Bom, vamos a primeira republicação das
minhas matérias. É sempre difícil saber por qual começar. Decidi iniciar pelo
final. A minha última grande matéria. Sobre os 20 anos da polêmica final do
Campeonato Brasileiro de 1995 entre Santos x Botafogo, vencida pelos cariocas.
crédito da foto: Agência Estado |
Naquela ocasião eu tinha apenas
dez anos e lembro das lambanças de Márcio Rezende de Freitas. Carrasco até hoje
dos Santistas e desde de 2005 também dos Colorados.
Indo agora para dezembro de 2015, o mais legal foi ter conseguido conversar com atletas que atuaram naquela campanha marcante do vice-campeonato do Santos, reverenciado até hoje pelo clube do litoral paulista e seus torcedores. Para mim,um sonho realizado conseguir falar com os agora ex-jogadores.
Há entrevistas com o ex-zagueiro Narciso, os meio-campistas Carlinhos e Robert e o atacante Camanducaia.
Por fim, colocarei também a declaração do ex-zagueiro Wilson Gottardo campeão pelo Botafogo e que rechaça as reclamações dos santistas.
Confira:
Especial BR-95!
Jogadores relembram a polêmica final entre Santos x Botafogo!
Nesta quinta-feira se completa 20 anos da final entre Santos e Botafogo pelo Campeonato Brasileiro de 1995. A decisão no Pacaembu e os erros do trio de arbitragem liderado por Márcio Rezende de Freitas não são esquecidos pelo Alvinegro Paulista.
A última conquista dos santistas havia sido o Estadual de 1984. A chance de sair da fila era um inédito Brasileirão ( à época, as edições de 1959 a 70 não eram considerados Campeonatos Brasileiros).
O regulamento de 1995 dividiu as 24 equipes em 2 grupos de 12. No primeiro turno, os times se enfrentavam dentro de suas chaves.
O campeão de cada uma já estava garantido na semifinal. No returno, as agremiações do grupo A enfrentavam as da chave B e os campeões de cada uma iam à semifinal. Palmeiras, Fluminense, Botafogo e Santos foram os garantidos.
Os comandados de Cabralzinho estavam em ascensão na temporada e sob a liderança de Giovanni, um jovem promissor que viraria ídolo, a torcida poderia sonhar novamente com um título.
O rival da semifinal foi o Fluminense, onde na ida os cariocas venceram por 4 a 1 e na volta, em atuação histórica e destacada de Giovanni, o Santos venceu por 5 a 2 e se garantiu na decisão.
O adversário da decisão seria novamente um clube do Rio de Janeiro: o Botafogo. Na ida o Fogão venceu por 2 a 1 e o no duelo decisivo no Pacaembu empate em 1 a 1 e com muita reclamação santista.
“Chegamos na final e por conta da arbitragem de Márcio Rezende de Freitas ficamos com o vice-campeonato. Infelizmente, este árbitro sempre teve péssimas atuações em decisões, prejudicando outras equipes e conosco não foi diferente em 1995 contra o Botafogo. Nosso time arrancou bem e não alcançou o título”, disse o ex-meia Robert, em entrevista ao FutNet em 2013.
Aos 24 minutos de jogo, falta na lateral do campo para a equipe visitante. Gonçalves lança a bola na área dos anfitriões, Túlio cabeceia e faz 1 a 0. Reclamação santista alegando impedimento do centroavante.
“Na hora do lance, eu estava no ‘primeiro pau’ e vi o Túlio impedido. Tanto que levantei a mão no mesmo instante, mas a arbitragem validou o tento. No intervalo, nós vimos pela televisão que o gol havia sido irregular. O próprio pessoal da TV nos falou isso. Quando voltávamos para o segundo tempo eu fui até o Márcio Rezende de Freitas e avisei o equívoco. Ele saiu pela ‘tangente’ e disse que validou porque o bandeirinha havia legalizado o lance”, disse o ex- volante Carlinhos em entrevista exclusiva aoFutNet.
Logo no primeiro minuto da segunda etapa, o Santos vai ao ataque com Marquinhos Capixaba que invade à área, mas a bola vai muito longa e este, na dividida com um atleta botafoguense, põe o braço na bola que na sequência sobre para Marcelo Passos finalizar e empatar. 1 a 1.
No final do cotêjo, Marcelo Passos, em cobrança de falta, manda a pelota na área o Botafogo, Camanducaia no meio de dois marcadores cabeceia e faz 2 a 1. No entanto, o bandeirinha invalidou o gol, o que gerou protesto e revolta nos santistas.
“O MarceloPassos bateu a falta lateral, eu antecipei o zagueiro e fiz o gol. Após o tento, sai para comemorar e o Marcio Rezende marcou impedimento. O bandeirinha deu gol, mas o Márcio anulou o lance. Nem olhou para o bandeira. O curioso é que no gol do Túlio ele validou, mesmo estando muito impedido. Foi muito erro para uma final”, relembrou Camanducaia em entrevista ao FutNet
“ É verdade que o Botafogo era um bom time e o Wagner fez grandes defesas durante o jogo, mas os erros de arbitragem foram decisivos para o resultado final. No nosso gol, disseram que Marquinhos Capixaba , na dividida, encostou na bola com o braço. Mas era um lance que ocorreu no chão, carrinho, tudo muito rápido. No gol do Camanducaia, o bandeirinha validou o gol, mas o Márcio (Rezende de Freitas) não. Márcio sabia que já tinha prejudicado a gente no primeiro tempo e cometeu este equívoco novamente. Mesmo anulando o nosso primeiro gol e o tento do Botafogo e validasse o do Camanducaia venceríamos por 1 a 0 e seríamos campeões. No entanto, não guardo mágoas do Márcio e prefiro acreditar que não teve má-fé e errou pois todos nós estamos sujeitos a errar”, emendou Carlinhos.
