sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Arquivo! Meia Robert fala sobre sua carreira e a boa passagem pelo Santos

 Bastidores: Essa entrevista aconteceu por telefone. Robert estava em Belo Horizonte/MG para um compromisso profissional (não me recordo o que era exatamente). Ele estava no carro, mas no passageiro (segundo informações do próprio). Durante a conversa a ligação caiu e não consegui retorno.

Somente no dia seguinte foi restabelecido contato com o atleta com passagem marcante pelo Santos/SP. Robert me pediu desculpas pelo ocorrido e disse que a situação está mais tranquila para falar.

Só por este motivo que a entrevista publicada no final de 2014 foi dividida em duas partes.

Atualmente Robet tenta a carreira de treinador de futebol e está no Corinthians -USA.

Confira: 

Nesta sexta-feira, o FutNet segue seu especial com ex-atletas que fizeram história no futebol. 

Esta edição, que foi dividida em 2 partes, relembra a trajetória do meia Robert, campeão brasileiro pelo Santos em 2002.

O soteropolitano de 42 anos foi revelado pelo Olaria/RJ e no Santos em 1995 ficou conhecido nacionalmente. O meia-esquerda ainda falou das frustrações dos vice-campeonatos brasileiro de 1995 pelo Alvinegro da Vila Belmiro e da Libertadores em 2002, pelo São Caetano.

Ainda sobre o Azulão, o ex-futebolista contou um caso curioso: "Quando fui assinar o contrato de empréstimo, disse para a diretoria do São Caetano que tinha um atacante surgindo no Santos, chamado Robinho e que era muito bom de bola. Falei que eles tinham que pegar emprestado também para reforçar o elenco para a Libertadores. Naquela época, o Robinho nem era promessa ainda e os diretores disseram que por ele não ter nome,não compensava trazer. No fim do ano, Robinho foi um dos destaques na conquistado do Brasileirão!"

Confira:
1)Comece falando da sua vida, aonde iniciou a sua carreira e qual foi seu primeiro clube.
Nasci em Salvador/BA, mas com 1 ano de idade minha família se mudou para o Rio de Janeiro/RJ, onde cresci.
Meu primeiro clube foi o Olaria em 1986 (o atleta nasceu em 1971) e fiz categoria de base lá mesmo. Sempre atuei como meia-esquerda. No entanto, em meu primeiro jogo como profissional, contra o Mesquita em uma competição que envolvia apenas os pequenos do Rio de Janeiro, eu joguei de lateral-esquerdo. O titular estava machucado. Havia uma jogada ensaiada entre os alas, em que eles trocavam de posição e em uma dessas jogadas, a bola sobrou para eu chutar e acertei o gol! Ou seja, meu primeiro gol no profissional foi fora da minha posição. Depois desse jogo, atuei na meia, onde me destaquei e consegui uma transferência para o Guarani. Um dirigente do Bugre me viu atuando em um duelo contra o Fluminense e pediu a minha contratação.

2) Atuou em uma época boa do Guarani, onde se relevou grandes jogadores como Djalminha, Luizão, Edílson. O que tinha de bom neste clube de Campinas, que revelou estes atletas?
No Guarani fiquei entre 1992 e 1994 e vi grandes atletas surgirem como os que você citou, mais o Amoroso. Foi um período muito bom do Bugre, onde se tinha uma boa estrutura para treinos e os salários eram pagos em dia. Nos primeiros anos atuei na equipe aspirante e em 1994 tive mais oportunidade no profissional.Uma pena o time nessa má situação. Lamento pelas más administrações e dívidas acumuladas. Torço para eles se reestruturarem.
Voltando a minha carreira, em 1995 fui emprestado ao Rio Branco/SP e fui um dos destaques no Paulistão, marcando gols e dando assistência para outros. Isso fez com que chamasse a atenção do Santos e eu fosse para o litoral.

