Bastidores: Esse parágrafo não é bem bastidor. Escrevi 'Bastidores' para manter o padrão de outras publicações. Agora vamos ao que interessa.
Entrevistar brasileiros que se aventuram 'mundo afora' é uma das situações mais legais no jornalismo. Acabamos conhecendo mais que o futebol de um país e sim sua cultura e história.
Uma das reportagens mais curiosas que fiz foi com o centroavante Jean Silva. Em agosto de 2013 (data da publicação no FutNet), Jean já havia rodado alguns estados do nosso País e Uruguai, chegando até trabalhar fora do futebol para se sustentar. No entanto, conhecendo um novo empresário, este o levou até Bangladesh!! Por lá, o gaúcho de Canoas/RS atuou na equipe com mais torcedores e conseguiu engrenar sua carreira no futebol. Há quase 3 anos, quando o entrevistei pela primeira vez, Jean estava acertando para atuar com um time da segunda divisão de Malta.
Entrei em contato com o futebolista de 26 anos para saber sobre seu atual momento e onde estava jogando.
Sua vida de 'andarilho' seguiu e o próprio afirmou a este blog que após a passagem por Malta, ficou 4 meses sem entrar em campo, até que apareceu uma proposta de um time da Romênia, mas por falta de acerto de valores, acabou não se concretizando. Mais cinco meses parado, jogando apenas no amador (onde recebia alguma graninha). No meio da temporada 2014/15, seu destino foi novamente à Europa. A Finlândia mais especificamente. Passou por três clubes nesse período. BK-46 ( 6 jogos e 4 gols),depois Ekenas Sport Clube (10 jogos e 11 gols) e em 2016 atuou no Esport Honka , entrando em campo 12 jogos e anotando 11 gols, indo à elite do futebol daquela nação.
Confira a matéria:
Nesta sexta-feira, o FutNet traz mais uma reportagem com jogadores que foram se aventurar em destinos pouco comum aos brasileiros.
O ‘bola da vez’ é o atacante Jean Silva que atuou em Bangladesh e no momento faz testes no Zebbug Rangers, de Malta.
O atleta de 23 anos iniciou sua carreira no futsal,aos 7 anos, em Canoas/RS, na Grande Porto Alegre, onde nasceu. Aos 10, foi para o campo, onde viveu bons e maus momentos até se firmar no futebolista profissional.
Em sua cidade natal, atuou por duas equipes, onde chegou a conquistar títulos. Até que aos 14 anos foi para o Cerâmica, onde ficou uma temporada, mas devido a dificuldade em se locomover até Gravataí, acabou saindo. A partir de 2005, sua carreira foi marcada por troféus e perambulações entre equipes, inclusive uma do futsal.
“ Em 2005, defendi o Oriente, de Canoas e neste ano fomos campeões do Bolamar e da Copa Paquetá. Em 2006 voltei para o Cerâmica, onde fiquei mais um ano. Em 2007 retornei ao futsal, onde joguei por meio ano, até que recebi uma oportunidade para atuar no Gepol, um time de Osório. O clube não tinha muita estrutura, mas todos me acolheram muito bem lá. Joguei Campeonato Gaúcho, Copa Osório e fui levado para fazer um teste no Juventude, mas não passei. Em 2008, me levaram para a Portuguesa/SP onde fiquei durante dois meses e fui reprovado. O discurso tanto no Juventude como na Portuguesa era o mesmo: ‘ Você tem potencial, mas não é o perfil que estamos procurando no momento. Não desista de seus sonhos’ . Sempre esse papo (risos). Voltei para o Rio Grande do Sul, onde disputei um estadual de juniores pelo Rio Grande e com o término do torneio, consegui uma vaga no 7 de Setembro,onde joguei o Campeonato Sul-Matogrossense de juniores. Três meses depois retornei a Canoas e me dediquei a concluir o Ensino Médio, no qual eu havia parado por conta da carreira futebolística”, explicou Silva.
Em 2009, a convite do Gepol, retornou ao clube do litoral rio-grandense e lá ficou até 2010, onde conquistou um estadual de juniores.
