sexta-feira, 7 de julho de 2023

Livro sobre o título de 2007 é lançado em Sapucaia do Sul e contou com a presença de ex-jogadores e dirigentes

 O livro 'Sapucaiense 2007: o improvável aconteceu' ganhou mais uma bela e merecida homenagem. Um evento muito importante e mais impactante quanto o ocorrido em Porto Alegre/RS. 

No último dia de junho de 2023, houve a festa de lançamento no Estádio Arthur Mesquita Dias, em Sapucaia do Sul/RS. Ou seja, na sede do Grêmio Esportivo Sapucaiense.

A ocasião contou a presença dos escritores Luís Felipe Fleck e Leonardo P. Cantarelli (este que vos escreve), de nove atletas campeões de 2007: o goleiro Eliandro, os laterais Gian e Gustavo, o zagueiro Dias, os meio-campistas Douglas T-Rex, Ivan,  Maicon Sapucaia e Evandro e o atacante Tiago Fernandes, além de dirigentes do clube (incluindo o presidente Milton Pinheiro) e do prefeito da cidade Volmir Rodrigues. Todos discursaram e se emocionaram.

Cantarelli e Fleck falando sobre a ideia de fazer o livro.


O mais legal foi ver o momento dos nove futebolistas campeões relembrando fatos emocionantes daquela temporada (bons e ruins) e expressarem felicidade com o livro e o evento que rememorava àquela conquista.

Da dir à esq: Tiago Fernandes, Ivan, Dias, Gustavo, Evandro, Maicon Sapucaia, Gian e Eliandro. Jogadores campeões em 2007.


Em vários momentos, o nome do Chico Christianetti, ex-presidente do clube e falecido em 2020, foi exaltado como o principal responsável pela ascensão rubro-negra. O filho dele, Filipe Christianetti, muito emocionado, quase não terminou seu discurso.

Ao término do segundo lançamento fica a sensação de dever cumprido e também de felicidade ao ver o quanto as pessoas gostaram do livro e se sentiram felizes com a homenagem. Que venham mais eventos, homenagens, histórias e  no futuro mais livros ( 😀).

Imagens: Leonardo Cantarelli.


quarta-feira, 14 de junho de 2023

'Sapucaiense 2007: o improvável aconteceu ' é lançado no Brechó do Futebol

 2023 ficará marcado na minha vida pelo lançamento do meu quarto livro, intitulado 'Sapucaiense 2007: o improvável aconteceu'. O primeiro que faço em coautoria com outro escritor. Neste caso, meu parceiro foi Luis Felipe Fleck, que foi dirigente do Sapuca e idealizador desta obra.




Fleck, Centeno, Jucemar, Maicon Sapucaia e Cantarelli. Escritores nas pontas, jogadores no meio e o Santiago à frente. 

O projeto teve início em 2022, quando Fleck me procurou para realizar um sonho: escrever um livro. Ele é fã de futebol e literatura (há quase mil livros sobre esportes na sua residência) e me convidou a relatar a história do Sapucaiense em 2007. Eu aceitei na hora, pois, percebi que era uma lacuna a ser preenchida na 'biblioteca futebolística brasileira'.

Naquela temporada, o Rubro-Negro do Vale dos Sinos iria para o seu terceiro ano profissional e não havia grandes expectativas em relação a Segunda Divisão Gaúcha. Havia rivais mais tradicionais como Inter de Santa Maria, Pelotas, Ypiranga de Erechim e havia outros com altos investimentos como o Porto Alegre F.C., que pertencia ao Assis, ex-jogador, irmão e empresário do Ronaldinho Gaúcho.


Capa do livro.


Dias antes de iniciar a competição, o Grêmio Esportivo Sapucaiense sofreu um baque: o empresário Carlos Diefenthaler se desentendeu com a diretoria e levou seus jogadores embora. Ou seja, boa parte do elenco que fez pré-temporada deixou o Estádio Arthur Mesquita Dias. Com isso, a comissão técnica, liderada por Cirio Quadros, precisou recorrer aos jogadores das categorias de base para evitar um W.O. A diretoria conseguiu junto com a Federação Gaúcha de Futebol, adiar o jogo da estreia e houve mais tempo para remontar o time. 

Alguns reforços foram chegando e o time foi dando liga. Passou para a segunda fase. Surpreendentemente chegou ao Octogonal Final. Nesta etapa, brigou até o final pelo inédito acesso. Não só o conseguiu, como foi campeão. Pela primeira vez, o Sapucaiense estava na elite do futebol gaúcho. Pela primeira vez, o Sapão era campeão! 



Presenças ilustres no evento e com grandes laços afetivos com o Sapucaiense


Este livro traz relatos de bastidores, curiosidades, estatísticas da campanha, além de pesquisa em jornais da época. Houve, claro, entrevista com boa parte dos jogadores que estiveram na conquista, com dirigentes e integrantes da comissão técnica, além de jornalistas que cobriram aquele histórico título.

O lançamento ocorreu no dia 9 de junho, no Brechó do Futebol, em Porto Alegre/RS. O evento contou com os escritores, ex-jogadores, agregados e torcedores do time. 

Quem quiser um exemplar da obra, entre em contato comigo por aqui ou pelo wpp: 51 994018209.

Por fim, quem quiser conhecer mais o acervo literário esportivo de Luis Felipe Fleck , acesse a página do Instagram: @bolaeprosaoficial .

Imagens: Arquivo Leonardo Cantarelli/Divulgação.



domingo, 24 de outubro de 2021

Minha 3ª obra: 'Sandro Sotilli: de Rondinha para o mundo'

 24/01/2008- Era uma quinta-feira rotineira, como qualquer outra, em Porto Alegre/RS. Um dos atrativos da capital gaúcha, seria o jogo Internacional  x Veranópolis, pela segunda rodada do estadual. Foi uma vitória protocolar dos Colorados por 2 a 0. Os gols foram anotados pelo veterano Iarley e pelo jovem Ramon.

Na equipe pentacolor, um dos destaques era o experiente Sandro Sotilli. Ele já havia atuado pelo VEC, em 1996 e era uma das atrações do clube em 2008. Sotigol retornava após 3 anos no México e um título da Copa Gaúcha pelo Caxias. 

É claro que com toda a concentração na partida e a lamentação pelo revés, Sotilli não tinha como imaginar que nas arquibancadas do Beira-Rio estava um estudante de jornalismo, prestes a se formar, e que seria o autor de sua biografia. O rapaz fazia um rápido estágio no SIMERS (Sindicato Médico do Rio Grande do Sul), mas aspirava a carreira no jornalismo esportivo. E claro, um dos sonhos, era publicar um livro.

O futuro jornalista também não imaginava que o destino o reservaria escrever a bela carreira de Sandro Sotilli. Até pelo fato, que naquele período, o 'Alemão Matador' ainda não tinha começado a construir a sua idolatria, no Pelotas. Foi vestindo o manto do Áureo-Cerúleo, com suas histórias no sul do estado (dentro e fora de campo), que chamou mais a atenção do já agora jornalista formado (e com diploma).

