segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Exclusivo! Zagueiro Alex Avila fala sobre suas 'aventuras`por Ruanda, Macau e Laos!

Nesta postagem trago uma reportagem com o zagueiro Alex Avila, que após passar por clubes pequenos do Brasil, conseguiu fazer sua carreira no exterior, principalmente na Ásia. É  a primeira vez que um veículo de imprensa aborda toda a carreira deste jogador.

O carioca de 34 anos iniciou sua trajetória no modesto Campo Grande/RJ. Sempre atuando como defensor.

Alex Ávila (terceiro agachado da esq.p/dir) em uma viagem à Itália..Ao seu lado está o atacante Vagner Love

Duas vezes por ano, o Galo da Zona Oeste viajava à Itália. Em uma dessas passagens pela 'Bota`,  Alex Avila Peixoto conquistou seu primeiro título como atleta.

" Joguei dois torneios na Itália, o Romeu e Julieta e o Torneio Internazionale de Calcio (venceu este). Enfrentamos Barcelona/ESP, Juventus/ITA, Atalanta/ITA , além do Mônaco/FRA, onde vencemos na final.Dávamos o nosso melhor em campo, pois sabíamos que era uma oportunidade única estar enfrentando os principais clubes da Europa. Queríamos mostrar serviço, além claro, de passar uma boa imagem do futebol brasileiro", relembrou com exclusividade ao Arquivos e Histórias F.C., o futebolista, que na ocasião tinha 17 anos.

Aos 18 anos, o atleta se transferiu para o Kindermann/SC.  Passou uma temporada nos juniores da equipe de Caçador/SC e na sequência se transferiu para o Juventus/SP.

Pela agremiação paulistana, o jogador nascido no dia 17/06/1982 disputou a Copa São Paulo de Juniores, onde venceu os três jogos da primeira fase (Coritiba/PR, Náutico/PE, Guarulhos/SP) e foi eliminado no mata-mata para a Inter de Limeira/SP. No entanto, no último jogo do Moleque Travesso, o zagueiro lesionou a parte posterior da coxa direita e não pode integrar o elenco principal que disputaria o Campeonato Paulista.

Lesionado, Avila só voltaria a atuar em 2004 e faria sua estreia como profissional no desconhecido Amadense na primeira divisão do Campeonato Sergipano. O alviverde de Tobias Barreto/SE acabou fazendo uma campanha mediana no estadual.

"Vivia em um hotel de Tobias Barreto. A cidade era pequena (51 mil habitantes de acordo com IBGE/14) e simples. Treinávamos no estádio do clube (Brejeiro). A estrutura era simples, mas não era precária", recorda Alex.

Em 2005, o defensor volta ao seu estado natal para defender o Olaria. A equipe da Rua do Bariri foi a única em que Alex permaneceu mais de uma temporada. O atleta lamentou não poder atuar na estreia do Carioca diante do Flamengo, onde o Azulão venceu por 3 a 0.

"Me preparei muito para atuar na estreia diante do Flamengo no Maracanã. Estávamos concentrados em um hotel na Barra da Tijuca. No mesmo dia da partida me deram a notícia que a minha documentação não ficou pronta e não pude entrar em campo", recordou .

Apesar de ter ido muito bem na primeira jornada, o Olaria acabou ficando na lanterna do estadual e foi rebaixado. Ao término da competição, o defensor se transferiu, por empréstimo, ao São Cristóvão, onde fala que não teve boas recordações.

"Atuar em uma segunda divisão estadual é sempre mais complicado. A organização do campeonato e dos clubes é sempre precária e os estádios estão sempre vazios. O jogador acaba ficando desmotivado. No São Cristóvão foi a primeira vez que convivi com atraso de salário e isso é terrível. Acaba perdendo o foco na competição", afirmou.

Em 2006 atuou pouco, pois teve uma lesão no púbis e ao término de seu contrato com o Olaria, se transferiu em 2007 para o Sorriso/MT,onde disputou a Primeira Divisão do Mato-Grossense.A equipe do Centro-Oeste fez uma campanha discreta no estadual. Com o término da competição, Alves se desligou da equipe e foi viver em Curitiba/PR. Se casou e deu um tempo no futebol de campo. Participava apenas de jogos em gramados sintéticos.

Mesmo sem jogar profissionalmente, o futebolista não cogitou abandonar a carreira e a oportunidade apareceu em 2009 para ir à Tailândia. Como a temporada no país asiático estava em andamento, o brasileiro não conseguiu se inscrever a tempo. Ficou treinando em separado e mantendo a forma no Navy Raiong. Até que no fim deste mesmo ano, o defensor foi relacionado para participar de um amistoso contra um time do Vietnã.Após esta peleja amigável, o carioca deu início a sua trajetória no futebol asiático.

"Eu fui relacionado para um amistoso contra uma equipe vietnamita e após a partida, fui contratado pelo Navy Raiong. Fiquei sabendo depois que quem pediu esta chance a mim foi o agente Fábio Luciano Silva. Até então eu não o conhecia. Mas ele já trabalhava com o futebol asiático e leva muitos brasileiros para este mercado. Ele ficou sabendo da minha situação e me ajudou a fechar contrato com a equipe tailandesa", recorda.