“Havia 11 anos que o Santos estava na fila e era a nossa chance de ganhar um título. Infelizmente, ocorreram esses erros que prejudicaram todo nosso planejamento. Chegamos a reclamar para o Márcio, mas juiz raramente volta de suas decisões”, disse o ex-zagueiro Narciso em entrevista exclusiva ao FutNet.
Camanducaia ainda relembrou o encontro que teve com o ex-árbitro em um aeroporto e este comentou sobre a final e os equívoco em campo.
“Em 2006 e eu estava atuando pelo Ipatinga e estávamos no aeroporto de Belo Horizonte/MG e encontrei com o Márcio Rezende de Freitas. Este virou para mim e disse:’há duas pessoas que tem raiva de mim por conta daquele jogo. Você e o Milton Neves (jornalista).’ Eu afirmei que não tinha raiva dele e que erros acontecem. Falei que tive uma carreira vitoriosa no futebol, atuei no mesmo time que revelou o Pelé e cheguei a uma final de brasileiro. Não tinha motivos para guardar mágoas dele. Até porque sei que o Márcio já assumiu, em entrevistas, que errou naqueles lances.Afirmei ao próprio que a vida segue e ‘bola para frente”’, contou Camanducaia.
Apesar de toda a polêmica, os atletas relembram com carinho daquele time e afirmam que o vice-campeonato fez com que o Santos voltasse a lutar por títulos.
“O tíulo não veio, mas lembro com carinho daquele time, resgatamos o orgulho santista. A gente estava na decada de 90 um degrau atrás dos grandes de São Paulo, em termos de mídia e da própria torcida não acreditar tanto no time. Até hoje quando torcedores me encontram na rua, falam daquele time com emoção e a importância daquela campanha. Todos sempre falam dos erros de arbitragens e nunca dos nossos.Aquele vice-campeonato deu uma virada no clube. Em 96, o Santos reformou a Vila Belmiro, fez o CT, deu estrutura , em 97 ganhou o Rio-São Paulo e trabalhou para vir gerações de talento. O resultado foi o título brasileiro de 2002, onde revelou Diego, Robinho e outros jogadores”, afirnou Carlinhos, 44 anos e que atualmente tem uma empresa de equipamentos pesados e dá treinos de futebol em uma escola no bairro Vila Carolina (capital paulista) para garotos entre 11 e 17 anos.
“ O Santos passou por um momento muito ruim no futebol entre 1984 e 95. Não disputava títulos e fazia campanhas intermediárias. Aquele vice-campeonato recolocou o Santos em seu devido lugar: sempre brigando para ser campeão. Houve um trabalho sério da diretoria e os resultados apareceram como em 2002 o Brasileiro e 2010/11 Copa do Brasil e Libertadores respecticamente. Ainda foram revelados Diego, Robinho, Ganso e Neymar. Quatro craques do futebol brasileiro”, opinou Narciso que atualmente é técnico de futebol e esta semana acertou sua transferência ao ABC/RN.
“ Apesar do ocorrido, foi um time que marcou época. Já se passaram 20 anos e todos lembram com carinho daquela equipe.Jogávamos um futebol bonito e ofensivo. Até hoje torcida e imprensa procuram os jogadores para falar daquele vice-campeonato. Marcamos história no futebol brasileiro”, finalizou Camanducaia, 40 anos e que atualmente reside em sua cidade natal (Camanducaia/MG), onde tem uma quadra de futebol society e uma pousada em Rio Verde/MG.
Já pelo lado do Botafogo, Wilson Gotardo se defende e diz que os lances eram difíceis para a
arbitragem e que o tento santista também foi irregular.
"Não tem justificativa para isso. Foi coisa de jogo, erros normais da partida. Não houve interesse em
nos beneficiar. Do mesmo modo que eles foram beneficiados fazendo gol com a mão. Eles reclamam
de gol legítimo anulado, mas era difícil para arbitragem. Não tem fundamento", disse o defensor que
era capitão da equipe carioca.
"A equipe quando foi formada antes da competição, ninguém imaginava que ia ser campeã.
Individualmente, tinha uma grande qualidade. Gostei da estreia e depois no decorrer da competição
tivemos alguns altos e baixos. Nos momentos decisivos a equipe conseguiu mostrar superioridade,
jogando bem fora de casa. O título foi importante porque não tínhamos uma grande estrutura e
tivemos quatro meses de salário atrasado. Foi dificílimo, de muita superação, entrega.
Indiscutivelmente merecido", finalizou Gottardo.
O Santos entrou em campo com Edinho; Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Marcelo Passos e Giovanni; Camanducaia, Jamelli e Roberto (Macedo). Técnico: Cabralzinho.
Já o Botafogo foi a campo Wagner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Gonçalves e André Silva (Moisés); Leandro, Jamir, Beto e Sérgio Manoel; Donizete e Túlio. Técnico:Paulo Autuori.
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