13 anos e meio depois daquela noite (que seria a primeira vez, mas não a única, que o periodista viria Sotigol, no estádio), ambos novamente estariam no mesmo local, mas juntos, lançando o livro: 'Sandro Sotilli: de Rondinha para o mundo'

Sotilli e o autor do livro buscando a obra na gráfica Kunde em Santa Rosa/RS.Imagem:divulgação,
 


O livro, contaria o antes de 2008: a infância em Rondinha, os tempos em que se preparava para ser Irmão Marista, o início no Ypiranga de Erechim, as vitoriosas passagens por Juventude, 15 de Campo Bom e Glória de Vacaria. Além de suas atuações pela China e pelo México. E o pós-2008, onde veio toda, a já mencionada, passagem vitoriosa pelo EC Pelotas, os bons momentos pelo E.C.Passo Fundo e pelo Marau F.C. e a vida pós-carreira, onde se tornou um ícone nas redes sociais e um símbolo da cultura gaúcha.

Lançamento em Porto Alegre foi no Brechó do Futebol. Imagem: divulgação.


Houve lançamentos em Rondinha, Pelotas, Passo Fundo, Porto Alegre e Vacaria. Em todos, houve muita celebração e festa ao maior artilheiro da história do Campeonato Gaúcho.

Tite foi um dos entrevistados para o livro. Imagem: CBF/Divulgação.


2021 ficará marcado para mim, como o lançamento do meu terceiro livro (e uma das obras mais importantes da minha vida) e para Sotilli, por ter toda a sua trajetória descrita e registrada em uma publicação (feita pela Editora Bradamente Livros).

Para saber mais sobre como foram os eventos, veja nos links abaixo:

Rondinha:

https://www.diariors.com.br/noticia/view/37322/rondinha-livro-sandro-sotilli-de-rondinha-para-o-mundo-foi-lancado-oficialmente

Pelotas:

https://arquivolobao.com.br/?p=8934

Passo Fundo:

https://www.onacional.com.br/esporte,10/2021/10/22/maior-artilheiro-do-gauchao-lanc,119332?fbclid=IwAR3FSncqDQbkBJ7euJVjfIGnJVO-Ig8vBAwc0ZCDQpGwPiLmmLKjy4njqF0


Quem quiser um exemplar, pode entrar em contato comigo, pelas minhas redes sociais ,ou pelos pontos  de venda abaixo. O valor é R50,00 (sem incluir um possível frete).

Arvorezinha:

Kountry Beer: Rua Daltro Filho, 495, Centro.

Pelotas:

Loja Lobomania: Parque Dom Antônio Zattera,300-Centro.

Passo Fundo:

Cia da Leitura- Bella Città Shopping Center

Vacaria:

Point Gospel Livraria- Rua Pinheiro Machado,742, Centro.

Lancheria Água na Boca- Rua Dr. Flores, 273, Centro.

Restaurante Chapão Sabor Gaúcho- Av. Militar,213, Santa Terezinha.


Redes sociais:

Facebook: Leonardo Pereira Cantarelli

Instagram e Twitter: @lpcantarelli

e-mail: lpcantarelli@hotmail.com



quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Há 13 anos na Índia, Djair fala sobre futebol e cultura do país asiático!

Parecia ser uma noite rotineira qualquer de Djair Garcia, naquele primeiro semestre de  2008. O preparador físico estava empregado no Rio Claro, que disputava a Série A-1 do Campeonato Paulista. Até que por volta das 2h da madrugada o seu celular tocou. Acordou assustado e ficou mais ainda quando viu que era um número estranho. Desconhecido. Estava preocupado, mas mesmo assim atendeu. Do outro lado da linha, havia uma pessoa falando em inglês. Djair já havia feito algumas aulas do idioma originário da Inglaterra e conseguiu se comunicar. Era um convite para trabalhar na Índia. Sua primeira chance no exterior. Claro, a oferta foi aceita e está há 13 anos no futebol indiano.

"Aquela conversa foi o meu primeiro teste de inglês. Era um dirigente do Chirag United SC, de Calcutá. Lá eram 10h30. Ele me explicou que viu meus vídeos no youtube, como preparador físico e eu falava em inglês, nos vídeos, para divulgar meu trabalho. Eles queriam um estrangeiro para o United, que estaria de volta à primeira divisão da Índia. Eu queria ir pela oportunidade no exterior, mas a negociação foi muito difícil. O que eles queriam me oferecer era inferior ao que eu ganhava no Rio Claro. Queria ganhar ao menos o equivalente que já ganhava naquela época", revelou Garcia.

"Passou um tempo, eu estava em um churrasco com amigos meus em Amparo/SP e recebi a ligação deles. Eles disseram que o patrocinador aceitou pagar o valor que eu pedi. Na hora eu aceitei", continuou.

Djair, de moletom cinza, pelo Chirag United em 2012. Ficou na equipe entre 2008/13


Djair Miranda Garcia é natural de Campo Belo/MG, mas quando ainda era recém-nascido sua família se mudou para São Paulo/SP. Foi na Vila Jaguara, Zona Oeste Paulistana que ele deu os seus primeiros passos no futebol. Atuou em clubes de bairro da região, até que em 1981 veio uma oportunidade para atuar no Amparo, na Região Metropolitana de Campinas/SP. O convite foi aceito, mas com uma condição: que ele pudesse estudar matemática, outra paixão de sua vida.

"Ao terminar o ensino médio, eu prestei vestibular para matemática e passei. Iniciei o curso. Entretanto, o treinador do time amador que eu atuava recebeu um convite para ser supervisor no Amparo. Ele me indicou para fazer um teste lá. Eu o fiz. Corri muito e senti muitas cãibras (risos), mas passei. Entretanto, falaram que eu ainda ficaria um período nos juniores para aprimorar a parte física. Eu aceitei, mas queria seguir cursando matemática e morando em outra cidade ficava difícil. A sorte é que tinha um diretor do clube que era secretário de uma faculdade de matemática em Amparo e ele disse que eu poderia estudar lá sem pagar nada. Não iria ter salário no clube. Ia ser moradia e alimentação, além dos estudos. Conversei meus pais e eles gostaram da ideia, pois,  sempre me incentivaram ao estudo. Naquela época, eu trabalhava em São Paulo e pedi demissão para ir a Amparo", relembrou.

Em 1982 assinou seu contrato profissional com o Amparo. Depois, passou por vários clubes do interior paulista, tendo atuado com o Paulinho McLaren no Serra Negra em 85. Em 87, Djair sofreu uma fratura na perna e ficou 1 ano sem entrar em campo. Nesse período, deu aula particular de matemática e em um colégio de Amparo. 

No ano seguinte retornou aos gramados e atuou até 1991. Seu último clube foi o Estrela de Porto Feliz, onde viu o atacante Adhemar, que faria história no São Caetano, surgir. Ao término da temporada, Djair foi convidado de forma inesperada, pelo presidente da equipe, para ser o preparador físico.

"Quando terminou o campeonato, o presidente do Estrela reuniu os jogadores para afirmar que na próxima temporada haveria uma nova comissão técnica e perguntou se eu queria ser o preparador físico do time. Eu falei que não tinha conhecimento na área. Ele se surpreendeu, pois, achou que eu era formado em educação física e não em matemática. Por isso o convite. Mas pela minha conduta, ele achou que eu seria o perfil ideal me ofereceu uma faculdade de educação física. Falou que se eu passasse no vestibular ele pagaria o curso", revelou o agora ex-atleta.