Sua primeira temporada, em 2010, Alex Ávila afirma que foi difícil, pela adaptação a uma nova cultura, principalmente a culinária.

"Todo início há uma dificuldade de adaptação, mas depois vamos nos acostumando. O mais difícil foi a comida, pois lá os pratos são muito apimentados. Um tempero muito forte. Depois de uns meses a minha esposa veio morar comigo e passou a cozinhar para mim. Ficou mais fácil", explicou para posteriormente falar que não houve problemas em relação a religião.

"Religião não foi problema para mim. Aqui a maioria da população é budista e a seguem muito. No entanto, nunca questionaram a minha religião", revelou.

Após passar pelo Navy Raiong, o sul-americano em 2011 se transferiu para o Angthong, onde diz ter tido um desempenho melhor por já está mais adaptado à Tailândia.

Em 2012, mudou o ano e também o clube, o país e o continente. Alex Ávila se transferiu para o APR F.C. e fez história ao ser o primeiro brasileiro a defender uma equipe de Ruanda. Pelo país da África Central, o defensor foi campeão do torneio de verão (pré-temporada), o campeonato nacional e a MTN Cup (uma espécie de `Copa do Brasil`de lá). O clube de Kigali ainda disputou a Champions League Africana, sendo eliminado na segunda fase.

"Futebolisticamente falando foi o país que mais gostei de atuar. Um futebol mais pegado, onde tem mais contato. Não era igual aos campeonatos asiáticos, onde os jogadores por serem mais miúdos os árbitros marcam falta em qualquer encontrão. Em Ruanda o futebol é bem competitivo. Os estádios estão sempre cheios e a população é muito fanática por futebol.  O APR FC é o principal clube do País e em 2012 estava fazendo altos investimentos para ir bem na Champions League Africana. Contratou alguns estrangeiros para atuar no clube. Eu fui o primeiro brasileiro a atuar em Ruanda. Depois vieram outros, inclusive para o APR F.C. Apesar de ter ganho três títulos, não fomos bem no torneio continental, sendo eliminado na segunda fase. Sem esse objetivo alcançado, os investimentos pararam e os estrangeiros saíram do clube", explicou o atleta tupiniquim.
Alex em sua passagem vitoriosa por Ruanda


Após passar um período de férias no Brasil, Alex Ávila voltou para a Tailândia em 2014 onde defendeu o Laem Chambang. Em 2015 foi se aventurar em Macau e afirma que foi o melhor país que viveu.

" Em 2015 defendi o Windson Arch Kai e fui campeão da Taça de Macau. Foi o melhor país que vivi. Lá há pouca pobreza, um povo acolhedor e praias muito bonitas. Também tem seu lado `Las Vegas`, pois há muitos cassinos. Dentro de campo, o nível técnico é bom. Há muitos portugueses atuando em Macau, o que aumenta o nível de competitividade. A estrutura de treino é muito boa. Os pagamentos também e em dia. Só lamento o fato da população local não ser muito fã de futebol, o que faz com que os jogos tenham pouco público e é muito chato jogar em estádios vazios. O esporte que ainda predomina em Macau é o tênis de mesa", explicou.

Um dos idiomas oficiais de Macau é o português. No entanto, o brasileiro disse que apenas as pessoas mais velhas falam a língua lusófona.
Campeão em Macau

"É difícil achar alguém aqui que fala português. São as pessoas mais velhas que falam o português. Eu mesmo encontrei apenas um homem. Ele falava enrolado, mas dava para entender", relembrou.

Em 2016, o zagueiro se transferiu para Laos e acredita que foi a sua pior experiência dentro de campo já vivida.

"Dentro de campo foi a minha pior experiência. Meu contrato com o Nuol F.C. (time onde jogou e terminou na quinta posição no campeonato nacional) se encerrou e não pretendo renovar. Laos ainda está muito atrasado em relação a futebol.Precisam trazer mais técnicos e jogadores estrangeiros para desenvolver o esporte local. Os treinos ainda são muito fracos. Os dirigentes ainda não se preparam bem para receber os atletas de outros países. Um exemplo são as viagens. Quando vamos para um hotel, muitas vezes não tem comida para estrangeiros. Nós que somos de fora temos que achar um local para comer. Aqui eles tem costume de comer sopas, mas são muito fracas. Não sustentam para um estrangeiro e por isso temos que sair atrás de restaurante que sirva alimentação para quem é de fora", disse o jogador.

Avila em sua passagem não muito boa por Laos

Por fim, Alex Avila afirma que não sabe onde irá atuar em 2017, mas sua preferência é seguir na Ásia. Aos 34 anos, o futebolista afirma que ainda não faz planos para aposentadoria e enquanto tiver saúde seguirá atuando.

Crédito das fotos: arquivo pessoal/Alex Avila

sábado, 22 de outubro de 2016

Arquivo! Lucas Kaufmann fala sobre Omã, Finlândia e muito mais!

Bastidores: Jogador de futebol ateu e fã de heavy metal? Sim, é possível. Lucas Kaufmann é o nome dele. O gaúcho de Porto Alegre/RS é mais um brasileiro que saiu desconhecido do nosso país e foi se aventurar no exterior.

Este jornalista teve a honra de ser a primeira pessoa no nosso país a entrevistá-lo. Isso foi em 2013!

