sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Arquivo! Atacante Alberto fala sobre sua carreira e título brasileiro pelo Santos

Bastidores: Jornalismo é uma profissão dura, mas que tem seus privilégios. Como por exemplo, ficar próximo de uma pessoa famosa, mesmo de um nicho restrito. É muito legal quando aquele jogador que víamos apenas atuar de repente esta próximo de ti e relembrando sua carreira.

Agendei a conversa, por Skype, com o ex-atacante Alberto em uma terça-feira a noite. 

Trabalhei de dia e a noite o esperaria. Foram em torno de 4 horas de conversa. Alberto passou a impressão de uma pessoa boa e tinha como característica ser 'engraçado involuntariamente'. Aquela pessoa que conta algo cômico, você ri e ela fica séria. Dá a impressão que apesar de ser engraçado, ele não quis fazer uma piada com o fato relatado.


Durante a conversa eu ainda percebi uma grande gafe que cometi. Como de costume a noite em casa sempre fico de pijama. E não é que no meio da entrevista, com a câmera ligada eu percebi que estava de pijama?  Não sabia se seguia assim mesmo ou dava o famoso 'migué' e me trocava. Mas já havia passado algumas boas horas e não aconteceu nada e segui... 

Eis que na hora que me despedi e agradeci pela atenção....Alberto se despediu e brincou comigo: ' Boa noite e imagino que queria dormir..afinal está de pijama ( e sorriu)'. Eu não soube aonde enfiar a cara...rsss...mas vida que seguiu.

Por fim, Alberto tem escolas de futebol para garotos, sendo duas franqueadas pelo Santos Futebol Clube.


Confira:

Nesta sexta-feira, o FutNet segue seu especial com ex-atletas que fizeram histórias no futebol.


O 'bola da vez' é o ex-atacante Alberto, que atuou em vários clubes, mas sua passagem memorável foi pelo Santos, onde foi campeão brasileiro de 2002 e fez o gol mais bonito daquele torneio, em um duelo diante do Corinthians, na primeira fase.

Ele ainda contou as dificuldades que passou durante a carreira, falou sobre os times do Santos de 2002 e o de 2010.No momento, ele tem uma escolinha de futebol chamada Meninos da Vila, que é franqueada com o Alvinegro Praiano e fica em São José do Rio Preto. O ex-atleta ainda faz curso para ser técnico de futebol e se mostra preocupado com as categorias de base no Brasil.

1)Comece falando um pouco sobre sua vida e como iniciou a carreira no futebol
Sou natural de Campo Grande/MS e te diria que comecei a carreira por acaso. Jogava bola na escola e no meu bairro. Um dia, quando tinha em torno de 10 anos, uns amigos me avisaram de um teste que ia ter em um clube da minha cidade. Me recordo que fui de bicicleta até o local. Não sabia nem que posição iria jogar. Depois acabei me destacando na ponta-esquerda e de todos os meus amigos, fui o único que passei! Nos campeonatos eu me destacava e quando tinha de 11 para 12 anos eu fui para o Comercial/MS. O nosso time era forte. Lembro de ter disputado uma Copa Rio e na nossa chave tinha o Grêmio, Vasco e o Rio Bonito/RJ. Perdemos todos os jogos de 1 a 0. Ali valeu a experiência por disputar um torneio fora do estado. Mas creio que minha carreira deslanchou mesmo quando eu fui convidado pelo clube dos oficiais da PM da minha cidade a jogar um Campeonato Brasileiro de base em São Carlos/SP. Ali me destaquei e fui convidado a treinar um período na Seleção Brasileira de base, em São Carlos, mesmo. Eu me recordo que aquela convocação foi tão festejada que até meu pai, que sempre foi muito sério, sorriu. Até então não me recordava do meu pai feliz daquele jeito. Depois dos treinamentos, não tive dinheiro para voltar para casa e fiquei um tempo em São Carlos/SP (onde houve as atividades) na casa de um amigo meu. Após a convocação me dediquei bastante e fui para um clube em Penápolis que jogava a Série B-2 do Paulista, depois passei por Ituano, voltei para Penápolis, ai com 16 anos fiquei um período treinando no Olympique de Nymes-FRA . Depois de um ano retornei para Penápolis e fui novamente ao Ituano. Lá, aos 18 anos, eu tive minha primeira chance na equipe profissional.