"Eu passei em uma faculdade em Sorocaba/SP e fui informar o presidente, que no mesmo instante assinou o cheque, me entregou e falou que eu iria fazer o curso e começar um estágio no Estrela", emendou.

Em meados de 94, o Estrela fechou as portas e Djair tinha um semestre ainda para concluir o curso. Nesse período trabalhou no Atlético Sorocaba e depois de formado foi para o Ituano. Em seguida, passou a trabalhar em vários clubes, principalmente do interior de São Paulo. Até a mudança de rumo em 2008.

Dias depois do acordo firmado com os indianos, Djair pegou um voo para Calcultá, que fazia escala em Londres e ficou feliz ao estar, mesmo que por pouco tempo na Inglaterra. Ao chegar ao seu destino final, o pessoal do clube estava esperando-o para um amistoso!

"Logo na chegada, o pessoal foi muito receptivo. Já queriam me levar para o estádio, pois, tinha um amistoso do time e queriam que eu assistisse. Lá dei entrevistas para repórteres e tive que me virar no inglês", contou.

Djair recebendo o prêmio de melhores do ano da temporada 2017/18. Na ocasião, trabalhava no East Bengal, onde foram campeões nacionais. 


No país asiático, as dificuldades não foram apenas dentro de campo e sim no dia a dia. Como disse o próprio: 'a Índia é um mundo à parte'. 

Mesmo que Calcutá seja uma das principais cidades daquela nação, e capital durante o domínio britânico, a diferença cultural perante os outros lugares do planeta é muito grande. Um dos problemas recorrentes com o estrangeiro é a alimentação. Com Djair não foi diferente.

"A comida aqui é muito apimentada e forte. Eu passava muito mal. Tinha muita diarreia e perdi muito peso. Durante um bom tempo eu só comia arroz e banana, que eram as duas únicas comidas que não iam pimenta. Um dia falei com a minha filha pelo Skype e ela se assustou ao ver o meu estado. Muito magro. Eu expliquei o motivo. Depois conversei com o pessoal do clube sobre esse problema e o patrocinador (que era quem bancava as despesas) falou para eu não me preocupar que um carro ia passar na minha casa e me levar para almoçar e jantar em um hotel cinco estrelas e eles bancariam tudo. Eu aceitei e fui. Só que passou um tempo eu pedi para ver a conta do quanto estava custando essas refeições e assustei, pois eram muito caras. Mais que o meu salário no clube. Voltei a conversar com eles e disse que não era necessário. Pedi que me dessem um fogão e eu cozinhava em casa. Acordo feito. O problema é que eu não sabia cozinhar. Nem fritar ovo. A minha mulher e a minha filha, que estavam no Brasil, me ajudavam e e fui aprendendo a cozinhar", contou.

Ainda no ramo da alimentação, o brasileiro se surpreendeu ao ver o quão comum é para os indianos comerem com as mãos. Eles não têm o hábito de usar talheres nem em refeições como almoço e janta. Um episódio curioso foi após um treino do Chirag United, onde um anu roubou sua comida.

"Após um treino pela manhã, nós fomos almoçar ali no centro de treinamento mesmo. Era uma tenda aberta e na volta ficavam uns anus. Em um dado momento eu levantei para pegar um copo d'água e quando percebi, em poucos minutos,  um desses pássaros passou rasante ao meu prato e pegou o peixe que eu estava comendo. Um jogador viu a cena e começou a rir. Foi algo muito estranho para mim. A noite falei para a minha esposa e para minha filha que na Índia o peixe voa (risos)", relembrou.

Outro momento envolvendo animais, foi quando pela manhã foi comandar o time em um jogo-treino e se surpreendeu com o 'adversário'.

"Nós estávamos em pré-temporada em uma cidade, cerca de 50 km de Calcutá. Pela manhã teríamos um jogo-treino e ao chegar no campo eu fiquei surpreso com o que vi: 11 macacos no campo! Sim, eu contei. Haviam 11. Alguns estavam no alambrado. Nunca tinha visto uma situação daquela. Eram macacos grandes. Perguntei para um auxiliar nosso se era contra ele que nós íamos jogar (risos). Depois, quando os jogadores foram chegando, os macacos saíram de campo", recordou o brasileiro.

No Chirag United, Djair permaneceu até 2013. Depois se transferiu para o Mohun Bagan, também de Calcutá. Neste clube, a troca se deveu pela questão salarial e pelo fato da família do brasileiro poder morar na Índia. Em 2017, Djair trabalhou no East Bengal e após uma temporada se transferiu para o Atletico Kalkuta. Em 2019, trabalhou no Gokulam Kerala, primeira equipe fora da região de Calcutá e onde permanece até o momento. Durante esses 13 anos, Djair viu a evolução do esporte na Índia, a concorrência com o crícket (a modalidade mais popular por lá) e o que dá para esperar no futuro.

Homenagem da torcida do Mohum Bagan AC no dia do aniversário de Djair. Foi campeão nacional pelo clube.


"O cricket ainda é o esporte mais popular na Índia, mas o futebol está crescendo. Nos últimos anos, há mais investimento nas equipes. Antigamente, quase nenhuma equipe tinha centro de treinamento e nem investimento em categoria de base. Hoje os clubes já possuem um CT com piscina e sala de musculação, inspirado nos moldes dos principais times europeus", afirmou o brasileiro, que falou sobre o nível dos atletas indianos.

"Os atletas indianos antigamente se profissionalizavam com 20, 22 anos sem passar antes por uma categoria de base. Os clubes não tinham categoria de base. Outra situação, é o fato da alimentação deles ser muito apimentada e pobre em nutrientes. Foi necessário mudar o cardápio dentro dos clubes para poderem ter uma alimentação adequada e poder competir de igual com os jogadores estrangeiros. Por conta disso, houve um progresso no futebol, mas por exemplo, uma Copa do Mundo para eles se classificarem ainda vai demorar um pouco. Pelo menos uns 10 anos", comentou.

"Para desenvolver o futebol local, aqui há uma regra que permite que cada equipe escale, obrigatoriamente, ao menos um jogador sub-23 indiano nos times titulares. E este só pode ser substituído também por um sub-23 local", emendou.

Garcia ainda falou sobre a admiração que os indianos possuem pelos brasileiros, mas também sobre a fama dos boleiros oriundos do país pentacampeão que não é muito boa.

"Aqui eles adoram brasileiros. Quando sabem que sou brasileiro, eles me tratam super bem. Uma boa parte deles inclusive torce para a Seleção Brasileira. É comum ver em jogos de várzea, atletas com a camisa da Seleção Brasileira. Entretanto, ao querer trazer jogadores brasileiros, eles já ficam com um pé atrás, pois, o brasileiro faz muita exigência, pois, quer trazer toda a família logo de início. Até cachorro e papagaio (risos)", afirmou.

Djair presenteado o jogador Ayan Das Sarna com uma camisa do Santos F.C. Ambos trabalharam juntos no United.


"Cada clube pode ter até 4 estrangeiros, sendo um deles obrigatoriamente asiático. Dentre os jogadores fora do continente asiático, há muitos africanos, principalmente nigerianos. Custo baixo e bom rendimento para os times. De uns anos para cá, a moda está com jogadores espanhóis. Começaram a trazer comissões técnicas espanholas e estas sempre indicam alguns jogadores", continuou.