O atleta no momento segue no futebol da Finlândia, onde conseguiu seu espaço.
Lucas Kaufmann, de branco, em seus tempos no Omã. Crédito: reprodução/Facebook

Confira a matéria:
Nesta quinta-feira, o FutNet traz mais um especial com jogadores brasileiros que atuam no exterior.

O 'bola da vez' é o meia Lucas Kaufmann, 22 anos, que começou no Internacional/RS, passou pelo São José/RS e depois foi se aventurar na Finlândia e posteriormente no Omã.

O gaúcho de Porto Alegre começou jogando fustal na escolinha do Internacional aos 8 anos. Dois anos depois foi para o time de campo do Colorado/RS. Iniciou jogando de meia, passando para lateral e posteriormente voltando a criação das jogadas, função que exerce atualmente.

" Comecei a jogar o futebol de campo aos 10 anos de idade. Meu auge foi aos 13 onde fui capitão de um time do Internacional, que foi campeão 'de tudo'. No ano seguinte, devido a disputa da taça EFIPAN, o Internacional começou a trazer atletas de fora, de outros estados inclusive, e eu perdi espaço, assim como a maioria no elenco. Fiquei alguns jogos no banco de reservas mas nem entrei. Depois dessa temporada acabei dispensado e fui parar no São José/RS, onde cheguei por convite da direção que me conhecia dos meus tempos de Colorado. Lá joguei no time juvenil e depois fiz parte do elenco que jogou a Taça São Paulo de Juniores,"explicou o meio-campista.

Em 2010, quando estava completando 19 anos, acabou ficando sem clube, começou a cursar fisioterapia em uma faculdade no Rio Grande do Sul e mantinha a forma física em um clube de Viamão, mas não disputava torneios. Até que no segundo semestre, através de um amigo, foi indicado a fazer um teste no Mafra, equipe da Terceira Divisão de Portugal. Por lá, ficou três meses, onde jogou alguns amistosos e passou no teste. No entanto, seu visto como turista acabou vencendo e em janeiro de 2011 retornou ao Brasil, para ser comprado pela equipe lusitana e ter um visto de trabalho. Mas a direção do clube acabou mudando e não houve a garantia de que ele fosse contratado.Até que através de um amigo seu, ele foi jogar na Finlândia.

" Tinha um amigo meu da mesma idade, que atuou nas categorias de base aqui no Rio Grande do Sul e que estava atuando no PKKU, um clube da terceira divisão da Finlândia e me indicou para a direção de lá que me convidou para fazer um teste. Me garantiram que lá era um bom lugar para trabalhar. Antes de ir eu tentei entrar em contato com o Mafra, mas eles não me deram retorno. Então eu fui para a Finlândia e acabei ficando", afirmou o brasileiro.

Em sua primeira temporada em solos nórdicos, Kaufmann foi eleito o melhor jogador da Terceira Divisão da Finlândia, e na Copa da Finlândia acabou chegando até a terceira fase sendo eliminado por uma equipe da elite local. Na outra temporada, sua equipe foi promovida à Segunda Divisão e chegou às oitavas de final da Copa da Finlândia. No final de 2012, com o acesso garantido com algumas rodadas de antecedência, Lucas foi emprestado ao PK-35 que estava na Primeira Divisão, chegando a jogar cinco partidas.


" Morar na Finlândia foi muito bom. É um País onde tudo funciona. A população paga altos impostos, mas tem tudo em troca. Não tem pobreza, não tem mendigo,não tem desemprego, você pode andar a qualquer hora na rua que não será assaltado. As pessoas são super receptivas. Te tratam muito bem. Sabem que você é de fora e falam em inglês contigo. Lá, todo mundo sabe falar inglês. Eu mesmo não aprendi a falar finlandês, que é um idioma muito difícil", afirmou o futebolista, que afirmou não ter sofrido nenhum preconceito por ser brasileiro.

"Ninguém me discriminou por eu ser do Brasil.Não tive problemas com relação a isso Talvez pelo fato de eu ser branco. O que eu via era alguns jogadores negros, não sei a nacionalidade, que durante as partidas os torcedores faziam alguns sons e gestos estranhos. Não sei exatamente o que era, mas sei que faziam aquilo por não estarem acostumados a viver com negros", revelou.

Kaufmann ainda disse que a estrutura de seu clube era muito boa e melhor que muitas equipes de pontas do Brasil, além da boa relação que há entre os jogadores, comissão técnica e dirigentes.

" Apesar de ter ido para um time de Terceira Divisão, a estrutura lá era muito boa. Havia quatro campos para nós treinarmos, dois de campo sintético (um para caso nevasse) e dois de grama . Havia categorias de base tanto para homens quanto para as mulheres. É muito comum na Finlândia ver mulheres jogando bola e os clubes de lá investem no futebol feminino. Nós treinávamos em um campo e o time profissional das mulheres do outro. E ninguém via aquilo com preconceito. Creio que muitos clubes brasileiros de ponta não tem a mesma estrutura que o PKKU tinha. Outra coisa legal era a boa convivência com os jogadores e comissão técnica. No Brasil, jogadores e técnicos são muito afastados, cada um na sua. Lá, não. Acaba um jogo, os atletas vão para um bar comemorar a vitória e o treinador está junto vibrando com todos. Após os treinamentos, se você quiser conversar com o técnico sobre alguma coisa tática ou técnica ele te escuta e as vezes até executa o que foi aconselhado", emendou para depois explicar o porque resolveu sair da Finlândia.