2)Recorda do seu primeiro gol como profissional?
Foi pelo Ituano, logo no meu primeiro ano, em uma partida contra o Corinthians. Lembro que no final do jogo eu ganhei um motorádio por ter sido o destaque do duelo. No entanto, perdemos de virada aquela partida. Me recordo de uma falta na entrada da grande área onde o Marcelinho Carioca cobrou e o Maisena fez uma grande defesa. O juiz mandou voltar, sei lá por qual motivo e o Marcelinho cobrou novamente e fez o tento da vitória. Falta dali para o Marcelinho era como pênalti!

3)Depois do Ituano foi jogar aonde?
Acabou o Campeonato Paulista, meu empresário levou eu e o zagueiro Batata (com passagem pelo Corinthians) para um período de testes no Monterrey, no México, mas fomos parar no La Piedad, onde íamos ganhar cinco mil dólares. O contrato era de um ano, mas ficamos quatro meses sem receber e voltamos para o Brasil. Consegui uma oportunidade novamente no Ituano, onde jogamos a Série C do Brasileiro, mas fomos desclassificados logo no início. Na sequência desci para a base do Ituano, onde disputamos a A2 dos Juniores e fomos campeões! Foi o primeiro título da base conseguido pelo Ituano!

Em 1996 fui para o Paulista de Jundiaí e lá joguei a Taça São Paulo de Juniores onde chegamos até a semifinal, perdendo para o Cruzeiro. O Paulista naquela época era muito forte, mais que o Ituano, . Logo em seguida me transferi para o Internacional/RS, onde fiquei um ano e meio e fui campeão gaúcho. Estava no elenco principal e participei de alguns jogos. Acabou meu contrato lá e não quiseram renovar. Lá chegaram a me atrasar salário também. 

Com isso voltei para o México.

4)Como foi sua segunda passagem pelo país norte-americano?
Lá eu atuei no Atlante durante uma temporada. Naquela época, um irmão meu (4 anos mais velho que Alberto) era zagueiro do Necaxa. Lembro de um jogo que eu o enfrentei e ao término do primeiro tempo o treinador lhe tirou de campo, dizendo que ele estava 'aliviando' para mim.

Depois de uma temporada, fiquei sem contrato e consegui uma vaga no Necaxa B, por causa do meu irmão. Joguei a Segunda Divisão e fui o artilheiro do time. Mas a equipe não fez uma boa campanha. Depois voltei ao Brasil. Fui para Porto Alegre tentar receber o que o Inter me devia, mas acabamos só fazendo um acordo. Depois retornei a Campo Grande/MS, onde fiquei 4 meses desempregado, até que me apareceu uma oportunidade no Paulista de Jundiaí, que na época era o Etti.

5)Lembro dessa época do Etti, onde era forte e busca um espaço no futebol paulista...
Sim, era forte, pagava em dia, cumpria com os compromissos e naquela ocasião, em 1999, o time fez uma boa temporada. No começo tive um pouco de azar, é verdade. Lembro que sai do Mato Grosso do Sul de carro até Jundiaí e quando cheguei na concentração do Etti, não conhecia o pessoal e fiquei com medo que roubassem as minhas coisas. Então deixei tudo no meu carro. No dia seguinte roubaram meu carro com tudo dentro! Inclusive coisas do México, que tinha lá! Naquela hora pensei: que fase a minha!