Por fim, Djair afirma que pretende ficar só mais uma temporada na Índia e depois voltar ao Brasil e trabalhar com categorias de base.

"Este ano completo 60 anos. Estou há muito tempo na Índia. O que me fez permanecer aqui foi o reconhecimento e a estabilidade no emprego, algo que não aconteceu no Brasil. Em breve, minha aposentadoria sairá no Brasil e ficará mais tranquilo de viver lá. Ao retornar, penso em seguir trabalhando como preparador físico, mas com categorias de base. Eu penso que tenho jeito para lidar com a molecada. Outra possibilidade é aproveitar o meu elo com a Índia e indicar jogadores brasileiros para alguns clubes. Seria uma outra possibilidade", finalizou.

Imagens: arquivo pessoal/Djair Garcia 


segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Júnior Caiçara fala sobre conquista do Campeonato Turco e ótimas passagens por Bulgária e Portugal

Uma das sensações da temporada 2019/20 da Europa foi o título do Campeonato Turco do Istambul Basaksehir. O clube de apenas 30 anos se sagrou campeão nacional pela primeira vez em sua história, sendo apenas a sexta equipe diferente a levantar a taça desta competição.

Um dos titulares da equipe foi o lateral-direito Júnior Caiçara, que atuou em 33 dos 34 jogos. O brasileiro está desde janeiro de 2017 no clube e pôde comemorar o inédito feito, após ter visto a taça 'escapar das mãos' na temporada 2018/19.

"Nós acreditávamos que poderíamos ser campeões, pois, há anos estamos brigando na parte de cima da tabela e encarando os principais clubes (Galatasaray, Fenerbahçe e Besiktas). Ano passado 'batemos na trave'. Lideramos boa parte da competição, mas no fim caímos e perdemos o título (Galatasaray campeão). Nessa temporada, houve mudança de treinador, mas a base seguiu a mesma e tivemos a sorte de que os três principais times tiveram um baixo rendimento. Nossa briga pela ponta desta temporada foi contra o Trabzonspor, que é outra equipe grande aqui da Turquia e que em sua história já ganhou o Campeonato Turco", afirmou o ala em entrevista exclusiva ao Arquivos e Histórias F.C.

                              Júnior Caiçara com o troféu do Campeonato Turco.Imagem: arquivo pessoal

A competição, assim como as demais do Velho Mundo, foi interrompida por conta da pandemia do Coronavírus, e foi retomada posteriormente.  Caiçara acredita que se não tivesse tido a interrupção, o Istambul Basaksehir poderia ter ido mais longe na Liga Europa. Estes acabaram eliminados nas oitavas de final. Antes da Pandemia, no dia 12 de março, houve o primeiro confronto diante do Copenhague e os turcos venceram por 1 a 0. A volta, foi reagendada apenas para o dia 5 de agosto, na Dinamarca, e os nórdicos ganharam por 3 a 0. O Campeonato Turco havia acabado uma semana antes do confronto pela Liga Europa.

"Embora tenha sido necessária a parada por conta da pandemia, isso nos prejudicou, pois, vínhamos de uma boa sequência de bons resultados. Nos clássicos fomos superiores e estávamos com uma confiança muito alta. Então, penso que se o duelo de volta contra os dinamarqueses tivesse acontecido ainda em março, acredito que teríamos passado. Chegamos para este jogo já desgastado fisicamente e não conseguimos a vitória. Entretanto, o mais importante era o título do Campeonato Turco e isso felizmente foi conquistado", emendou.

A equipe fica na região de Basaksehir, onde vivem os islâmicos de Istambul e tem como 'padrinho' Recep Erdogan (e sua família), atual presidente do país. Para atrair mais torcedores, Júnior Caiçara, afirma que muitas escolas levam os alunos para assistirem os jogos.

"Como o clube é novo, nossos torcedores são jovens. Besiktas, Galatasary e Fenerbahçe possuem a maior parte dos torcedores. Nos jogos da nossa equipe, há muitos estudantes. Muitas escolas levam os alunos para assistir os jogos.Com a boa campanha desse ano, espero que no futuro o Basaksehir tenha uma torcida enorme", explicou.

Este feito histórico, não é o único na carreira de Uilson de Souza Paulo Júnior. Antes de rodar a Europa, o paulista de Santos iniciou a trajetória em equipes de bairro até chegar ao Santo André. Ao chegar ao Ramalhão, acabou ganhando a alcunha de 'Caiçara' (termo usado para denominar pessoas que nasceram em cidades litorâneas). Foi na equipe do ABC, que o atleta deixou de ser meia e se fixou como lateral-direito. Ainda atuando na base, o santista chamou a atenção do Gil Vicente de Portugal e por lá foi vice-campeão da Copa de Portugal.

"Fui para o Gil Vicente ganhando apenas 500 euros. Minha intenção era a 'vitrine' que o clube poderia me proporcionar. Na primeira temporada (2010/11), fomos campeões da Segunda Divisão e na temporada seguinte fizemos uma boa campanha na elite e fomos vice-campeões da Copa de Portugal, perdendo na final para o Benfica de Jorge Jesus", relembrou o ala, que em alguns momentos, pelo clube lusitano atou pelo lado esquerdo.

Em 2012, o brasileiro recebeu a proposta do Ludogorets Rasgrad e viveu grandes momentos.  O clube búlgaro havia recebido investimentos milionários e buscava um 'lugar ao sol' tanto em seu país como na Europa. Entre 2013 e 15, o Ludogorets foi tricampeão nacional, além de conseguir uma Taça e uma Supercopa da Bulgária. Em 2014/15, os Alviverdes disputaram a fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa e enfrentaram na primeira fase Real Madrid e Liverpool.

"Quando surgiu o convite do Ludogorets, eu procurei saber sobre o projeto do clube e vi que lá havia muitos brasileiros atuando. Foram três temporadas sensacionais, onde mantivemos sempre o bom nível e em todas conseguimos títulos, além de poder jogar a Liga Europa e a Champions League", relembrou o atleta nascido no dia 27/04/1989.

" Estrear na Champions League e contra os principais clubes europeus foi algo incrível. É o sonho de qualquer atleta e graças a Deus eu consegui. Foram jogos sempre equilibrados.Nosso primeiro jogo foi contra o Liverpool, em Anfield, e perdemos só de 2 a 1. Na volta, houve empate em 2 a 2. Contra o Real Madrid, em casa, perdemos só de 2 a 1. Isso mostra a força que tínhamos quando jogávamos como anfitriões", continuou.

                                                  Brasileiro em sua passagem pela Alemanha


Após, o bom período no Leste Europeu, Júnior Caiçara se transferiu para o Schalke 04, da Alemanha,onde ficou apenas uma temporada, antes de ir à Turquia.

"Foi muito boa a experiência de atuar em uma das melhores ligas do mundo.Tive bons momentos no Schalke, onde dei muitas assistências para o Huntelaar fazer gols (risos). Entretanto, houve troca de treinador durante a temporada e depois não tive tantas oportunidades quando eu gostaria. Até que veio a proposta do Istambul Basaksehir e vi que era um projeto ambicioso e estou muito feliz aqui", finalizou.



quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Goleiro Batista fala sobre vida em Macau, jogos na Coreia do Norte e futebol nordestino

 Macau é uma região administrativa especial da China desde 1999. Anteriormente, o local ficou sob o domínio português, por mais de 400 anos.