" Na Finlândia, aprendi muito com o futebol. Principalmente a parte tática onde eles dão muita ênfase. Mas queria jogar em um futebol mais competitivo. Um lugar onde eu pudesse evoluir mais. Além disso tinha a questão salarial. Lá eu tinha um salário simbólico e o clube me bancava o almoço e a janta, além de dar moradia. Queria para algum lugar que me pagasse melhor."

O seu amigo que havia indicado para atuar na nação do hemisfério norte tinha abandonado a carreira e se tornado empresário de futebol. Mateus Assaf Pereira acabou virando agente de Lucas e acabou encontrando um destino em um país bem diferente do qual estava jogando: o Omã.

Apesar de ver pontos positivos em sua ida ao Oriente Médio, o sul-americano afirma não ter gostado de viver no país asiático, onde
revelou que quando o contrato estava chegando ao fim, não via a hora de ir embora.

Ele atuou no Al-Shabab, terceira equipe mais poderosa daquela nação no quesito econômico e em títulos.

" Foi legal ter ido ao Omã, pois joguei em um clube de Primeira Divisão, onde havia jogadores de seleções nacionais e pude disputar torneios continentais como a Copa do Golfo, onde joguei em estádios cheios e contra adversários mais fortes do que eu estava acostumado. Aprendi muito no quesito preparação mental para jogar fortes campeonatos. No entanto, houve vários problemas que me desmotivaram a ficar lá. Primeiro é a responsabilidade exagerada que eles colocam nos estrangeiros. Na minha equipe, havia eu, um marroquino e um marfinense que atuava pela Seleção da Guiné-Equatorial. Sempre nos momentos mais difíceis, queriam que nós resolvêssemos. Quando na verdade o time todo tinha que ajudar. Além disso, os jogadores eram pouco comprometidos com o clube. Se jogássemos no domingo e nosso outro jogo fosse só no outro domingo, quase ninguém aparecia na segunda-feira para treinar. Nem terça, nem quarta. Só lá pela quinta ou sexta. Eles trabalham só em cima do próximo jogo e mais nada. E se ausentavam de pilantragem. Diziam que tinham que trabalhar para o exército (pois a maioria da população trabalhara para o exército de lá), mas quando tinha partida na quarta-feira, todos apareciam na segunda e na terça para os treinos. Não era coincidência. No elenco via muita trairagem entre os jogadores, inclusive alguns boicotavam o técnico. Nosso treinador, que era da Líbia, acabou demitido por causa de dois jogadores nossos que eram da Seleção de Omã e pediram a 'cabeça' dele para o presidente que os atendeu."

Lucas Kaufmann que é ateu se assustou ao ver como o islamismo toma conta daquela população e como eles adoram Alá.

"Uma coisa é você saber que lá o islamismos é forte. Outra é ver de perto o quão forte essa religão é lá em Omã. Rezam cinco vezes ao dia, aonde você passa tem uma menção à Alá. Eles acreditam que seu destino já nasceu traçado e tudo que acontece em sua vida foi Alá que quis. Inclusive no futebol. No vestiário, ao término de um jogo que perdíamos, discutia-se muito pouco o revés e no final diziam: 'foi Alá que quis'. Eu como ateu não gostava de ouvir aquilo após uma derrota",emendou.

Sem muitas atividades em um país que pouco explora seu turismo, não oferece opções de lazer e ainda tem a internet limitada, Kaufmann disse que no último mês ficava contando os dias para o término de contrato e a hora de retornar ao Rio Grande do Sul.

Pelo Al-Shabab o melhor resultado que conseguiu foi um vice-campeonato da Copa do Sultão, a 'Copa do Brasil, de Omã'.

O brasileiro ainda afirmou que os omanenses gostam de futebol, mas preferem assistir a grandes jogos da Europa e fazem pouco para desenvolver o esporte local.

"A população de Omã gosta de futebol. Mas eles gostam de ver o Barcelona e o Real Madrid jogarem. Os times locais tem pouco apoio. Nos estádios, exceção aos grandes jogos, há uma média de 200, 300 pessoas por jogo. E são espectadores, não torcedores. Mas todos adoram ver na TV os grandes jogos da Europa. Eu garanto que se o Barcelona, por exemplo, for fazer uma semana de treinos lá, vão lotar os CTs. Os dirigentes também não fazem questão de evoluir o futebol local. Eles tem muito dinheiro e preferem trazer jogadores de fora do que investir na base. Os times de lá nao tem categorias de base e nem campeonatos para garotos. Apenas a Seleção que tem times sub-16 e 18. Precisam mudar essa mentalidade", opinou o meio-campista.

Com o contrato encerrado, Kaufmann ainda não sabe aonde irá atuar no segundo semestre de 2013. Mas afirmou ter propostas de equipes da Suíça, Azerbaijão, Tailândia e de outra equipe de Omã.

A longo prazo, o jogador planeja conseguir atuar em um campeonato de segundo ou primeiro escalão e poder fazer sua independência financeira.