Depois me concentrei nos treinamentos. Na época, o Etti estava na Série A-2 do Paulista e eu ganhei espaço no time em um jogo contra o Grêmio Sãocarlense, onde saímos perdendo de 2 a 0 e eu entrei no segundo tempo e fiz três dos quatro gols da nossa virada! Naquele time jogava o Neto, hoje comentarista de futebol. Tenho até hoje um recorte de jornal de nós dois abraçados comemorando um dos gols. Quase subimos para a divisão de elite, fomos eliminados pelo forte time do São Caetano, que depois foi base que encantou o Brasil nos anos 2000.

No segundo semestre, muitos jogadores saíram e disputamos com um elenco mais jovem a Copa Paulista, onde fomos campeões e eu artilheiro do time! Acabou o ano e fiquei sem emprego novamente.

6) Pelo que conta, isso foi um problema na sua vida, o fato de não renovarem contratos.Por quê?
Não sei te responder, só sei que passei várias vezes por isso. No início de 2000 tinha uns amigos que estavam treinando no Rio Branco/SP e fui visita-los. Lá o técnico Edu Marangon me chamou para fazer parte do plantel e eu aceitei. 

Fiz um bom estadual e teve um duelo contra o Palmeiras que vencemos por 5 a 2, onde me destaquei, inclusive dando caneta no Argel. O Felipão disse que me conhecia dos tempos de Internacional, quando ele treinava o Grêmio. Meses depois eu estava no Palmeiras. Fui apresentado junto com o meia Lopes (que depois passou por Flamengo, Fluminense, Santos e futebol japonês). No entanto, era época do bom e barato no Verdão, que sem patrocínio, perdeu muitos jogadores. Fomos com um elenco desconhecido jogar a Copa dos Campeões (extinto torneio que ocorreu entre 2000/02 que reunia os campeões estaduais e regionais e o campeão se classificava para a Libertadores) e ganhamos. Vencemos o Sport na final e eu fiz o gol do título, de perna direita, sendo que sou canhoto. Na sequência, o Felipão foi para o Cruzeiro e o Murtosa dirigiu o time nos cinco primeiros jogos na Copa João Havelange e saiu. Veio o Marco Aurélio e ele me encostou no elenco.

Depois fui emprestado para o Náutico e em 2001 participamos da reestruturação do clube e fomos campeões pernambucanos, quebrando a hegemonia do Sport, que vinha de cinco campeonatos pernambucanos consecutivos. Lá só o Timbu é hexacampeão e impedimos o hexa deles. Foi bem legal! No início o treinador era o Julio Espinosa e depois veio o Muricy Ramalho. Muricy é um treinador que eu gostei muito de trabalhar!

7)O que veio depois do Náutico?
Fiquei sem clube novamente e me aliei com uns empresários picaretas, que disseram que iam me levar para a Itália e nada. Naquela época eu ainda não era conhecido, não tinha feito meu 'pé de meia' e precisava sempre me agarrar a uma oportunidade de trabalho. Para a minha sorte me ligaram do Botafogo/SP para disputar o Brasileirão. O clube recém havia sido vice-campeão paulista. No entanto, muitos jogadores foram negociados, houve troca na presidência, atraso de salários e nada deu certo. Acabamos rebaixados para a Série B.

Em 2002 fui para o Rio Branco. No início relutei, mas me disseram o seguinte: dê um passo atrás para poder dar dois para frente. Ai eu aceitei. Disse para a diretoria que tinha que fazer uma cirurgia de miopia e mesmo assim eles deixaram eu assinar contrato. Fui a Campo Grande/MS fazer a cirurgia, depois recebi apoio do clube, me recuperei bem e fiz um bom Paulista. Me apareceu uma proposta da Coreia do Sul, mas vi que era furada e não aceitei. Quando estava negociando com o Guarani, chegou uma oferta do Santos e me mandei.