Macau é conhecido como Las Vegas da Ásia, devido ao grande número de cassinos que movimenta a sua economia. Isso faz com que tenha alguma autonomia em relação a China, onde os jogos de azar são proibidos. Em troca, os chineses, sem precisar mexer em suas leis, têm lucro com o turismo de jogatina macaense.

Os esportes mais populares em Macau são o tênis de mesa e o badminton. O futebol ainda não tem a preferência dos 538 mil habitantes daquela região.

Com o intuito de desenvolver a modalidade praticada com os pés, muitos clubes resolveram trazer estrangeiros, principalmente portugueses e brasileiros. Um deles foi o goleiro Batista, que desde 2015 mora em Macau. Além de atuar no Benfica de Macau, o arqueiro de 33 anos também trabalha em uma escola , na parte de educação física.

                                                    Brasileiro atua no Benfica de Macau.

"O futebol em Macau é semi-profissional. Logo, os atletas daqui, possuem outra profissão. Geralmente  são bombeiros, policiais ou funcionários de cassinos. Então, os treinos aqui acontecem só a noite. Os estrangeiros recebem salário de atleta profissional, por conta disso, não precisam ter outro emprego.O problema é que quando cheguei aqui, eu ficava o dia todo sem fazer nada. Esperava chegar a noite para ter uma hora de treino e voltava para a casa. Isso me entediou. O técnico do meu primeiro clube aqui (Windsor Arch Ka I) era dono de uma escola para crianças e um dia ele me convidou para ajudar nos trabalhos em relação ao esporte. Financeiramente eu não precisava e iria ganhar um salário simbólico, mas aceitei para ter uma rotina mais agitada", disse o alagoano em entrevista exclusiva ao Arquivos e Histórias F.C.

Entretanto, antes de atravessar o mundo, Jhonata Ladislau Batista da Fonseca, atuou por clubes do Nordeste e de Minas Gerais.

Suas atividades futebolísticas iniciaram em Arapiraca/AL, sua cidade-natal. Mais precisamente na Escolinha do Ivanildo, uma das principais do município. Inicialmente, Batista tentou ser zagueiro, por conta de seu pai, que jogava na mesma posição. Entretanto, a sorte como defensor não veio. Até que um dia em uma partida, o goleiro da equipe não compareceu e o próprio assumiu a meta, de onde não saiu mais.

" Eu fui para o gol, não pela minha qualidade técnica, mas por ser muito ruim na linha. Eu era o pior do time e naquele tempo, ia para o gol, quem não tinha qualidade para jogar na linha, logo, eu não tive muita escolha (risos). Entretanto, eu me sai bem e defendi dois pênaltis. Me empolguei. O jogo havia sido em um sábado e na segunda-feira, no treino, eu já estava fardado de goleiro e me sentindo um herói. Eu mal sabia que o goleiro no futebol é mais vilão que herói (risos),", relembrou o nordestino.

Pouco tempo depois, Ivanildo fez uma parceira com o ASA e transformou sua escola em um núcleo do Alvinegro do Agreste.  Por conta da proximidade dos estados de Alagoas e Pernambuco, diversos olheiros de Sport, Náutico e Santa Cruz assistem jogos dos times alagoanos. Em uma dessas observadas, Batista chamou a atenção de representantes do Sport, que o convidaram a fazer testes em Recife/PE. O arqueiro aceitou e a partir de 2002 integrou as categorias de base do Rubro-Negro.

Batista fez toda a sua base no Sport e a partir de 2005 acabou integrando o elenco profissional. Entretanto, atuou apenas duas vezes na equipe principal e acabou saindo em 2007.

Batista em seus tempos de Sport Recife.

"Fiquei 6 anos no Sport e isso mostra o valor que eu tinha como goleiro. Entretanto, eu não cresci muito na minha adolescência e sou considerado baixo para atuar como goleiro (1,83 m). Isso me prejudicou. Eu não era um perfil que o Sport estava procurando", explicou, para depois falar que tinha desafetos dentro do clube.

"Eu tive problema de relacionamento com o técnico do sub-20, o Neco. Eu alternava entre o profissional e a base. Quando eu descia ele me colocava no banco e nem conversava comigo. Ele me ignorava e isso se dava pelo fato dele empresariar jogadores por fora e preferir sempre esses em detrimento do mérito esportivo. Ele é mau-caráter e isso eu falei na cara dele. Saí para buscar o meu espaço no futebol", continuou.

A partir daí, Batista iniciou sua peregrinação por equipes nordestinas. Em 2010 chegou a atuar em cinco clubes!

" Em 2010, eu comecei no Penedense/AL. Inicialmente, eu havia recusado, pois, na minha primeira passagem, eles atrasaram salário e não cumpriram com as suas obrigações. Mas os diretores me convenceram que dessa vez iria ser diferente, pois, havia um empresário por trás bancando o clube. Aceitei, mas os mesmos problemas apareceram e aí recebi uma proposta do União dos Palmares/AL e fui. Terminou o alagoano, o Nereu Pinheiro (técnico) que havia me lançado no futebol do Sport, me chamou para jogar a segunda divisão de Pernambuco pelo Olinda. Eu fui pela amizade que tenho com ele e pela retribuição de tudo que ele fez por mim. Joguei metade do campeonato e apareceu uma proposta do JV Lideral/MA para disputar a Série D do Brasileiro, aceitei, pelo bom salário que me ofereceram e pelo fato de poder disputar uma competição nacional. Quando fomos eliminados, eu recebi uma proposta do Imperatiz/MA para jogar a segunda divisão do Maranhão, e como já estava ambientado na cidade, fui defender as cores do clube", rememorou o jogador nascido no dia 08/07/1987.

Em 2011, Batista teve a sua primeira experiência fora do Nordeste: atuou pelo Patrocinense, que na época, estava na segunda divisão de Minas Gerais. No segundo semestre atuou pelo Coruripe/AL e em 2012 retornou ao clube de Patrocínio/MG, na mesma segunda divisão. No semestre seguinte, jogou pelo Minas Boca, que estava na terceira divisão mineira. 

Em 2013, defendeu o Santa Cruz/RN e no ano seguinte, seu último no Brasil, teve uma participação especial pelo Coruripe/AL, onde surpreendentemente foi campeão alagoano.

"Aquele campeonato nós não começamos bem. Oscilávamos demais. Jogávamos bem uma partida e na outra perdíamos. O nosso técnico Jaelson Marcelino se afastou do cargo por problemas de saúde e sentimos muito, pois, os jogadores gostavam muito dele. Lembro que no segundo turno iríamos enfrentar o CSE. No primeiro encontro, perdemos por 4x0  e achávamos que íamos tomar outra goleada. Mas nos unimos, e falamos que íamos até o fim pelo Jaelson, pois, ele merecia. E isso tudo nos deu força para o vencer o CSE por 3x1 e foi a nossa arrancada pelo título. Nos classificamos para as fases finais e na decisão superamos o CRB, que estava com o Estádio Rei Pelé lotado", comemorou Batista, que não disputou os jogos da final, por conta de uma lesão na coxa.

Em 2015, após renovar com o Coruripe, o arqueiro informou ao clube que através de um empresário, recebeu uma oferta para atuar em Macau. Ele já havia recebido uma proposta em 2011, para ir a Hong Kong, que foi negada e agora não queria perder a oportunidade.