Sobre jogar no Brasil, Kauffman afirma que tem vontade de atuar em clube daqui, mas acredita que precisa ter um certo destaque em um campeonato menos periférico para ser visado pela nossas equipes.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Exclusivo! Atacante Maurinho relembra título pelo Inter/RS e fala sobre adaptação na Coreia do Sul

Nesta postagem trago um bate-papo com o atacante Maurinho, que perambulou por equipes pequenas do Brasil colecionando sofrimentos e títulos e atualmente defende o Jeonnan Dragons da Coreira do Sul.

Maurinho anotou dois gols  pelo Inter: vitória por 2 a 1 sobre o Cerâmica. Créditos: Alexandre Lops/Inter

O atleta natural de Canoas iniciou sua trajetória no Cerâmica de Gravataí. Como as cidades são vizinhas, o jogador ia aos treinos e voltava para sua casa todos os dias. Depois de um tempo passou a viver no alojamento de sua equipe. Foi pelo Tricolor que houve a sua estreia como profissional.

"Atuei durante seis anos no Cerâmica e lá fiz minha estreia como profissional em 2006 contra o Estrela pela Segunda Divisão do Campeonato Gaúcho. Durante a base atuei como meia, lateral e me firmei como atacante. Existia dificuldades de estrutura, atraso de salário, mas era a oportunidade que eu tinha e precisava aproveitar", relembrou o futebolista em entrevista exclusiva ao Arquivos e Histórias F.C.

Após passar pelo clube gaúcho, Mauro Job Pontes Júnior foi transferido para o XV de Indaial em 2009 e dava início, com idas e vindas, pelo clube fundado em 15/10/1952. Logo em sua primeira temporada, foi campeão da Série C do Catarinense.Seu primeiro título na carreira.

Na sequência foi defender o Real Brasil de Curitiba no Campeonato Paranaense, onde ficou na nona colocação e quase foi às quartas de final. O jogador de 27 anos falou o quão ruim era jogar em um time sem torcida.

"Ninguém gosta de jogar sem torcida. É chato.Mas eu tinha que ver que era a chance que eu tinha como jogador e estava atuando na primeira divisão do Paranaense. Focava na oportunidade que tinha. O nosso time foi montado faltando um mês para começar o Estadual e quase classificamos para a segunda fase", relembrou

Após passar pela equipe que no momento está sediada em Brasília/DF, Maurinho foi atuar emprestado no Comercial/MS e não guarda boas recordações da equipe de Campo Grande/MS.

"Fui atuar no Mato Grosso do Sul para pegar experiência, mas não gostei. Tudo desorganizado e desestruturado. Não aprendi nada jogando lá", criticou o canoense.

Depois da frustrante passagem pelo Centro-Oeste, Maurinho voltou a Santa Catarina e novamente passou pelo XV Indaial e depois por Atlético Ibirama e Metropolitano. Em 2012, com o término do vínculo com a equipe de Blumenau, o brasileiro foi tentar a vida na Europa.Ficou seis meses e passou por Dínamo Minsk , um dos principais times da Bielorrússia e posteriormente ao Polinia Biala Podlaskaa, clube que estava na terceira divisão da Polônia.

"O futebol europeu é diferente do brasileiro.É mais rápido o jogo.Praticamente se joga em um toque.Foi mais difícil para acostumar. O idioma foi uma grande barreira. Na Bielorrússia eu tinha um tradutor espanhol. Na Polônia nem isso. No entanto, aprendi muito atuando na Europa. Voltei com outra mentalidade de futebol. Foi muito bom para a minha carreira," explicou o sul-americano.

No final de 2012, aparece a grande oportunidade da vida de Maurinho que foi no Internacional/RS. Inicialmente foi integrado ao elenco sub-23 e posteriormente fez parte do plantel principal e que foi campeão gaúcho de 2013. Maurinho participou de cinco jogos.

O atleta se mostrou feliz em ter tido a grande chance da sua carreira e elogiou o técnico Dunga, mas admitiu que o 'capitão do tetra' é ranzinza.

"É muito bom atuar em um time grande e com uma torcida apaixonada.Foi o time que mais gostei de ter atuado até o momento. Sobre o técnico Dunga, ele é um treinador que cobra muito dos jogadores. Está sempre exigindo mais. Apesar de ser uma boa pessoa, tenho que admitir que ele é ranzinza", confessou o futebolista que depois disse estar torcendo para que o Colorado permaneça na Série A do Brasileiro.

" Torço muito para que o Inter permaneça na primeira divisão. O clube não merece passar por essa situação", emendou.

Após mais uma passagem pelo XV de Indaial, Maurinho retornou novamente ao Metropolitano para a jogar a Série D do Brasileiro e ainda em 2013 defendeu o ABC/RN na Série B do Brasileiro.

Em 2014, o gaúcho colocou em seu currículo mais um clube de Santa Catarina: o Criciúma.

O atacante diz ter gostado de atuar no Tigre, mas lamentou o rebaixamento à Série B.

"Aquele rebaixamento foi muito doído.O sentimento foi de impotência. Tivemos muitos erros na competição e pagamos por isso.A cidade apoiou até o fim, mas não deu. Até hoje os torcedores tem apoiado o Tigre para tentar voltar a elite do futebol nacional", recordou.