8)Como foi o início no Santos? E a preparação para o Brasileirão?
O início foi bem difícil. Cheguei lá me deixaram em um hotel três estrelas, quando na verdade os jogadores ficam em um de cinco. Achei estranho e quando fui ver ia receber um salário inferior do que tinha no Rio Branco! Pedi um apartamento para morar e não me deram. Tive que alugar um. Estávamos sem treinador e eu vi pela televisão que tinham contratado o Émerson Leão. Eu nunca havia trabalhado com ele e nem o conhecia. Logo nos primeiros treinos, por conta de excesso de jogos no Paulista e pouco tempo de descanso, senti a coxa e fiquei no departamento médico do Santos. Ali começou a pressão sobre a minha pessoa. Pois eu era um desconhecido que estava lesionado. No 10º dia o Leão foi até o DM e me questionou: Como está a recuperação? O que vamos fazer com você? E eu disse que no dia seguinte estaria apto a treinar. Foi o que ocorreu.

O Santos estava em crise e enxugando uma folha salarial que era em torno de R$ 4 milhões. Havia dispensado atletas renomados como Rincón, Narciso e estava apostando nas categorias de base. Diego era o mais conhecido até então . Era a estrela e com passagens na Seleção Brasileira de base. Robinho era habilidoso, magrelo e tinha fama de pipocar para zagueiro. No gol Júlio Sérgio ia ser o titular, pois Fábio Costa estava lesionado. Lembro do André Luis, zagueiro, que era perseguido pela torcida e tinha que andar com seguranças na rua. 
Os dirigentes do clube falaram que a meta era apenas escapar do rebaixamento. Na nossa preparação fizemos um amistoso contra o Corinthians e surpreendentemente vencemos por 3 a 1 , com Vampeta irritado dando tapas no Robinho. Depois fomos ao EUA onde enfrentamos o Glasgow Rangers, que tinha sido campeão escocês e apesar de apanhar muito em campo vencemos por 1 a 0. Aquilo foi muito positivo para nós.

No Brasileirão , mesmo não fazendo uma campanha regular, 'enchíamos os olhos de quem nos assistia'. Aos poucos foi surgindo o apelido, os Meninos da Vila. Na última rodada, enfrentamos o São Caetano. Eu por estar mal, fiquei no banco de reservas e o Douglas foi o titular. No entanto, ele estava mal na partida e eu entrei no segundo tempo, dei um passe para o William que sofreu pênalti. Eui fui para a cobrança e fiz o segundo gol do nosso time. Perdemos por 3 a 2 e saímos cabisbaixos. No vestiário nos disseram que o Gama, já rebaixado, havia goleado o Coritiba por 4 a 0 e que estávamos nas quartas de final. 

No mata-mata enfrentamos o líder São Paulo, de Rogério Ceni, Kaká e Luís Fabiano e vencemos os dois jogos. Depois passamos por Grêmio e vencemos o Corinthians na final. No segundo jogo eu não atuei por estar suspensão. Foi a terceira decisão da minha carreira que não joguei por estar suspenso (obs: as outras duas foram pelo Inter em 1997 e Etti em 1999).

9)Foi seu melhor momento na carreira?
Eu diria que sim. Até hoje só os torcedores do Santos me procuraram e conversam comigo sobre o que fiz no clube. Joguei no Palmeiras, Corinthians e Inter e os torcedores desses times nem falam comigo.

10)Nesse Brasileirão ainda teve um gol de bicicleta pelo Corinthians que foi eleito o melhor do Brasileirão. Fale mais sobre esse gol!
Esse gol tem uma historia curiosa. Nos iríamos para São Paulo enfrentar o Corinthians. Na véspera eu peguei uma gripe depois de um rachão e me atrasei para o ônibus que nos levaria para a capital do estado. Me ligaram faltando cinco minutos e o ônibus partiu sem mim. Tive que ir de carro até o hotel onde ficaríamos concentrados. Lembro que a Imigrante estava fechada e tive que dar a volta e sair pela Anchieta. Cheguei às 20h no hotel. Na porta, estava o Leão me esperando e ele só mandou eu ir jantar. Pensei: ferrou!