"Toda vez que um jogador assina com um time pequeno, é comum pedir um adiamento, para evitar problemas, caso haja atraso no pagamento e não ficar sem nada. Geralmente é descontado aos poucos, no mês a mês, ou no último mês de contrato. Eu já havia assinado com o Coruripe e recebido uma pequena parte. Na hora que fui falar da proposta, o presidente do clube, Alfredo Raildo, aceitou, me liberou e me desejou boa sorte. Ao tocar no assunto sobre devolver o que já tinha ganho, ele me falou que fica como um presente para mim, por todos os serviços prestados ao Coruripe. Eu o agradeci muito e fiquei feliz pelo reconhecimento", emendou.

A primeira equipe do brasileiro foi o Windsord Arch Ka I, um clube poliesportivo. Sobre o seu primeiro contato com o futebol, Batista afirmou que levou um 'choque' ao ver a discrepância de nível entre os profissionais e alguns semi-profissionais.

"O futebol aqui ainda engatinha para o profissional. Os estrangeiros têm a missão de ajudar no desenvolvimento na modalidade local. E cheguei a atuar com alguns atletas que não tinham noção de jogo. Mal sabiam dominar uma bola. E não é exagero meu," relembrou.

"Entretanto, o modo como me receberam aqui foi muito legal e isso me motivou a jogar. Eles adoram o Brasil e é incrível como eles adoram o Roberto Carlos (ex-lateral), por conta da 'bomba' que ele soltava. Isso ficou famoso aqui no gol que ele fez contra a China na Copa de 2002. O chinês é fascinado pelo chute forte e potente. Você pode fazer firula, driblar vários jogadores que eles não vibram igual quando você dá um chute forte. É surreal", emendou o sul-americano.

Em Macau, os idiomas falados são o cantonês, o mandarim e com os estrangeiros, o inglês. Os mais velhos falam português. Já os mais novos não dominam tanto o idioma, embora o governo local incentive o estudo da língua de seus antigos colonizadores. Nessa 'Torre de Babel', o brasileiro passou por um aviso cômico e uma situação curiosa.

"Quando cheguei aqui me disseram que era para eu tomar cuidado ao falar em português, pois, as pessoas podiam não praticar no dia a dia, mas elas entendiam. Então me disseram: ' cuidado ao falar algum palavrão ou xingamento em português, pois, vão entender' (risos). Nos meus primeiros treinos, havia um lateral-direito no meu time chamado Mabel e eu via potencial nele. Tentava me comunicar em inglês, pois, ainda não dominava os outros idiomas. E meu inglês era ruim. E eu me esforçava para ajudá-lo e orientá-lo. Até que depois de uns 5 meses, após um treino, eu disse 'bye, bye' e ele respondeu com um 'tchau'. Eu me assustei e perguntei se ele falava português e a resposta foi afirmativa. E eu quase fiquei louco. Como ele não tinha me avisado antes (risos)!?", continuou.

Nas duas primeiras temporadas pelo KA I, Batista foi campeão da Copa de Macau e  bi-vice-campeão do Campeonato de Macau. Este último, em ambas edições  foi superado apenas pelo Benfica. A Águia de Macau seria o seu destino em 2017.

"Fomos vice-campeões, sendo em uma das temporadas por apenas 1 ponto de diferença perante o Benfica. Chegamos a fazer jogos memoráveis contra eles e inclusive, vencemo-os uma vez. Aqui todo ano ocorre um torneio amistoso de futebol de 7 e o Benfica chegou a me convidar para jogar por eles. Eu aceitei e em seguida foi feito o convite para eu atuar na equipe principal. Eu aceitei, pois, o Benfica é um clube de futebol e possui parceria com o seu homônimo de Portugal. O KA I, como clube poliesportivo, não tinha a mesma atenção ao futebol. Por isso aceitei a troca", explicou.

Nos dois anos seguintes, Batista faturaria os dois títulos nacionais e 1 Copa de Macau. Isto fez com que em 2018, disputasse a Copa da Liga da Ásia (AFC Cup), o equivalente à Copa Sul-Americana.

Os adversários na fase de grupo foram 2 times da Coreia do Norte (Hwaebul S.C. e o 4.25 Cheyuk Dan), além do taiwanês Hang Yuen F.C. A competição fez com que o alagoano de Arapiraca visitasse a Coreia do Norte, um país extremamente fechado ao resto do mundo. Por lá passou maus bocados tanto dentro como fora de campo.

"O país vive uma tensão muito grande. Uma opressão que se via na face das pessoas. Todos andando de cabeça baixa e pouco conversavam com as pessoas. Ali, eu vi o quão importante é ter liberdade. Lembro que ao chegar no aeroporto, pegaram os nossos celulares e olhavam tudo. Me disseram que eles escaneavam os telefones. Depois, tínhamos que preencher um formulário em coreano. Eu não sabia ler nem escrever em coreano. Ficamos um tentando ajudar o outro a decifrar o que perguntavam. Até que fui pedir ajudar para um funcionário que estava próximo da delegação. Demorei para tomar tal atitude, pois, ele tinha um jeito de mau-encarado (risos). Ele pediu meu passaporte, viu que eu era brasileiro, pegou a tal ficha para preencher, rasgou e disse que por eu ser brasileiro não precisava preencher", contou.

"Em seguida, andamos pelo país e parecia uma visão do passado. Algo, como da década de 50 e 60. Falo por conta das ruas, casas e roupas que as pessoas usavam. Eram atenciosos, mas em geral, pareciam bem submissos", emendou, para depois, relatar um fato inusitado que passou no hotel.

"China e Coreia do Norte têm proximidade, logo, há chineses trabalhando na Coreia do Norte  e norte-coreanos que sabem falar mandarim. O nosso guia no hotel, dominava o mandarim. Ao falar com cada um, ele virou para mim e disse: 'Brasil? Lembra a Copa de 2010? Ganhamos por 1x0.' Eu achei estranho aquilo e apenas sorri. Depois, vi que lá eles só passam e reprisam o gol deles diante do Brasil na Copa do Mundo de 2010. Eles acreditam que venceram o Brasil por 1x0. É muito bizarro. Eu não quis estragar a alegria deles", explicou.

Outro fator curioso é o culto ao ditador Kin Jong-Un. Em todo lugar que se anda no país, há uma referência ao mandatário. No estádio, aonde aconteceram as partidas, havia uma estátua dele e os jogadores do Benfica de Macau foram tirar fotos, até que em um dado momento um guarda apareceu repreendendo-os.

"Nós estávamos tirando fotos e os jogadores faziam caretas em frente ao monumento. Até que apareceu um guarda gritando. Lembrou muito meus tempos de criança em Arapiraca quando subia no pomar para roubar frutas (risos). Ele disse que a gente poderia tirar fotos, desde que não fizesse caretas ou deboches em relação à autoridade máxima deles. Ou seja, tinha que ser algo mais comportado",  revelou.

Sobre as partidas, houve vitória sobre o Hang Yuen por 3 a 2 e derrota para o 4.25 Cheyuk Dan por 8 a 0.