Em 2015 permaneceu no Carvoeiro e em 2016 defendeu o Oeste no Campeonato Paulista. No segundo semestre deste ano, Maurinho se transferiu para o Jeonnam Dragons da Coreira do Sul.

Brasileiro atuando na Coreia do Sul. Crédito: Divulgação/Jeonnan


" A cultura da Coreia do Sul é muito diferente da brasileira, mas estou gostando de viver  aqui. Tenho um tradutor que me ajuda no dia-a-dia. No momento, o campeonato sul-coreano está no Hexagonal Final e estamos lutando pelo título. Caso não venha, lutaremos por uma vaga na Liga dos Campeões da Ásia, onde os quatro primeiros tem vaga assegurada", finalizou.

O vínculo do brasileiro com a agremiação asiática termina no dia 31 de dezembro.


domingo, 16 de outubro de 2016

Exclusivo! Meia Mavi Lopes fala sobre Tailândia, Laos e muito mais!

Bastidores:  Bangladesh, Ilhas Virgens Britânicas, Etiópia, Malta, Myanmar,El Salvador e agora Tailândia e Laos (essa eu nem imaginava), dentre outros países que já apareceram na minha carreira e neste blog. Essa é uma das funções mais gostosas do jornalismo esportivo: mostrar brasileiros desconhecidos que foram tentar a vida fora da nossa pátria, especialmente em países desconhecidos. Lugares que nem imaginamos como é o futebol.

Mavi campeão na Tailândia

Outro fator positivo, em sua maioria, é que em muitas ocasiões, os entrevistados querem, gostam e contam sobre suas carreiras. As histórias fluem e muitas delas são ricas. Ricas em detalhes.

Não foi diferente com o meia Mavi Lopes que desde 2010 atua na Ásia. O atleta disse que já deu algumas entrevistas esporádicas para algumas rádios no Brasil, mas contando em detalhe e na Internet o Arquivos e Histórias F.C. foi o primeiro! O que deixa o blog muito orgulhoso.

Confira:
Perto de completar 34 anos, Mavi Lopes, em Vientiane (capital de Laos), relembrou seus 12 anos quando iniciou sua carreira no Santa Cruz/PE. Atuou durante cinco anos nas categorias de base da Cobra Coral, onde sempre foi atacante e ganhou um Estadual.

Aos 17 anos se transferiu para o rival Náutico, onde foi deslocado para a meia esquerda. Segundo seu treinador daquele período, Edson Leivinha  (conhecido do futebol nordestino), o atleta gostava mais de dar o passe para o gol do que finalizar.

"O Leivinha dizia que eu não gostava de fazer o gol e sim de dar o passe para alguém empurrar a bola para o fundo da meta. Ele foi o responsável por me deslocar para a meia. Gosto também dessa função pois era a mesma do Djalminha, meu grande ídolo no futebol. Espero um dia poder conhecê-lo", afirmou o futebolista natural de Barreiros/PE (102 Km da capital Recife).


O atleta nascido no dia 27 de outubro de 1982 ficou pouco tempo no Timbu. Sua grande lembrança foi ter atuado na base com o atacante Jorge Henrique, com passagens por Corinthians, Inter e atualmente Vasco.

"Jorge Henrique sempre foi um jogador dedicado. Além da velocidade que lhe era peculiar, ele era muito bom como pivô.Depois, ele foi para o profissional do Náutico e estourou no futebol. Não tenho mais contato, nem sei se ele lembra de mim (risos)", recordou o meio-campista.

Desiludido com os clubes nordestinos, Mavison Pierre Lopes foi tentar a sorte no estado de São Paulo. Fixou residência em Campinas/SP , onde tinha parentes e após seis meses atuando no futebol amador apareceu a chance de defender o Araçatuba. Foi no Canário do Noroeste que o futebolista teve a sua primeira oportunidade como profissional.

"O futebol do Nordeste é muito complicado. Ainda temos dirigentes muito amadores e estruturas precárias de treinamento. Os clubes nordestinos precisam avançar muito em relação ao que vemos no sul e sudeste do Brasil. Sem contar, o que há no exterior, que ai sim ficam muito para trás. Sei que agora o Sport está melhorando seu staff. É um início, mas ainda precisa fazer muita coisa", opinou o jogador que afirmou também não ter encontrado boas condições no A.E.A.

"Fui para Campinas tentar vingar no futebol. O Araçatuba foi a oportunidade que apareceu e joguei a Série A-3. No entanto, a situação lá era difícil. As vezes não tinha ônibus para nos levar aos treinos. Faltava água. Fora o atraso de salário que é uma coisa cultural no futebol brasileiro. Quando se vai para o exterior e conquista o que conquistou, ai sim se dá valor. Principalmente no quesito financeiro", opinou o atleta que no Brasil tem residência em Campinas/SP.


Após dois meses no clube paulista, o barreirense foi para Rondonópolis/MT, onde atuou primeiramente no União e depois no REC-Rondonópolis. Neste último clube citado, Mavi era o camisa 10 da equipe e afirmou que nas categorias de base havia um jovem atleta chamado Valdívia e que sempre estava com os profissionais querendo treinar faltas.

