segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Exclusivo! Zagueiro Alex Avila fala sobre suas 'aventuras`por Ruanda, Macau e Laos!

Nesta postagem trago uma reportagem com o zagueiro Alex Avila, que após passar por clubes pequenos do Brasil, conseguiu fazer sua carreira no exterior, principalmente na Ásia. É  a primeira vez que um veículo de imprensa aborda toda a carreira deste jogador.

O carioca de 34 anos iniciou sua trajetória no modesto Campo Grande/RJ. Sempre atuando como defensor.

Alex Ávila (terceiro agachado da esq.p/dir) em uma viagem à Itália..Ao seu lado está o atacante Vagner Love

Duas vezes por ano, o Galo da Zona Oeste viajava à Itália. Em uma dessas passagens pela 'Bota`,  Alex Avila Peixoto conquistou seu primeiro título como atleta.

" Joguei dois torneios na Itália, o Romeu e Julieta e o Torneio Internazionale de Calcio (venceu este). Enfrentamos Barcelona/ESP, Juventus/ITA, Atalanta/ITA , além do Mônaco/FRA, onde vencemos na final.Dávamos o nosso melhor em campo, pois sabíamos que era uma oportunidade única estar enfrentando os principais clubes da Europa. Queríamos mostrar serviço, além claro, de passar uma boa imagem do futebol brasileiro", relembrou com exclusividade ao Arquivos e Histórias F.C., o futebolista, que na ocasião tinha 17 anos.

Aos 18 anos, o atleta se transferiu para o Kindermann/SC.  Passou uma temporada nos juniores da equipe de Caçador/SC e na sequência se transferiu para o Juventus/SP.

Pela agremiação paulistana, o jogador nascido no dia 17/06/1982 disputou a Copa São Paulo de Juniores, onde venceu os três jogos da primeira fase (Coritiba/PR, Náutico/PE, Guarulhos/SP) e foi eliminado no mata-mata para a Inter de Limeira/SP. No entanto, no último jogo do Moleque Travesso, o zagueiro lesionou a parte posterior da coxa direita e não pode integrar o elenco principal que disputaria o Campeonato Paulista.

Lesionado, Avila só voltaria a atuar em 2004 e faria sua estreia como profissional no desconhecido Amadense na primeira divisão do Campeonato Sergipano. O alviverde de Tobias Barreto/SE acabou fazendo uma campanha mediana no estadual.

"Vivia em um hotel de Tobias Barreto. A cidade era pequena (51 mil habitantes de acordo com IBGE/14) e simples. Treinávamos no estádio do clube (Brejeiro). A estrutura era simples, mas não era precária", recorda Alex.

Em 2005, o defensor volta ao seu estado natal para defender o Olaria. A equipe da Rua do Bariri foi a única em que Alex permaneceu mais de uma temporada. O atleta lamentou não poder atuar na estreia do Carioca diante do Flamengo, onde o Azulão venceu por 3 a 0.

"Me preparei muito para atuar na estreia diante do Flamengo no Maracanã. Estávamos concentrados em um hotel na Barra da Tijuca. No mesmo dia da partida me deram a notícia que a minha documentação não ficou pronta e não pude entrar em campo", recordou .

Apesar de ter ido muito bem na primeira jornada, o Olaria acabou ficando na lanterna do estadual e foi rebaixado. Ao término da competição, o defensor se transferiu, por empréstimo, ao São Cristóvão, onde fala que não teve boas recordações.

"Atuar em uma segunda divisão estadual é sempre mais complicado. A organização do campeonato e dos clubes é sempre precária e os estádios estão sempre vazios. O jogador acaba ficando desmotivado. No São Cristóvão foi a primeira vez que convivi com atraso de salário e isso é terrível. Acaba perdendo o foco na competição", afirmou.

Em 2006 atuou pouco, pois teve uma lesão no púbis e ao término de seu contrato com o Olaria, se transferiu em 2007 para o Sorriso/MT,onde disputou a Primeira Divisão do Mato-Grossense.A equipe do Centro-Oeste fez uma campanha discreta no estadual. Com o término da competição, Alves se desligou da equipe e foi viver em Curitiba/PR. Se casou e deu um tempo no futebol de campo. Participava apenas de jogos em gramados sintéticos.

Mesmo sem jogar profissionalmente, o futebolista não cogitou abandonar a carreira e a oportunidade apareceu em 2009 para ir à Tailândia. Como a temporada no país asiático estava em andamento, o brasileiro não conseguiu se inscrever a tempo. Ficou treinando em separado e mantendo a forma no Navy Raiong. Até que no fim deste mesmo ano, o defensor foi relacionado para participar de um amistoso contra um time do Vietnã.Após esta peleja amigável, o carioca deu início a sua trajetória no futebol asiático.

"Eu fui relacionado para um amistoso contra uma equipe vietnamita e após a partida, fui contratado pelo Navy Raiong. Fiquei sabendo depois que quem pediu esta chance a mim foi o agente Fábio Luciano Silva. Até então eu não o conhecia. Mas ele já trabalhava com o futebol asiático e leva muitos brasileiros para este mercado. Ele ficou sabendo da minha situação e me ajudou a fechar contrato com a equipe tailandesa", recorda.