O treinador não deu pistas alguma se eu ia jogar o clássico. Só soube no vestiário quando vi a minha camisa junto com a minha chuteira. Eu acabei fazendo o quarto gol do time, de bicicleta. Vencemos por 4 a 2. Foi uma noite maravilhosa! A partir dali creio foi onde começaram a acreditar mais no Santos.

11)Daquela geração campeã de 2002, muito se esperavam das jovens promessas que surgiram e não vingaram tudo que se imaginava. Esperava-se por exemplo, Diego e Robinho, na Seleção Brasileira e não estão. Outro que eu acreditava era no Alex, zagueiro, embora tenha uma carreira de sucesso na Europa, não virou titular da Seleção Brasileira. O que você acha que houve com essa geração?
Bom, discordo de você em partes. Muitos deles foram para a Seleção Brasileira e tiveram bons momentos. O Robinho atuou no Real Madrid e agora está no Milan. O Diego foi bem na Alemanha, depois foi para Juventus e voltou à Alemanha. O Alex teve passagens boas por PSV-HOL e Chelsea-ING, o André Luís teve a oportunidade de atuar no O.Marselha, o maior clube da França.Poucos atletas tem essas oportunidades. O Elano chegou a jogar Copa do Mundo. O Júlio Sérgio foi para a Roma, o Renato fez história no Sevilla. Já o Paulo Almeida, este realmente sumiu.

É verdade que muita gente depositava esperança que estes fossem a base do Brasil, no entanto, o tempo diz qual é o limite de cada um e ainda há a concorrência com outros atletas que surgem. 

Então eu diria a você, que eles vingaram sim, pela carreira que fazem, pelo dinheiro que ganharam. Talvez esperasse mais, mas creio que foram longe sim.

12)Em 2010 surgiu outros Meninos da Vila, que foi a geração de Neymar e Ganso e encantou o Brasil aplicando goleadas atrás de goleadas. O que achava daquele time e até onde acha que os jogadores possam chegar?
Aquele time tinha o Robinho que era experiente e um jogador acima da média que é o Neymar. Quando se tem dois jogadores como os citados, mais um time entrosado, tudo dá certo. Aquele jogador mediano passa a jogar bem. Foi isso que aconteceu.

Alguns atletas que surgiram naquele time como o P.H.Ganso, o atacante André e o volante Wesley, eles estão ai agora tendo que provar que são acima da média. Em um time arrumado é mais fácil dar certo. Em equipe desarrumada, em crise ou quando não é entrosado com os companheiros, se nota quem é bom e quem não é. O Neymar já provou que é muito bom jogador. Os outros precisam mostrar seus valores.

13) O que achou do Santos fazer o amistoso contra o Barcelona, onde foi goleado por 8 a 0?
Aquele jogo mostrou mais uma vez a realidade do futebol praticado por clubes brasileiros. Um futebol lento e com pouca obediência tática.

Quando vem um agente do exterior interessado em jogador brasileiro ele já sabe dessas falhas. Mesmo que você o diga que o tal atleta é craque, a pessoa interessada responde: ' mas está jogando no futebol brasileiro. Quero ver na Europa'.

Tem muito o que melhorar no nosso trabalho de base.

14)Bom voltando a sua carreira, em 2002 após o título você se transferiu para a Rússia. Por quê não ficou no Santos?
Na verdade não renovaram meu contrato e me apareceu uma proposta do Dinamo Moscou e me fui. Joguei o primeiro ano e em 2004 peguei uma pneumonia bacteriana que era muito grave e fiquei três meses em tratamento. Quando voltei à Rússia em meados de 2004, o treinador disse que eu ia ser aproveitado, mas não fui. Briguei com ele e fui emprestado para o Corinthians. Cheguei em agosto daquele ano e uma das poucas oportunidades que o Tite me deu, eu torci o joelho sozinho num jogo contra o Vasco. Em 2005, tudo mudou no Corinthians. Chegou a MSI. Quando estava perto de voltar o técnico Daniel Passarella conversou comigo e afirmou que me daria chances. Mas logo em seguida o argentino caiu e veio o Márcio Bittencourt e não me utilizou. Com empréstimo encerrado voltei à Rússia. Lá o Dinamo Moscou me emprestou para o Rostov Nadanu, contra a minha vontade. Pois na equipe moscovita, me disseram que eu ia ser aproveitado e nem fui inscrito para as competições que o clube ia disputar. Achei uma sacanagem. No Rostov foi uma porcaria, me machuquei e não cuidaram da minha lesão. Terminou meu contrato com o Dinamo, voltei ao Brasil. Sai do Dinamo com eles me devendo salário.