3)Participou do polêmico vice-campeonato brasileiro, onde os santistas reclamam até hoje da arbitragem de Márcio Rezende de Freitas, na decisão!
Sim. Lembro que cheguei no Santos e nos três primeiros jogos fiquei no banco de reservas. Até que o Cabralzinho assumiu o comando e me deu oportunidade entre os titulares e não saí mais. Chegamos na final e por conta da arbitragem de Márcio Rezende de Freitas ficamos com o vice-campeonato. Infelizmente, este árbitro sempre teve péssimas atuações em decisões, prejudicando outras equipes e conosco não foi diferente em 1995 contra o Botafogo. Nosso time arrancou bem e não alcançou o título.
Final do Brasileiro de 1995

Obs: No jogo de volta da final, Márcio Rezende de Freitas validou um gol de Túlio Maravilha, que estava impedido e invalidou um tento legal de Camanducaia. A partida terminou empatada em 1 a 1. Como o Fogão venceu o duelo de ida por 2 a 1, se sagrou campeão.
Os cariocas se defendem, dizendo que no confronto de ida, Sidrack Marinho anulou um gol legítimo de Túlio Maravilha.

4)Guarda mágoas por conta do ocorrido?
Não guardo. Só lamento a péssima arbitragem.

5) Naquele período o Santos vivia uma seca de títulos. Como era lidar com isso?
A pressão realmente era grande. A torcida do Santos era acostumada a comemorar vários títulos e em meados dos anos 80 o Alvinegro passou por um período de seca. Acredito que aquela geração de 95 ajudou a resgastar o orgulho santista. Eu, Giovanni, Camanducaia, Jamelli e muitos outros. Depois deste vice, ainda fomos campeões em 1997 do torneio Rio-São Paulo e depois (sem Robert no elenco) ganharam a Conmebol em 1998.

6)Falando ainda do Brasileiro de 1995 como foi aquela semifinal épica contra o Fluminense, onde o Santos perdeu o primeiro jogo por 4 a 1 e depois, com um show de Giovanni, venceu por 5 a 2 e foi à final?
Aquela partida do Pacaembu foi sem dúvida a mais emocionante que eu vi ao vivo na minha vida! 
No primeiro confronto, onde perdemos por 4 a 1, eu e o Jamelli fomos expulsos e não pudemos atuar no duelo em São Paulo/SP.
Ficamos na arquibancada vendo tudo. Sofrendo. O legal foi que a torcida apoiou o time e lotou o Pacaembu. Muita gente não acreditava na nossa classificação, mas a nossa torcida sim! Eles sabiam que podíamos ir à final. Lembro quando acabou o primeiro tempo ninguém foi para o vestiário. Ficamos ali na beira do gramado para sentir o calor da torcida. Fizemos 5 a 2, com dois gols do Giovanni e três assistências dele! 
Lembro que eu e o Jamelli nos abraçávamos, chorávamos, depois que conseguimos aquela épica classificação. Sem dúvida, um dos maiores jogos da história do futebol brasileiro.

7)Giovanni era craque?
Sim! E um dos maiores jogadores que eu tive o prazer em atuar.

8)Falando em Santos ainda, você retornou ao clube em 2002, onde foi campeão brasileiro. Era um time desacreditado que chegou ao título. O que lembra daquele período?
Eu me lembro que iniciamos muito mal a temporada, sendo eliminado de forma vexatória no torneio Rio-São Paulo. Ficamos três meses sem atividade. Depois no Brasileirão, fomos aos poucos nos ajeitando. Mas era um time basicamente de garotos. Me lembro de um jogo, contra o São Paulo, na primeira fase, onde perdemos (3 a 2), comigo entrando no segundo tempo e fazendo gol, onde jogamos bem. O São Paulo era o grande time do momento, com Rogério Ceni, Luis Fabiano, Kaká e nós fizemos uma boa partida. A partir dali vi que poderíamos ir longe. Na quartas de final, nos classificamos em oitavo e pegamos o próprio São Paulo, que foi líder, vencemos os dois jogos e fomos avançando. Chegamos a final e fomos campeões!
Me sinto honrado com este título. Foi a recompensa por não ter vencido em 1995!

9)O que achou do rumo que muitas revelações daquele Brasileirão tiveram? Lembrando, por exemplo, que Diego e Robinho, para muitos ficaram abaixo do que podiam produzir.
Acredito que foram muito bem em suas respectivas carreiras. Diego, Robinho, Elano, Alex, Renato foram para Europa e foram campeões pelos seus clubes. Chegaram a atuar na Seleção Brasileira. 
A única coisa que se exigiu e esperou era que o Robinho fosse ser o melhor do mundo e isso não aconteceu. Mas ele teve sim uma grande carreira assim como os demais atletas.