Sua primeira temporada, em 2010, Alex Ávila afirma que foi difícil, pela adaptação a uma nova cultura, principalmente a culinária.

"Todo início há uma dificuldade de adaptação, mas depois vamos nos acostumando. O mais difícil foi a comida, pois lá os pratos são muito apimentados. Um tempero muito forte. Depois de uns meses a minha esposa veio morar comigo e passou a cozinhar para mim. Ficou mais fácil", explicou para posteriormente falar que não houve problemas em relação a religião.

"Religião não foi problema para mim. Aqui a maioria da população é budista e a seguem muito. No entanto, nunca questionaram a minha religião", revelou.

Após passar pelo Navy Raiong, o sul-americano em 2011 se transferiu para o Angthong, onde diz ter tido um desempenho melhor por já está mais adaptado à Tailândia.

Em 2012, mudou o ano e também o clube, o país e o continente. Alex Ávila se transferiu para o APR F.C. e fez história ao ser o primeiro brasileiro a defender uma equipe de Ruanda. Pelo país da África Central, o defensor foi campeão do torneio de verão (pré-temporada), o campeonato nacional e a MTN Cup (uma espécie de `Copa do Brasil`de lá). O clube de Kigali ainda disputou a Champions League Africana, sendo eliminado na segunda fase.

"Futebolisticamente falando foi o país que mais gostei de atuar. Um futebol mais pegado, onde tem mais contato. Não era igual aos campeonatos asiáticos, onde os jogadores por serem mais miúdos os árbitros marcam falta em qualquer encontrão. Em Ruanda o futebol é bem competitivo. Os estádios estão sempre cheios e a população é muito fanática por futebol.  O APR FC é o principal clube do País e em 2012 estava fazendo altos investimentos para ir bem na Champions League Africana. Contratou alguns estrangeiros para atuar no clube. Eu fui o primeiro brasileiro a atuar em Ruanda. Depois vieram outros, inclusive para o APR F.C. Apesar de ter ganho três títulos, não fomos bem no torneio continental, sendo eliminado na segunda fase. Sem esse objetivo alcançado, os investimentos pararam e os estrangeiros saíram do clube", explicou o atleta tupiniquim.
Alex em sua passagem vitoriosa por Ruanda


Após passar um período de férias no Brasil, Alex Ávila voltou para a Tailândia em 2014 onde defendeu o Laem Chambang. Em 2015 foi se aventurar em Macau e afirma que foi o melhor país que viveu.

" Em 2015 defendi o Windson Arch Kai e fui campeão da Taça de Macau. Foi o melhor país que vivi. Lá há pouca pobreza, um povo acolhedor e praias muito bonitas. Também tem seu lado `Las Vegas`, pois há muitos cassinos. Dentro de campo, o nível técnico é bom. Há muitos portugueses atuando em Macau, o que aumenta o nível de competitividade. A estrutura de treino é muito boa. Os pagamentos também e em dia. Só lamento o fato da população local não ser muito fã de futebol, o que faz com que os jogos tenham pouco público e é muito chato jogar em estádios vazios. O esporte que ainda predomina em Macau é o tênis de mesa", explicou.

Um dos idiomas oficiais de Macau é o português. No entanto, o brasileiro disse que apenas as pessoas mais velhas falam a língua lusófona.
Campeão em Macau

"É difícil achar alguém aqui que fala português. São as pessoas mais velhas que falam o português. Eu mesmo encontrei apenas um homem. Ele falava enrolado, mas dava para entender", relembrou.

Em 2016, o zagueiro se transferiu para Laos e acredita que foi a sua pior experiência dentro de campo já vivida.

"Dentro de campo foi a minha pior experiência. Meu contrato com o Nuol F.C. (time onde jogou e terminou na quinta posição no campeonato nacional) se encerrou e não pretendo renovar. Laos ainda está muito atrasado em relação a futebol.Precisam trazer mais técnicos e jogadores estrangeiros para desenvolver o esporte local. Os treinos ainda são muito fracos. Os dirigentes ainda não se preparam bem para receber os atletas de outros países. Um exemplo são as viagens. Quando vamos para um hotel, muitas vezes não tem comida para estrangeiros. Nós que somos de fora temos que achar um local para comer. Aqui eles tem costume de comer sopas, mas são muito fracas. Não sustentam para um estrangeiro e por isso temos que sair atrás de restaurante que sirva alimentação para quem é de fora", disse o jogador.

Avila em sua passagem não muito boa por Laos

Por fim, Alex Avila afirma que não sabe onde irá atuar em 2017, mas sua preferência é seguir na Ásia. Aos 34 anos, o futebolista afirma que ainda não faz planos para aposentadoria e enquanto tiver saúde seguirá atuando.

Crédito das fotos: arquivo pessoal/Alex Avila

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