Bastidores: A minha primeira entrevista explorando atletas que atuam no exterior foi em 2012 com o lateral-esquerdo Wallace Pereira. Na ocasião, o atleta natural de Cerquilho/SP atuava no Genk-BEL e falou sobre suas passagens pelo São Carlos/SP, futebol da Moldávia e também da Noruega.
Atualmente, o brasileiro de 29 anos defende o Skoda Shanti, da Grécia. Wallace Fernando Pereira ainda defendeu em 2014 o Hoverla, da Ucrânia, país de origem de sua esposa.
Confira a entrevista publicada no portal São Carlos Agora:
1)Fale como chegou no São Carlos/SP e como foi o período na Águia?
Sou natural de Cerquilho/SP e cheguei ao São Carlos em 2005 através do meu tio Jorge Pereira que era supervisor do clube.
Atuei em uma Copa São Paulo de Juniores onde enfrentamos o Corinthians na fase de grupos e o Paulista de Juniores. Quando iria subir para o profissional acabei vendido para o Sheriff da Moldávia.
Sou muito grato São Carlos/SP e ao Julinho Bianchim (antigo presidente do clube) por terem dado a oportunidade de iniciar a minha carreira.
2)Como surgiu a oportunidade de jogar no Sheriff?
Em 2005 eu tive propostas e sondagens de vários clubes, tanto dentro como fora do Brasil. Uma dessas foi do Sheriff. No início acharam uma loucura ir para a Moldávia, mas sabia que teria chances de jogar uma Liga Europa ou Champions League e aparecer no futebol europeu.
3)Como foi sua adaptação na Moldávia? A população de lá gosta de futebol? E como foi atuar no Sheriff?
Fui para o Sheriff o melhor time do país, o mais rico e que mais contrata jogadores de várias nacionalidades. No começo foi muito difícil principalmente pela língua, cultura e o frio. Mas aos poucos fui me adaptando. Na minha passagem por lá, bi campeão nacional ,uma Copa da Moldávia, uma Supercopa e também joguei duas eliminatórias da Champions League.
O futebol, pelo que fiquei sabendo, está melhorando mas ainda tem muito o que mudar. A população gosta sim de futebol. Penso que este esporte seja o número 1 de lá. Na cidade onde morei (Tiraspol), todos torciam e apoiavam o Sheriff. Não era uma torcida apaixonante como em outros lugares, mas gostavam da nossa equipe.
4)Após dois anos, se transferiu para a Noruega. Onde atuou e o que achou de viver no país nórdico?
Atuei no Fredrikstad e a minha adaptação foi mais tranquila. Após passar pela Moldávia e aprender russo, na Noruega foi mais fácil. O ambiente no elenco era muito bom e isso contribuiu para a adaptação.Havia muitos brasileiros por lá. Atuei em uma liga mais forte e na primeira temporada fomos vice-campeões nacionais.
5)A Noruega assim como os países da Escandiávia revelam bons jogadores e montam boas seleções. No entanto, as equipes seguem sendo fracas e não tem destaque nos campeonatos europeus. Por quê acha que isso acontece?
É uma coisa difícil de explicar. Eu percebia que os clubes davam muito mais importância aos campeonatos nacionais do que as ligas europeias. Esse pensamento precisa mudar.
6)Quanto tempo ficou no Fredrikstad?Atuou em ligas europeias?
Fiquei dois anos e meio e atuei uma vez na eliminatória para a fase de grupos da Liga Europa, mas não entramos. Gostei de atuar lá, onde a cidade é apaixonada pelo clube (ambos com o mesmo nome) e sempre lotava o estádio.
7)Após atuar na Noruega, se transferiu para o Gent, da Bélgica.A cidade de Gent fica em Flanders ou Valônia? A população apoia o time?
Gent é uma cidade muito bonita e boa de se viver. Fica em Flanders. Aqui todos apoiam sempre o time e vão ao estádio.
8)Na Bélgica há uma rivalidade forte entre os Valônios e os Flanders. Percebe isso no dia-a-dia?
Eu acho que tem sim.Até os próprios jogadores tem isso entre eles mesmo.Os valônios ficam em um grupo e os flanders em outro.
Obs:A Bélgica é dividida em dois povos. Os valônios que falam francês e os Flanders que falam holandês. Há rivalidade entre os dois povos e até pedido de independência.
9)Sente esse clima de rivalidade na torcida e nos jogos?
Eu acho que sim. Mas o que mais tem é rivalidade entre os clubes. O nosso grande rival é o Club Brugge, que é de Flanders e é um clássico que ninguém quer perder.
10)No momento, o Campeonato Belga está no hexagonal final. Qual o objetivo do Gent?
Nosso principal objetivo é conseguir uma vaga em competições europeias. Até o momento já foram dois jogos, onde vencemos um e perdemos outro.As duas próximas rodadas serão decisivas para as nossas pretensões no campeonato.
Obs: Estão disputando o Hexagonal Final, Gent, Genk, Anderlecht, Club Brugge, Standard Liege e Kortrik. O primeiro colocado vai para a fase de grupos da Champions League. O segundo joga uma repescagem para a fase de grupos da Champions. O terceiro colocado vai para a Liga Europa e o quarto posicionado joga uma repescagem para a Liga Europa.
11)Dos três países que atuou qual mais gostou?
Todos foram bons lugares de se viver. Mas a Bélgica será especial pois a minha filha nasceu aqui.
Obs: a esposa de Wallace é da Ucrânia e eles se conheceram na Moldávia.
12)Por fim, ainda tem vontade de jogar em um clube brasileiro? Sonha com Seleção Brasileira?
Por ter saído novo do Brasil, penso em um dia atuar por uma grande equipe brasileira. Seleção sei que é muito difícil, mas não impossível. A concorrência é muito grande, pois os melhores atletas são brasileiros.
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