Em 2011, já tendo que atuar como profissional, foi tentar a carreira na Bahia e no Uruguai, mas em ambos não foi feliz, não chegando a entrar em campo.
“ Um empresário me viu jogando pelo Gepol em 2010 e me convidou para fazer um teste no time de Alagoinhas/BA. Eu fui, passei, mas acabei não sendo aproveitado. Fiquei apenas em alguns jogos no banco de reservas, mas nem entrei em campo. Voltei para Canoas, comecei a trabalhar no mercado de um amigo meu (para qual ele já tinha trabalhado antes), até que em 2012 me indicaram para ir ao Cerro, do Uruguai, onde fiz pré-temporada e gols em alguns amistosos. No entanto, lá só podem atuar 3 estrangeiros por partida e o nosso time já tinha cinco (quatro brasileiros e um argentino). Receoso por não conseguir jogar, aceitei um convite do Cerrito, outra agremiação uruguaia. Mas logo me arrependi, pois era um clube sem estrutura e não tinham me dado nem moradia. Acabei novamente voltando para Canoas”, lamentou.
No entanto, em 2012 ele conheceu seu atual empresário que lhe arrumou um emprego em Bangladesh e foi onde viveu seu melhor momento na carreira.
“ Meu empresário, Matheus Assef Pereira, enviou um vídeo meu para um clube de Bangladesh que gostou do que viu. Daí me chamaram para fazer uma avaliação. O problema é que eu não tinha dinheiro para ir à Ásia, até que o Matheus pagou uma parte da passagem e a minha vó a outra. Lá em duas semanas de testes eu fui aprovado e contratado”, disse o centroavante.
Jean atuou no Abahani Crica Chakra, o principal clube daquela nação e com a maior torcida.Muitos atletas do elenco faziam parte da seleção nacional. Em sua primeira temporada,o brasileiro foi o destaque do time levando-o ao título de campeão nacional.
“ Cheguei na segunda fase do Campeonato de Bangladesh. Faltavam sete jogos para o término. Atuei em seis, fiz três gols e fomos campeões! Fiz gols que foram importantes na busca pelo título e fui considerado um dos destaques do campeonato”, afirmou o gaúcho que disse que foi muito bem tratado pelo povo de lá e pela torcida de seu clube.
“O povo de lá é muito gentil e eles gostam de brasileiro. A torcida que ia ao estádio gritava meu nome e em shoppings o torcedor me reconhecia e vinha falar comigo. Aquela época foi bem legal”, emendou.
Um dos motivos, segundo Jean, pelo qual o futebol lá não é forte, é que aquela população prefere o críquete do que o esporte praticado com os pés.
“ O esporte número 1 deles é o críquete. Aqui no Brasil, uma criança sempre ganha de presente uma bola de futebol. Lá, a criança ganha um taco de críquete. Eles são fanáticos por esta modalidade.”
Jean vivia em Daca, na capital e afirma que a qualidade de vida lá é muito ruim.
“Viver em Bangladesh é muito difícil. É um país muito pobre. As pessoas trabalham muito e ganham pouco. Não tem tempo para o lazer. Há pouco cuidado com a higiene lá. As ruas são sujas, o transito caótico, os ônibus sempre superlotados.”
“Além disso, lá é uma cultura totalmente diferente da do brasileiro. A religião islâmica tem uma influência muito forte. Lá não há lugares para se divertir a noite, por exemplo. Bebidas alcoólicas e bares são proibidos por lá. Não podiam nem fazer festas a noite”, explicou.
A língua oficial naquele país asiático é o Bengali. Jean disse que aprendeu pouco do idioma local e ao ser questionado de como se comunicava lá, afirmou que era um mistério.
“ Como eu me comunicava lá era um mistério. Eu dava um jeito de falar com os meus colegas, tentar entender o linguajar do futebol. Eu dava um jeito. Aprendi pouca coisa em Bengali”.
Silva acabou saindo do Abahani, pois segundo o próprio, a equipe entrou em crise financeira e teve redução de custo. O salário que recebia que era bom, acabou reduzido pela metade e ficou dois meses atrasados. Com isso, o centroavante pediu demissão e inicialmente a diretoria não quis. No entanto, o sul-americano inistiu e acabou rescindindo o contrato. Depois sua ex-agremiação quitou os débitos.