" O Cheyuk Dan reúne os melhores jogadores da Coreia do Norte. É a base da seleção deles.Tomamos um massacre. Eles atacavam em bando e faziam a gente acreditar que iam à direita e de repente, eles estavam indo para a esquerda.Os laterais pareciam que tinham rolamento nas chuteiras, tamanha facilidade que iam e voltavam.  O primeiro tempo terminou 2x0, mas era pra ter sido uns 10x0. Fomos moídos para o vestiário. O curioso foi o nosso técnico que era português virar para um zagueiro nosso , que era patrício dele e falar:' O que está acontecendo, pá?' 'Nós somos o Benfica de Macau, temos que ir para cima dos gajos.' Esse zagueiro disse a mim que ia falar para ele que isso não era possível. E eu olhei pro zagueiro, que estava com os dois joelhos inchados, de tanto cair no gramado por perder na corrida para eles, e falei que era melhor deixar quieto. Enfim, seguimos o que o treinador falou, partimos para cima e em cinco minutos eles anotaram 5 gols! Eu já estava querendo me comunicar com o time deles e pedir para que eles parassem, que desacelerassem. Acabou 8x0. Não conseguimos nem chutar para o gol", explicou o brasileiro.

"No vestiário, ao término do jogo, o técnico ainda me elogiou dizendo que eu tinha feito uma grande partida. Eu achei um absurdo aquilo, pois, havia levado 8 gols. Ele até poderia ter enfatizado o fato de eu ter feito, creio, que umas 15 defesas e evitado um placar elástico, mas dizer que joguei bem, não", continuou.

"Para acabar com esse clima ruim, eu cheguei no hotel e havia um barzinho e enchi a cara de cerveja. Só bebendo mesmo para curar esse pesadelo. E a cerveja deles é boa, bem levezinha, eu gostei", prosseguiu.

No geral, o Benfica de Macau, somou 4 vitórias e 2 derrotas (para o mesmo time e na volta o placar foi 2x0) e terminou na vice-liderança com 12 pontos. Entretanto, apenas o primeiro colocado de cada chave avançava ao mata-mata.

Batista recebendo o prêmio de melhor goleiro do ano de 2019.


No momento, Batista tem atuado mais no futebol de 7 do Benfica e aos poucos vai se preparando para se tornar treinador. Inicialmente quer ser preparador de goleiros, para depois ser comandante e não pretende voltar ao Brasil.

"Ainda quero jogar mais dois anos e depois de fato iniciar a minha carreira como técnico. Quero seguir em Macau. Aqui onde moro a região é muito boa e foi onde consegui me encontrar no futebol. Quem vem a Macau, não terá glamour e nem fama, mas conseguirá ganhar dinheiro e terá uma boa qualidade de vida", explicou.

"Quero ser treinador, mas não para ser somente um vencedor em campo. Quero passar ensinamento e mudar a realidade das pessoas que convivo. Por onde passei sempre me disseram que o meu forte foi o vestiário, pois, sempre passei alegria e amizade para o elenco. Aqui em Macau eu percebo uma cultura muito individualista deles. Falta mais empatia ao próximo e isso tento demonstrar no dia a dia", emendou, para depois dizer o que gosta do pais em que vive.

"Por outro lado, eu vejo que aqui as pessoas vivem bem. Na região onde vivo, todo mundo tem uma vida digna. Mesmo os mais pobres. É muito raro ver um morador de rua, por exemplo. Aqui, os pais sempre colocam as crianças em atividades esportivas e musicais. Então, elas estão sempre em atividade e aprendendo alguma coisa. As crianças também têm aula de economia e me impressiona, pois, desde pequenos eles pesquisam preço em lojas, algo que não se vê no Brasil", revelou.

Batista, afirmou que ainda segue acompanhando o futebol brasileiro e explica o que precisa mudar no futebol alagoano e deu pitacos sobre a Copa Nordeste.

" Eu penso que o problema dos clubes alagoanos são os dirigentes. Todos entram com o intuito de ficarem famosos e se candidatarem a algum cargo político. Se alguém entra com o intuito de desenvolver o futebol local, certamente já é demitido. Clube de futebol lá é palanque político e enquanto isso não mudar, não vejo como os clubes evoluírem. Sobre a Copa Nordeste, eu acho que é um ótimo campeonato, mas, imagino que tenha que haver outras divisões, para que os clubes pequenos possam crescer, senão, fica uma competição com um seleto grupo", finalizou.

Bônus:

Ídolos no gol:

"Rogério Ceni e Iker Casillas. O Rogério pelo fato de ter marcado história no futebol brasileiro e penso que é uma referência para quase todos da minha geração que gostam de futebol. Já o Casillas me identificava pela baixa estatura para um goleiro e pelo estilo de jogo."

Melhores goleiros atualmente:

"Gosto muito do Manuel Neuer e do Marc-André Ter Stegen, além dos brasileiros Alisson e Ederson. Para a Seleção Brasileira, o ideal é a qualidade do Alisson aliado ao jogo com os pés do Ederson (risos)"

Time com passagem mais marcante no Brasil:

"Cito 4:

-O Coruripe pelo título estadual ganho e pelo entendimento do presidente, quando recebi a proposta de Macau. 

-O Patrocinense, pois, a qualidade de vida em Patrocínio/MG era muito boa. 

-O Santa Cruz/RN, que possuía, uma estrutura de treino acima da média no Nordeste.

-Por fim, o JV Lideral/MA, que me marcou, pois, não havia preconceito e segregação entre dirigentes, funcionários e jogadores. Tanto o presidente quanto o faxineiro almoçavam juntos. Não havia discriminação no dia a dia Isso foi muito bom para o meu aprendizado como ser humano".

Crédito das fotos: Arquivo pessoal/Batista






segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Especial! Conheça o técnico Mano Polking: brasileiro que há 8 anos trabalha na Tailândia

A Tailândia segue sendo um país periférico no mundo do futebol. Entretanto, nos últimos anos, houve um grande investimento na modalidade, tanto no feminino quanto no masculino.  Isso fez com que a nação do sudeste asiático se tornasse o destino de muitos brasileiros. Dentre esses, quem vem fazendo história é o técnico Mano Polking. Desde 2012, o gaúcho de Montenegro/RS trabalha no futebol tailandês e desde 2014 está a frente do Bangkok United. Sob o comando de 3 equipes locais, Polking, já participou de 230 jogos pela Thai 1 League. 

Gaúcho está no Bangkok United desde 2014
Gaúcho está no Bangkok United desde 2014


No entanto, a trajetória de Alexandre Polking passou por quatro continentes. Como todo guri, inicialmente a tentativa foi dentro das quatro linhas.  O meia-esquerda iniciou a carreira em sua cidade natal, até que aos 18 anos, através de José Asmuz (ex´presidente do Inter/RS), fez teste no Benfica de Portugal. Passou seis meses atuando no time B e depois retornou ao Rio Grande do Sul, onde defendeu o Ypiranga de Erechim/RS e posteriormente o Taquari/RS (este na segunda divisão estadual). Sem sucesso no Brasil,  Mano Polking foi tentar a sorte na Alemanha, e atuou em clubes como  Armínia Bielefeld e Darmstadt 98.

"Eu sempre tive passaporte alemão, pois meu avô era oriundo da Alemanha, logo, através de parentes envolvidos com o futebol acabei conseguindo testes e joguei em clubes tradicionais como Armínia Bielefeld (2002/03 atuando na terceira divisão) e Darmstadt (2004-atuando na segunda divisão). Lá eles gostam muito de jogador brasileiro e isso ajudou na época. Mesmo não sendo times que estavam na primeira divisão, o salário era bom e oferecia uma boa condição de vida", relembrou o treinador de 44 anos em entrevista exclusiva a este blog.

