 voltou para o Santos. Nesse período atuou por empréstimo no São Caetano em 2002, sendo vice-campeão da Libertadores. Após o título brasileiro de 2002, Robert se transferiu para o Japão (Consadole Sapporo) permanecendo meia temporada. Em 2003 volta ao Brasil para atuar pelo Corinthians e no ano seguinte se transferiu para o Bahia (time de sua cidade natal), onde ficou até 2005. Em 2006 voltou ao Rio de Janeiro/RJ (onde passou parte da infância e adolescência) para defender o América/RJ, sendo vice-campeão da do segundo turno e terceiro colocado na classificação geral do Carioca. Após o estadual, encerrou a carreira aos 35 anos. Pela Seleção Brasileira atuou em 5 jogos. No momento, é técnico do União ABC/MS.

Robinho: Jovem franzino e extremamente habilidoso chamou a atenção, principalmente na final do Brasileiro de 2002, ao dar 8 pedaladas na frente de Rogério do Corinthians. O lance percorreu o mundo e até hoje é tido como um 'cartão de visita'de Robinho e uma boa propaganda do que ocorre nos gramados do nosso País. Todos davam como certo que o atleta até então com 18 anos seria um novo craque do futebol brasileiro e um dos principais do mundo. Sem dúvida alguma, Robson de Souza vingou como um grande atacante de sua geração, mas passa longe de ter sido um dos melhores do mundo e um 'imortal'do futebol brasileiro. Após o bicampeonato brasileiro pelo Santos, foi vendido ao Real Madrid em 2005 e chegou com pompa de craque. Foi bicampeão espanhol e decisivo em vários jogos. Mas nunca foi 'O Cara'dos Merengues como se esperava. Em 2008 foi para o Manchester City. No clube inglês, teve um bom início, mas caiu muito de rendimento e em 2010, sem espaço, acabou retornando, por empréstimo ao Santos. Era a chance de se reconciliar com o clube que o revelou e saiu brigado em 2005 ( forçando a sua saída para a Espanha). Pelo Santos, fez parte do time campeão paulista e da Copa do Brasil e que encantou o Brasil com um futebol ofensivo e bonito de se ver. Foi um bom coadjuvante de uma equipe comandada pelos jovens Neymar e Paulo Henrique Ganso. Na sequência, foi emprestado ao Milan e foi campeão italiano da temporada 2010/11, tendo um bom desempenho. Após quatro temporadas, retornou novamente ao Santos, por empréstimo e faturou novamente o Campeonato Paulista (2015). Em seguida, foi vendido ao Guangzhou Evergrande e foi campeão chinês. Após seis meses retorna ao Brasil para defender o Atlético/MG, deixando a torcida santista brava novamente, por não ter voltado ao clube que o revelou. No Galo, faturou o Campeonato Mineiro de 2017. Aos 32 anos, está longe de ser o jogador diferenciado que foi no início de sua carreira.

Pela Seleção Brasileira venceu duas vezes a Copa das Confederações (2005 e 09) e a Copa América (2007). Disputou as Copas do Mundo em 2006 e 10.

Alberto: Chegou ao Santos para o Brasileiro de 2002 e já tinha 27 anos. Antes, havia atuado profissionalmente por Ituano/SP, Paulista/SP, Rio Branco/SP, Internacional/RS, futebol mexicano, Palmeiras/SP e Náutico/PE. Sua primeira boa aparição foi pela equipe de Americana/SP no Paulista de 2000 em uma vitória por 5 a 2 sobre o Palmeiras. O técnico do Verdão, Luis Felipe Scolari, pediu a contratação de Alberto e disse que o conhecia desde a sua passagem pelo Inter em 1997, onde integrou o elenco campeão gaúcho. No Palestra Itália fez o gol do título da Copa dos Campeões de 2000. Em 2001 atuou no Náutico e em 2002 retornou ao Rio Branco/SP para depois chegar a Vila Belmiro e ser decisivo na conquista do Brasileiro.

Em 2003 se transferiu para o Dinamo Moscou-RUS, mas no início de sua estadia na Rússia pegou uma pneumonia bacteriana e ficou três meses afastado. Ao retornar, pouco atuou e em 2004 foi emprestado ao Corinthians, onde também não teve grande destaque. Em 2005 foi emprestado ao Rostov da Rússia e no início de sua estadia acabou se lesionando e pouco jogou.

Em 2006 voltou ao Brasil e defendeu o Atlético/MG e o Coritiba. Em 2007, jogou no Kofu do Japão. Após um ano voltou ao Brasil e jogou pelo Grêmio Barueri  sendo campeão paulista do Interior e depois jogou o Brasileiro da Série B.Passou ainda por Ceará, Comercial/SP e Grêmio Catanduvense/SP e encerrou a carreira em 2010.

No momento, vive em Jundiaí/SP e tem duas escolas de futebol franqueadas com o Santos/SP. É dono da empresa Alberto Sport Clube, que cuida de jovens atletas e os leva para fazer testes em times de futebol.

William: Foi mais um atleta revelado nas categorias de base do Santos que foi campeão brasileiro de 2002. Permaneceu na Vila Belmiro até 2005 (fez parte do elenco bicampeão de 2004), mas nunca se firmou como titular. Ao sair do litoral paulista, iniciou suas 'andanças' por clubes do Brasil e do mundo. Defendeu Boavista/POR, Coritiba, Fortaleza, Guingamp-FRA e em 2008 assinou com o Avaí, onde seria campeão catarinense no ano seguinte. Em 2010 se sagrou campeão gaúcho pelo Grêmio. Na sequência, atuou por Ponte Preta, Atlético/GO, Vitória, novamente Ponte Preta (onde se sagraria campeão paulista do interior de 2013), Ceará, Avaí (foi vice-campeão brasileiro de 2016), Água Santa/SP e no momento, aos 34 anos, atua no Náutico.

Douglas: Outro jogador revelado pelo Santos e que foi campeão brasileiro de 2002. Permaneceu no Alvinegro Praiano até 2005 (com uma rápida passagem pelo Goiás em 2004) e depois se transferiu para o Chiasso da Suíça. Na sequência atuou por times pequenos da Itália, França,Espanha e em 2010 foi para a Tailância onde até 2015 jogou por cinco equipes diferentes.

Michel: Michel Reis Santana iniciou a carreira no Santos, onde atuou entre 1995/2002. Foi o lateral-direito reserva na conquista do Brasileiro.  Em 2003 começou sua peregrinação por clubes brasileiros. Destaque para o São Paulo em 2005, onde integrou o elenco campeão da Libertadores. Sua última equipe foi o Serrano/BA em 2012.