No momento, o atleta está fazendo testes no Zebbug Rangers, equipe recém-promovida à Série B do Campeonato de Malta.
Jean vem participando da pré-temporada desta nação que fica no sul da Europa, chegando a participar de um amistoso contra times da elite local, atuando como titular.
“Malta é um país muito bonito. Já se assemelha mais ao Brasil. Estou gostando daqui por enquanto, aparenta ser uma localidade bem estruturada e moderna. Espero ser aprovado. Em Bangladesh, apesar das dificuldades de viver por lá, eu agradeço muito ter passado uma temporada naquela nação. Aprendi muito com a vida e foi Bangladesh que me trouxe de volta ao futebol”, finalizou.
Jean atuando em Bangladesh Crédito: divulgação |
Confira a matéria:
Nesta sexta-feira, o FutNet traz mais uma reportagem com jogadores que foram se aventurar em destinos pouco comum aos brasileiros.
O ‘bola da vez’ é o atacante Jean Silva que atuou em Bangladesh e no momento faz testes no Zebbug Rangers, de Malta.
O atleta de 23 anos iniciou sua carreira no futsal,aos 7 anos, em Canoas/RS, na Grande Porto Alegre, onde nasceu. Aos 10, foi para o campo, onde viveu bons e maus momentos até se firmar no futebolista profissional.
Em sua cidade natal, atuou por duas equipes, onde chegou a conquistar títulos. Até que aos 14 anos foi para o Cerâmica, onde ficou uma temporada, mas devido a dificuldade em se locomover até Gravataí, acabou saindo. A partir de 2005, sua carreira foi marcada por troféus e perambulações entre equipes, inclusive uma do futsal.
“ Em 2005, defendi o Oriente, de Canoas e neste ano fomos campeões do Bolamar e da Copa Paquetá. Em 2006 voltei para o Cerâmica, onde fiquei mais um ano. Em 2007 retornei ao futsal, onde joguei por meio ano, até que recebi uma oportunidade para atuar no Gepol, um time de Osório. O clube não tinha muita estrutura, mas todos me acolheram muito bem lá. Joguei Campeonato Gaúcho, Copa Osório e fui levado para fazer um teste no Juventude, mas não passei. Em 2008, me levaram para a Portuguesa/SP onde fiquei durante dois meses e fui reprovado. O discurso tanto no Juventude como na Portuguesa era o mesmo: ‘ Você tem potencial, mas não é o perfil que estamos procurando no momento. Não desista de seus sonhos’ . Sempre esse papo (risos). Voltei para o Rio Grande do Sul, onde disputei um estadual de juniores pelo Rio Grande e com o término do torneio, consegui uma vaga no 7 de Setembro,onde joguei o Campeonato Sul-Matogrossense de juniores. Três meses depois retornei a Canoas e me dediquei a concluir o Ensino Médio, no qual eu havia parado por conta da carreira futebolística”, explicou Silva.
Jean em seu atual clube, Esport Honka. Crédito: divulgação |
Em 2009, a convite do Gepol, retornou ao clube do litoral rio-grandense e lá ficou até 2010, onde conquistou um estadual de juniores.
Em 2011, já tendo que atuar como profissional, foi tentar a carreira na Bahia e no Uruguai, mas em ambos não foi feliz, não chegando a entrar em campo.
“ Um empresário me viu jogando pelo Gepol em 2010 e me convidou para fazer um teste no time de Alagoinhas/BA. Eu fui, passei, mas acabei não sendo aproveitado. Fiquei apenas em alguns jogos no banco de reservas, mas nem entrei em campo. Voltei para Canoas, comecei a trabalhar no mercado de um amigo meu (para qual ele já tinha trabalhado antes), até que em 2012 me indicaram para ir ao Cerro, do Uruguai, onde fiz pré-temporada e gols em alguns amistosos. No entanto, lá só podem atuar 3 estrangeiros por partida e o nosso time já tinha cinco (quatro brasileiros e um argentino). Receoso por não conseguir jogar, aceitei um convite do Cerrito, outra agremiação uruguaia. Mas logo me arrependi, pois era um clube sem estrutura e não tinham me dado nem moradia. Acabei novamente voltando para Canoas”, lamentou.