15) Depois atuou por Atlético/MG e Coritiba. Como foi esse período?
No Brasil, os dirigentes sacaneiam muito os jogadores. No Atlético/MG joguei o estadual e perdemos a decisão para o Cruzeiro. Assim como em muitos lugares do Brasil, perder uma decisão em clássico, é um desastre e nenhum jogador presta. Lembro depois que estávamos em um ônibus me comunicaram que eu iria ser emprestado ao Coritiba. Fizeram toda a transação sem me consultar. Não gostei daquilo. Desci do ônibus e cheguei no Coritiba, onde fui bem recebido dizendo que precisavam de um matador. Lembro que estreei no dia do meu aniversário e fiz dois gols. Melhor estreia impossível. No entanto, em um jogo contra o Paulista, em Jundiaí, pela Série B do Brasileiro, eu fui expulso e me mandaram embora. O presidente do Coxa, na época,Giovani Gionédis, apontou o dedo na minha cara e disse que eu não ia receber nada. Inventaram um monte de coisa para me incriminar e só consegui receber o que tinha direito, na justiça, seis anos depois.

16) Como foi atuar no Japão e depois o final da carreira?
Foi bom viver lá, mas atuei em um time pequeno, o Kofu e fiz contrato de 1 ano para ver se aparecia algo melhor. Não obtive retorno, ai vim para o Brasil. Na época o ex-jogador Jamelli, era dirigente do Grêmio Barueri e me procurou. Lá fui campeão paulista do Interior, depois joguei a Série B do Brasileiro. Em 2009 apareceu uma proposta do Ceará e joguei o estadual, mas fomos vice naquela temporada e como já falei, quando se perde torneio para o maior rival, ninguém serve. Não durei muito. Já estava com 34 anos e resolvi encerrar a carreira. Primeiro fui para Campo Grande/MS, depois fui viver em Jundiaí/SP, terra da minha esposa. Alguns meses depois o Grêmio Catanduvense me procurou para disputar o estadual. No começo relutei, mas vieram jogadores como o experiente volante Amaral e o Dedimar conversar comigo e aceitei. As condições lá eram precárias, não recebi nada do que me prometeram, ainda me machuquei em um jogo contra o São Bento e não pagaram meu tratamento. Ali foi onde encerrei de vez a carreira.

17)O que faz atualmente?
Vivo em Jundiaí/SP e tenho duas escolas de futebol franqueadas com o Santos. Uma em São José do Rio Preto/SP e outra no Mato Grosso do Sul. Esta última estou me desfazendo, pois tive problemas lá. Também tenho a empresa Alberto Sport Clube, onde cuido de jovens atletas e levo para fazer testes em times de futebol. Quando ocorre a transação fico com um percentual pelo atleta.

No Sindicado dos Técnicos do Estado de São Paulo já fiz 40 horas de curso e vou fazer mais 40 horas no final deste ano. Pretendo ser treinador . Também penso em fazer um curso de gestão no futebol.

Quero muito melhorar as categorias de base no Brasil. Melhorar os treinamentos, a estrutura para receber os atletas. Muita coisa precisa ser feita. Tem jogador que sai ganhando um alto salário nas categorias de base, já tem empresário , mídia em cima e depois não vinga no esporte. Precisa de mais 'pé no chão'.

Nenhum comentário:

Postar um comentário