Mano em sua passagem pelo Darmstadt 98 da Alemanha.Imagem: arquivo pessoal/Polking

Em 2004, Polking recebeu uma proposta do Chipre e lá viveria as suas melhores temporadas como atleta. Defendeu o Olympiacos Nicosia entre 2004/06 e 07/08 e o APOEL durante 2006/07.

"No Chipre foi onde vivi meu melhor momento como jogador. No APOEL disputei a repescagem da Liga dos Campeões da Europa e quase fomos à fase de grupos. Fomos eliminados pelo Trabzonspor-TUR. Entretanto, pude sentir a atmosfera de um jogo grande, entre times de 2 países e com estádios cheios. Já pelo Olympiacos, atuei ainda ao lado de Paulo Rink, que acabou se tornando um grande amigo meu", relembrou.

Ao término da temporada 2008, Polking pendurou as chuteiras e recebeu o convite de Winfried Schafer para ser auxiliar-técnico do Al-Ain dos Emirados Árabes Unidos.

"Eu e o Schafer já nos conhecíamos, pois, tínhamos o mesmos agente. O convite foi aceito também, pois, o Al-Ain na época, tinha mandado o Tite embora e o staff seguiria com alguns brasileiros, o que ajudaria na comunicação. Fiquei 2 anos e ganhamos 2 Copas e 1 Recopa. Por lá trabalhei com o Emerson Sheik e o Valdívia, dois craques em campo e com muita personalidade. Embora, seja difícil lidar em algumas situações com atletas assim, o futebol não se faz apenas com jogadores bonzinhos e exemplares.Precisa-se dos malucos geniais. Dá um pouco de trabalho, mas é o preço que se paga (risos)" , emendou.
Polking e  Winfried Schafer. Parceria que passou por 3 países.


Na temporada 2010/11 seguiu como auxiliar de Schafer, mas no FC Baku no Azerbaijão.  Entretanto, viver na nação do leste europeu não foi uma experiência agradável para Mano, por conta do inverno rigoroso e da frieza das pessoas.

"O Azerbaijão investe muito no futebol e querem serem presença constante na Champions League. Entretanto, embora tivesse uma boa estrutura no FC Baku, as pessoas pareciam sempre estar de 'cara amarrada', e lá faz muito frio", revelou.

Em 2011, o brasileiro recebeu o convite de Ernst Middendorp , para ser auxiliar do Golden Warriors, de Durban, na África do Sul, onde permaneceu durante uma temporada.

Em 2012 voltou a trabalhar com Schafer, mas na Seleção da Tailândia e foi auxiliar da principal e posteriormente comandante da sub-23. Até que em 2013 veio o convite para ser treinador do Army United, um modesto clube tailandês. Pela Thai 1, a equipe Verde ficou em sexto lugar, obtendo sua melhor colocação na história.  Em 2014, o brasileiro assumiu o comando do Suphanburi, onde saiu após 14 jogos, por conta de desentendimento com o presidente da equipe. Na ocasião, o clube estava na quinta posição do campeonato nacional.

"A boa campanha no Army United foi o que me fixou como técnico no mercado do futebol. Na temporada seguinte fui para o Suphanburi, mas mesmo com uma campanha boa, o presidente queria intervir no meu trabalho e eu não achei justo. Pedi demissão e em seguida fui para o Bangkok United, onde permaneço até o momento", emendou.

"O Bangkok United é um clube com pouca torcida, mas que na época havia sido adquirido por uma família rica da Tailândia. Quando assumi, o clube lutava contra o rebaixamento e conseguimos a permanência e desde então, há uma grande evolução e hoje estamos entre as principais equipes da nação", continuou.
Mano Polking sendo premiado na Tailândia. Imagem: arquivo pessoal/Polking


Por duas vezes, o Bangkok United foi vice-campeão nacional (2016 e 18) e 1 vez na Copa da Tailândia (2017). Por duas vezes, os Bangkok Angels disputaram a repescagem da Liga dos Campeões da Ásia. Em 2016, Mano Polking foi eleito o treinador do ano na Tailândia. 2016 também foi o ano que o campeonato não acabou, pois, houve a morte do Rei Rama IX e por conta do luto, todas as atividades no País foram suspensas. Logo, as três últimas rodadas foram canceladas.

" Para nós brasileiros é estranho pensar que tudo para por conta do falecimento de um rei. Mas vivendo na Tailândia se percebe essa adoração e compreende o luto deles", explicou.

Em 2020, houve 4 rodadas da Thai 1, e o BUFC liderava a competição, ao lado do Ratchaburi Mitr Phol, com 12 pontos. Entretanto, a competição foi suspensa devido ao surto da COVID-19. Os jogos retornarão apenas no dia 12 de setembro. 

"Temos como meta conquistar o título. É o que falta para coroar o nosso bom trabalho. Batemos duas vezes na trave. Penso que uma hora a sorte estará ao nosso favor. Sei também que sou um treinador 'muito faceiro' e tenho procurado ter uma solidez defensiva maior. Sou adepto de sempre ter a bola e com isso, o adversário fica sem objetivo. Criar espaços e chances de gol é o caminho mais fácil para conseguir a vitória. Claro que um trabalho a longo prazo, como o nosso, ajuda na construção de ideia de jogo", falou Polking.

Os técnicos brasileiros não estão nos principais clubes europeus e as críticas em relação aos seus trabalhos vem aumentando depois da derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha por 7x1 na Copa do Mundo de 2014 e por conta do ótimo trabalho de Jorge Jesus realizado no Flamengo em 2019. O comandante gaúcho acredita que para os treinadores brasileiros falta estudar mais o que vem acontecendo no mundo do futebol.

"Eu sou muito crítico em relação aos técnicos brasileiros e não é coincidência que não haja nenhum brasileiro comandando os principais clubes europeus. Penso que devemos estudar mais e abrir um pouco mais a mente para aceitar que precisamos sempre seguir aprendendo. É claro, que há exceções, mas no geral, penso que podemos ser melhores", opinou.

O contrato do sul-americano com a equipe asiática vai até o final de 2021. Mano pensa em retornar ao Brasil, mas não neste momento. O projeto para voltar ao país de origem seria a longo prazo.

" Para o Brasil só volto quando eu estiver feito a independência financeira. No Brasil, ainda se atrasa muito salário e trabalhar em um ambiente assim não é bom. Aqui na Tailândia em 8 anos, nunca atrasaram um mês sequer. Além disso, há uma demissão muito constante dos técnicos em clubes brasileiros, que é difícil ver em outros países,e isso pesa na hora de voltar ao Brasil", continuou.

Polking trabalhou na Seleção da Tailândia, tanto a principal como a sub-23, e vem acompanhando o desenvolvimento do esporte no país. A equipe masculina tailandesa ainda não disputou uma Copa do Mundo e embora haja uma concorrência forte, o gaúcho acredita que poderemos vê-los debutar no principal torneio de seleções.

"Em 2026 serão 48 participantes. Haverá um aumento de vagas para cada continente e com esse aumento, acredito sim que poderemos ver a Tailândia em uma Copa do Mundo", finalizou.