"O Valdívia era um menino que ficava sempre com os jogadores profissionais e pedia a todo momento para mim: 'Mavi deixa eu treinar faltas. Me deixa treinar junto.' Era muito engraçado. O curioso é que eu fui o primeiro 'camisa '10' do Rondonópolis e o segundo foi o Valdívia (a equipe foi fundada em 2006 e se licenciou em 2016). Fico feliz que ele tenha dado certo e conseguido seu espaço no Inter/RS. É uma surpresa agradável. É um sujeito do bem e merece tudo de bom", recordou Lopes, que jogou com Andrezinho, irmão de Valdívia,no time principal da equipe do Centro-Oeste.

Em 2009, através de um empresário, Mavi voltou ao seu estado natal e defendeu o Ferroviário na Série A-2. O comandante era o ex-atacante Cláudio Adão. Segundo o meio-campista, este foi possivelmente o melhor técnico de sua carreira e só não vingou como treinador por ser negro.

"Cláudio Adão possivelmente foi o melhor treinador que já tive. Tem o mesmo perfil de Tite.Sabe tudo de futebol. Só não deu certo como treinador porque é negro. Não tenho dúvidas disso. O respeito não é o mesmo por um técnico negro. Isso é em qualquer clube. Só vemos hoje comandantes brancos. Uma pena",opinou, para depois recordar uma história engraçada que houve durante a disputa do estadual.


"Era semifinal. Estávamos na preleção do jogo e o Cláudio Adão, no quadro, estava explicando como seria montado a equipe em campo. No entanto, no quadro havia 12 jogadores. Todo mundo achou estranho, mas até então ninguém se pronunciou. Até que um lateral-direito quis dar uma de esperto e foi corrigir o técnico. Adão fez a recontagem e disse: 'verdade garoto, tem 12 mesmo.Agora sabe quem vai sair do time? Você!!'. O 'gelo' da reunião foi quebrado e todos começaram a rir. Não foi só uma piada, o atleta realmente não foi a campo. É verdade que ele não era um titular absoluto,mas ficou no banco de reservas. Teve gente o questionando se isso foi combinado entre ele e o treinador, mas o jogador sempre negou. Falou que não era nada armado e estava bem chateado naquele dia", recordou.

O clube do Cabo Santo Agostinho ficou com o vice-campeonato e pela primeira vez, desde a sua fundação em 1961, iria disputar a elite pernambucana. No entanto,por problemas jurídicos a equipe permaneceu na segunda divisão.



Encerrado o estadual, Mavi partiu para o outro lado do nosso País e foi se aventurar no Ivinhema na disputa do Campeonato Sul-Matogrossense. O clube fundado em 2006, havia faturado a elite em 2008 e Mavi chegou para ajudar na luta pelo bicampeonato. Ficou com o vice.


" Sobre jogar o Campeonato Sul-Matogrossensse, o estilo lembra muito o futebol gaúcho. Com muita garra e pegada. Lá trabalhei com o técnico Geime Rotta que fez história no Santo André (campeão da Taça São Paulo de Juniores e da Copa Paulista, ambas em 2003). Tem muito conhecimento e o estilo dele me lembra o do Vanderlei Luxemburgo. Um cara de personalidade forte e que sempre está ao lado dos jogadores. Sempre luta para que o atleta dê o seu melhor", contou.

Após esta boa campanha, Lopes recebeu, no início de 2010, uma proposta para atuar na Tailândia. Um empresário brasileiro fez o convite e o jogador prontamente aceitou.


Jogando pelo Khampaengphet FC


Inicialmente, o sul-americano foi contratado pelo Chonburi, uma das principais equipes daquele país e dois meses depois foi atuar no Pratchimburi. O boleiro falou a diferença de cultura dentro e fora de campo que teve no país asiático.

"Me chamou a atenção os treinos. Muito amadores e pesados. Todos os dias treinávamos dois períodos. Acordávamos às 6h da manhã e tinhamos que ficar puxando pneu com uma corda, como se estivesse em um exército. As vezes os treinos físicos duravam três horas. Era horrível. Chegava aos jogos exaustos, pois não tinha força. Eu questionava o porque dessas atividades e diziam que era uma cultura do País. Se percebe que falta conhecimento no quesito treino físico. Outra situação que me chamou a atenção foi o fato da população ser extremamente religiosa. Antes dos jogos, tínhamos que passar por muitos rituais, como ajoelhar em estátuas de Budas e tocá-las. Durante o trajeto até o estádio paravam em uns três templos budistas, desciam e rezavam. Também matavam galinha e enfeitado com frutas colocavam no meio de campo, antes das partidas. Não eramos obrigados a fazer tudo isso, mas eramos forçados. Eu nunca fiz. Notava o quanto meus companheiros ficavam chateados comigo e se sentiam ofendido. Nunca fiz e não ligava para isso", afirmou o pernambucano, para depois falar sobre um aspecto curioso das torcidas tailandesas.

