terça-feira, 7 de março de 2017

Exclusivo! Técnico Gilson Granzotto fala sobre o projeto dos Las Vegas United

Brasileiro investir em clube fora do nosso país não é novidade. Por um tempo, o Estoril de Portugal foi comandado por brasileiros.

Nos Estados Unidos, o Orlando City é dirigido majoritariamente pelo carioca Flávio Augusto Silva.Dentro de campo, Kaká é o porta-voz da equipe.

Ainda na América do Norte, o Las Vegas United F.C. foi fundado em 2016 por Márcio Granada,oriundo da nação pentacampeã do Mundo.

A equipe estadunidense tem como meta disputar em 2018 a Major League Soccer.

Recentemente o ex-zagueiro Edmílson, campeão do mundo com a Seleção em 2002 foi anunciado como responsável para dirigir as categorias de base da equipe. Há uma negociação avançada com o meia Kléberson para atuar nesta temporada.



Para falar sobre as ambições do clube, o Arquivos e Histórias F.C. conversou com o técnico Gilson Granzotto.

O limeirense de 52 anos está tendo como treinador a sua primeira experiência no exterior. No Brasil, seu grande destaque foi comandando o Gama sagrando-se campeão Candango de 2015. O Alviverde estava há doze anos sem conquistar o torneio distrital.

Em pré-temporada, Granzotto já faturou o West Side Cup, torneio disputado em Los Angeles.
Na decisão, o Las Vegas United F.C. bateu o L.A.Wolves por 2 a 1. 

Edmílson acabou sendo o homenageado pela conquista da West Side Cup


Este ano, o time de Nevada irá disputar a UPSL (United Premier League Soccer). Uma liga profissional e abaixo da MLS.

A competição inicia no dia 11 de março. Os comandados de Granzotto estreiam, em casa, diante do MF10.

Confira:
1)Como surgiu a oportunidade de trabalhar no Las Vegas United e o que te convenceu a firmar um contrato?
A oportunidade surgiu pelo conhecimento que tenho do presidente. Quando era treinador do Gama, o Márcio Granada já acompanhava o meu trabalho. Não pensei duas vezes em aceitar o convite

O que me convenceu a vir foi que aqui está entre os dois países do mundo que mais investem no futebol.Venho também para conhecer novas formas táticas e novas maneiras de trabalhar.Aqui tudo é organizado e bem feito.

Temos como metas também trazer o futebol brasileiro para cá. O improviso, o drible, o futebol de rua. Mostrar um pouco do que temos de melhor no futebol brasileiro. 

2)Como tem sido a adaptação na cidade? A população já dá apoio ao clube?
Las Vegas é conhecida no mundo inteiro e o Márcio Granada viu que era uma boa oportunidade de montar um time de futebol profissional. Aqui se joga muito futebol. Nas escolas e universidades sempre tem torneios. 

A adaptação está sendo muito boa.No início foi difícil por causa do fuso horário (inicialmente 6 horas de diferença para o Brasil. Com o término do horário de verão caiu para 5).Tudo que é novo demora um pouco.Aqui  há pessoas que já acompanham nosso treinos. Em restaurantes, postos de combustíveis já nos perguntam sobre o time. Querem saber detalhes.


3)Qual o planejamento dos Las Vegas a médio e longo prazo?
Vamos disputar a UPSL. Uma liga que já tem em cinco estados. Vamos disputar com equipes de Nevada

Aqui nos Estados Unidos é tudo a longo prazo.Um planejamento extenso. 

O nosso objetivo é fazer um profissional forte e ser campeão da UPSL. O primeiro passe é esse.

O Edmílson veio para cá para montar escolinhas e categorias de base (sub-20). Para tudo isso acontecer, o profissional tem estar forte e ganhar títulos para dar exemplo as categorias de base.

4)O que tem achado de viver e trabalhar nos EUA? Mesmo estando em uma equipe com muitos brasileiros, há diferença no dia-a-dia?
A única diferença de trabalhar aqui é que as leis são cumpridas e tudo funciona. Já no dia-a-dia do futebol tem muita coisa diferente, muita coisa para ser mudado. O que vejo de diferença é que eles cumprem o que é determinado e não tem o `jeitinho`.

5)O clube tem feito parcerias com atletas renomados como Edmílson e Kléberson. O que tem achado dessa aproximação?
Ótima! Tive a oportunidade de falar com o Kléberson no telefone. O Edmílson já esteve aqui. São dois campeões do mundo e com eles no time a nossa credibilidade só irá aumentar.

6)Falando um pouco sobre sua carreira, que estilo de jogo prefere para a sua equipe?
Eu gosto de jogar no 4-3-3. Ofensivo. Mas um time que sem a bola sabe se defender. Acho que a ofensividade, a criatividade e aquilo que leva ao gol temos sempre que procurar incentivar o atleta a fazer. Deixo que com a bola nos pés eles sejam criativos, mas claro dentro do nosso padrão de jogo.

Vou com esse pensamento até o dia que eu acho que terei que mudar. Vou com as minhas ideias e a do meu auxiliar (Cláudio Pinto).

7)Por fim, a vida de treinador no Brasil é muito inconstante. Qualquer má fase de uma equipe, o técnico é sempre demitido.Como analisa essa cultura de demissão de técnicos e acha que nos Estados Unidos terá uma segurança maior no cargo?
Sobre técnico no Brasil, desde quando eu jogava tinha esse problema. Parei de atuar e segue com isso. Não acho que vai mudar. Isso já virou rotina no futebol brasileiro. Não vejo como mudar.

Aqui não sei como funciona, mas não venho pensando nisso, vim para cá para ser campeão, aprender e deixar que Deus encaminhe tudo.

Bônus:
Um resumo, pelo próprio Granzotto, sobre sua carreira :
"Parei de jogar em 2000 e em seguida virei auxiliar-técnico. Nessa função trabalhei com Luis Carlos Ferreira, Edson Vieira e Moisés Egert. Como o mundo da bola diz o auxiliar trabalha muito mais que o treinador. O auxiliar sempre é mais próximo dos jogadores e observa os trabalhos do comandante no dia a dia. Tem que captar toda a metodologia do treinador para na hora do jogo ajudá-lo quando necessário.Passei pelas categorias de base do Rio Branco/SP (2009), onde montei um time que disputou a Taca São Paulo de Juniores.

Em 2011 trabalhei como técnico em um projeto do Zico (algumas vezes levava também o nome do Cafu) e excursionamos por vários países na Europa (Alemanha, Espanha, Bélgica e Holanda) e para Dubai. Foi muito bom ter esse intercâmbio futebolístico. Poder ver situações de jogo que fazem na Europa e no Brasil não. Conhecer esquemas táticos, ver o comportamento dos jogadores em campo. Foi bom para crescer como treinador.Sobre ser campeão candango com o Gama em 2015, título é sempre bom. Na preparação fizemos uma excursão ao México e isso nos fortaleceu para a temporada. O Gama não era campeão candango há 12 anos e esse título deu a possibilidade da equipe disputar a Série D do Brasileiro e a Copa do Brasil e Copa Verde de 2016. Agora estou aqui nos Estados Unidos. Em dois meses de trabalho já consegui um troféu que é fruto do nosso trabalho e naquilo que acreditamos." 


Crédito das fotos: divulgação 

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