10) Em 2010 houve outro timaço do Santos que encantou o Brasil, onde surgiu Neymar, Ganso, André dentre outros. O que achou daquela equipe?
Era espetacular ver aquele time atuando. Era um time leve, solto e que fazia vários gols. Ganharam o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. Se tivessem jogado a Libertadores, creio que poderiam disputar o título. O Robinho era o mais experiente e ao seu lado surgiram, Ganso, Neymar, André, Wesley, dentre outros. Era muito bonito de ver jogar.

11)Daquela equipe, o Neymar se firmou como o grande craque do Brasil. O que você espera do Ganso e do André?
O Ganso para mim é um grande jogador e se tiver em boas condições físicas e ter sequência de jogo pode ser o Ganso de 2010. As lesões o atrapalharam. Agora no São Paulo ele vem tendo boa sequência e vem sendo um dos destaques do time. Ele é novo e tem muito a evoluir no futebol.
O André um grande goleador. Voluntarioso. No entanto, nota-se que ele depende mais da parte física para render bem. Se ele entender isso, conseguirá ser o grande atleta que se espera.

12)Como você mesmo lembrou, fez parte daquele time do São Caetano vice-campeão da Libertadores em 2002. Como surgiu a oportunidade de atuar no Azulão e por que o time do ABC não foi campeão?
Como dito acima, o Santos ficou três meses em inatividade. Para não ficar parado, me apareceu essa oportunidade de empréstimo do São Caetano para jogar o mata-mata da Liberadores e eu aceitei. 
Chegamos até a final e perdemos aquela decisão para o Olímpia/PAR. Foi uma final fatídica. Ganhamos no Paraguai por 1 a 0 e em São Paulo/SP saímos ganhando por 1 a 0 e no segundo tempo tomamos a virada. A decisão foi para os pênaltis e perdemos! Foi uma pena. Era para coroar o grande trabalho que aquela diretoria fez no início dos anos 2000. Nosso time era muito bom tecnicamente e fisicamente. 

13)Como foi trabalhar com Jair Picerni? Como eram as características dele como treinador?
Ele era um técnico mais motivador e enfatizava muito a marcação dentro de campo. Fez bons trabalhos no São Caetano e faltou um título grande para ele se consagrar.

14)Então valeu a pena atuar naquele curto período no São Caetano?
Sim, valeu! Foi bom para dar ritmo de jogo para retornar ao Santos. Uma situação curiosa é que quando fui assinar o contrato de empréstimo, disse para a diretoria do São Caetano que tinha um atacante surgindo no Santos, chamado Robinho e que era muito bom de bola. Falei que eles tinham que pegar emprestado também para reforçar o elenco para a Libertadores. Naquela época, o Robinho nem era promessa ainda e os diretores disseram que por ele não ter nome,não compensava trazer. No fim do ano, Robinho foi um dos destaques na conquistado do Brasileirão!

Na parte 2, Robert fala sobre sua triste passagem pelo Grêmio, o bom momento vivido no Atlético/MG e muito mais!


Nesta sexta-feira, o FutNet segue seu especial com o meia Robert, iniciado na última semana. Na última parte, o atleta fala de sua ruim passagem pelo Grêmio, pelo bom momento vivido em 1999, além da trágica final da Taça Guanabara em 2006.

Confira:
1)Em 1998 você teve uma passagem conturbada pelo Grêmio. O que houve naquele período?
Minha passagem pelo Grêmio não foi boa. Joguei muito pouco. Tive uma lesão no ligamento cruzado do joelho e demorei para recuperar. Fiquei mal emocionalmente com isso, chegando até ter depressão. Só fui conseguir recuperar meu futebol no Atlético/MG em 1999.

2)No Galo você é lembrado até hoje pela sua passagem por lá.
Sim. 1999 foi um ano maravilhoso para mim. Comecei no plantel do Grêmio que foi campeão da Copa Sul e do Gaúcho. Depois fui para o Atlético/MG, onde ganhei o Campeonato Mineiro, o que não ocorria há três anos, e me destaquei no vice-campeonato brasileiro de 1999. Até hoje é legal ver a torcida do Atlético/MG vir falar comigo daquela campanha no Brasileirão. Minha passagem pelo Galo foi muito boa!