No entanto, em 2012 ele conheceu seu atual empresário que lhe arrumou um emprego em Bangladesh e foi onde viveu seu melhor momento na carreira.
“ Meu empresário, Matheus Assef Pereira, enviou um vídeo meu para um clube de Bangladesh que gostou do que viu. Daí me chamaram para fazer uma avaliação. O problema é que eu não tinha dinheiro para ir à Ásia, até que o Matheus pagou uma parte da passagem e a minha vó a outra. Lá em duas semanas de testes eu fui aprovado e contratado”, disse o centroavante.
Jean atuou no Abahani Crica Chakra, o principal clube daquela nação e com a maior torcida.Muitos atletas do elenco faziam parte da seleção nacional. Em sua primeira temporada,o brasileiro foi o destaque do time levando-o ao título de campeão nacional.
“ Cheguei na segunda fase do Campeonato de Bangladesh. Faltavam sete jogos para o término. Atuei em seis, fiz três gols e fomos campeões! Fiz gols que foram importantes na busca pelo título e fui considerado um dos destaques do campeonato”, afirmou o gaúcho que disse que foi muito bem tratado pelo povo de lá e pela torcida de seu clube.
“O povo de lá é muito gentil e eles gostam de brasileiro. A torcida que ia ao estádio gritava meu nome e em shoppings o torcedor me reconhecia e vinha falar comigo. Aquela época foi bem legal”, emendou.
Um dos motivos, segundo Jean, pelo qual o futebol lá não é forte, é que aquela população prefere o críquete do que o esporte praticado com os pés.
“ O esporte número 1 deles é o críquete. Aqui no Brasil, uma criança sempre ganha de presente uma bola de futebol. Lá, a criança ganha um taco de críquete. Eles são fanáticos por esta modalidade.”
Jean vivia em Daca, na capital e afirma que a qualidade de vida lá é muito ruim.
“Viver em Bangladesh é muito difícil. É um país muito pobre. As pessoas trabalham muito e ganham pouco. Não tem tempo para o lazer. Há pouco cuidado com a higiene lá. As ruas são sujas, o transito caótico, os ônibus sempre superlotados.”
“Além disso, lá é uma cultura totalmente diferente da do brasileiro. A religião islâmica tem uma influência muito forte. Lá não há lugares para se divertir a noite, por exemplo. Bebidas alcoólicas e bares são proibidos por lá. Não podiam nem fazer festas a noite”, explicou.
A língua oficial naquele país asiático é o Bengali. Jean disse que aprendeu pouco do idioma local e ao ser questionado de como se comunicava lá, afirmou que era um mistério.
“ Como eu me comunicava lá era um mistério. Eu dava um jeito de falar com os meus colegas, tentar entender o linguajar do futebol. Eu dava um jeito. Aprendi pouca coisa em Bengali”.
Silva acabou saindo do Abahani, pois segundo o próprio, a equipe entrou em crise financeira e teve redução de custo. O salário que recebia que era bom, acabou reduzido pela metade e ficou dois meses atrasados. Com isso, o centroavante pediu demissão e inicialmente a diretoria não quis. No entanto, o sul-americano inistiu e acabou rescindindo o contrato. Depois sua ex-agremiação quitou os débitos.
No momento, o atleta está fazendo testes no Zebbug Rangers, equipe recém-promovida à Série B do Campeonato de Malta.
Jean vem participando da pré-temporada desta nação que fica no sul da Europa, chegando a participar de um amistoso contra times da elite local, atuando como titular.
“Malta é um país muito bonito. Já se assemelha mais ao Brasil. Estou gostando daqui por enquanto, aparenta ser uma localidade bem estruturada e moderna. Espero ser aprovado. Em Bangladesh, apesar das dificuldades de viver por lá, eu agradeço muito ter passado uma temporada naquela nação. Aprendi muito com a vida e foi Bangladesh que me trouxe de volta ao futebol”, finalizou.
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