3)Após o título Brasileiro de 2002 (pelo Santos), você teve sua única experiência no exterior que foi no Consadole Sapporo. Como surgiu a oportunidade de ir para o Japão?
No final daquele ano recebi uma proposta do Japão e financeiramente era muito boa e resolvi aceitar. Foi um ano muito bom. Uma experiência ótima viver lá. Queria ter ficado mais tempo, mas ao término do contrato não houve interesse do clube pela minha renovação. Voltei ao Brasil para defender o Corinthians no Brasileirão de 2003. O campeonato já estava em andamento, mas o time sofreu um desmanche de jogadores e com o problema de entrosamento entre os novos atletas, caímos de rendimento na competição e não terminamos bem o ano. Foi bem difícil.

4)Como foi seu período no Bahia?
Após o termino de contrato com o Corinthians, recebi uma proposta do Bahia e me transferi. Queria jogar lá, atuar na terra onde nasci. Foi muito legal. A torcida do Bahia é muito fanática e sempre apoia o time, não importa se está mal, se está bem. É tão fanática quanto a do Atlético/MG.
Naquela ocasião, a equipe havia recém rebaixada à Série B do Brasileiro. Quase conseguimos o acesso de volta. No duelo decisivo contra o Brasiliense, tomamos um gol no final, que nos tirou a classificação à elite. Uma pena! 
Criei uma identificação forte com o Bahia e até hoje torço para eles ficarem na primeira divisão!

5)Você iniciou a carreira no Olaria e acabou no América, dois times de menor expressão do Rio de Janeiro. No Mecão fez parte do time vice-campeão da Taça Guanabara. O que guarda de recordação daquela boa campanha?
Quando terminou meu vínculo com o Bahia fiquei em dúvida se encerrava a carreira. Até que o técnico Jorginho (atualmente na Ponte Preta) ligou me convidando para atuar no América. Fomos bem e no primeiro turno chegamos até a final, onde fomos bastante prejudicados. Fizemos uma boa partida contra o Botafogo, mas o juiz (William de Souza Nery) nos sacaneou muito(derrota por 3 a 1). Não deu pênalti a nosso favor, não expulsou jogador do Botafogo quando deveria. Fizeram de tudo para o Botafogo ganhar aquele jogo. Uma das piores arbitragens que eu já presenciei. 

6)Após aquele Campeonato Carioca, você encerrou a carreira. Se sente realizado?
Na realidade quando comecei a jogar bola minha meta era ir para um país, tipo a Arábia Saudita e ganhar um dinheiro e abrir uma loja no Brasil. Normalmente jogador quando inicia a carreira em time pequeno é assim que eles pensam. Conheço alguns casos. Mas eu fui mais longe do que eu imaginava! Atuei em vários clubes grandes, cheguei em três finais de Campeonato Brasileiro, ganhei uma, fui convocado para a Seleção Brasileira em 6 oportunidades, sendo que uma delas foi a Copa das Confederações em 2001. Me sinto realizado sim!

7) De todos os times que atuou, qual você tem mais identificação?
Tenho forte identificação com Atlético/MG, Bahia, São Caetano, América, mas o maior é o Santos. Atuei durante seis anos no time da Vila Belmiro, fui campeão brasileiro, minha primeira convocação foi quando jogava por lá. A torcida do Santos é a que mais vem falar comigo, relembrar os bons momentos. Muita gente também me associa dizendo: ‘Olha o Robert ,ex-Santos’.

8)Por fim, o que faz atualmente e aonde vive?
No momento, moro em Santos/SP. Escolhi morar aqui, pois é onde vivem meus filhos. Tem um de 16 anos que joga nas categorias de base do Santos (Patrick Gomes Almeida, atacante) e quero acompanhar o início da carreira dele.
Depois que me aposentei dos gramados, fiz uma prova para ser agente Fifa e passei em 2007. São seis anos nessa profissão. No entanto, estou fazendo cursos para virar técnico e espero em 2014 encontrar uma equipe para treinar. Quero voltar a sentir o futebol mais de perto. A adrenalina de um jogo.

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