"Os estádios sempre estavam lotados. A torcida sempre apoia o time. Uma situação que me chamou a atenção era que os torcedores nunca criticavam o treinador. Sempre o respeitavam. Se o time perdesse, poupavam o treinador. Se jogasse mal, o treinador não era questionado. Se havia briga entre técnico e jogador, a torcida nunca questionava a decisão do comandante. Eu nunca entendi esse respeito. Bem diferente do que ocorre no Brasil em que o treinador é sempre o culpado. Aqui, além do já citado, eles dificilmente são demitidos", contou.

Mavi esteve na Tailândia até 2015, onde atuou também por Phayao FC, Thai Honda e Khampaenphet. Foi campeão apenas pelo Phayao e de um torneio que reunia clubes do norte da Tailândia.

" A Tailândia tem um problema que os clubes grandes são muito poderosos. Extremamente influentes no futebol local. Dificilmente o título fica com uma equipe média ou pequena. Para amenizar a situação dos pequenos a federação local cria torneio menores para que eles se enfrentem e de vez em quando vençam algum torneio", revelou o atleta que disse que no início se comunicava em inglês no país asiático.

Após cinco anos, adaptado ao país, dominado melhor o idioma local e casado com uma tailandesa, Mavi foi se aventurar em Laos, vizinho a nação onde estava habitando. Foi atuar no Nuol FC.

Brasileiro em sua passagem por Laos


"Laos é um país um pouco atrasado em relação a Tailândia, inclusive no futebol. Mas percebe que estão procurando se estruturar.  Quando atuava na Tailândia recebi por três vezes propostas de equipes laocianas e na última que apareceu resolvi aceitar. O Nuol estava na sétima colocação e tinha vários problemas estruturais. Tivemos uma melhora e terminamos na quinta colocação (14 equipes ) com um ponto a menos que o quarto posicionado. O que achei positivo de atuar em Laos é que os treinos não são intensos como na Tailândia  e a religião não é forte como lá também. O lado negativo é que os estádios não são cheios", afirmou, para depois explicar se compensa financeiramente para um brasileiro atuar nestes mercados.

" Um jogador brasileiro com o meu perfil (desconhecido e atuando em times pequenos) compensa sim. Se ganha um bom dinheiro perto do que ganhava no Brasil. Os atrasos de salário são raros. Teve atraso já, mas foi questão de uma semana. Nada comparado ao Brasil", contou.

Ambos países são muito fracos em relação aos outros do próprio continente. Mavi afirma que uma ida de qualquer um deles a uma Copa do Mundo é irreal a curto prazo.

" Tanto Tailândia como Laos não tem condições  de conseguir uma vaga em Copa do Mundo a curto prazo. Para poderem sonhar tem que trazer técnicos estrangeiros, o que eles não fazem.Enquanto os clubes ficarem apenas com os técnicos locais, as duas seleções não tem como evoluir", opinou.

Por fim, o brasileiro afirma que pretende atuar até os 36, no máximo 38 anos e depois investir na carreira de treinador.

" Vou ser treinador assim que me aposentar. Eu gosto de treinar a parte física e isto me dá condições de ir jogando até os 36 anos, quem sabe 38", finalizou o atleta que terá seu vínculo com o Nuol FC encerrado no final de outubro.





quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Exclusivo! Volante Roger Bernardo fala sobre Palmeiras, Bundesliga e muito mais!

Nesta quinta-feira, trago uma matéria falando sobre a carreira do volante Roger Bernardo que atuou profissionalmente pelo Palmeiras e desde 2009 está no futebol alemão. No momento defende o Ingolstadt.
Roger em seu atual clube. Crédito: FC Ingolstadt



O atleta de 31 anos iniciou sua carreira no União São João. Fez praticamente toda a sua categoria de base no clube de Araras, exceção a uma breve passagem pelo Santo André, por empréstimo. Em 2005, após disputar uma Taça São Paulo de Juniores pela Ararinha, chamou a atenção do Palmeiras e foi contratado. Naquela ocasião, o clube do interior eliminou o time da capital nas quartas de final vencendo por 3 a 2.

No momento, a equipe fundada em 1981 está licenciada desde 2015, por conta de dívidas. O volante lamenta atual situação do União São João, que já atuou na Série A do Brasileiro, e espera poder no futuro ajudar de alguma forma o clube.

"Para mim é muito triste você ver uma equipe onde cresceu como atleta, por onde passei minha base chegar a esse ponto. É muito triste, pois é uma equipe grandiosa que não merece passar por isso. Espero no futuro poder fazer alguma coisa para ajudar, pois lá para mim foi onde tudo começou", disse o futebolista natural de Rio Claro/SP em entrevista exclusiva ao Arquivos e Histórias F.C.

Sua primeira atuação como profissional no Palestra Itália foi em 2005 com o técnico Emerson Leão. Roger de Oliveira Bernardo se mostra muito grato ao ex-goleiro e relembra o quão difícil era atuar no Verdão pelo momento ruim que atravessava.

"Quando chegou o Professor Emerson Leão consegui mostrar meu futebol e ele graças a Deus fez com que o Palmeiras renovasse meu contrato por  mais três anos.Trabalhar com ele pra mim foi um privilégio. Agradeço a Deus e ao Professor Emerson Leão por terem me proporcionado essa oportunidade de defender as cores do Palmeiras", afirmou o meio-campista, que entrou em campo em 25 jogos pela agremiação paulistana.
Uma recordação de seu período no Palmeiras. Crédito: divulgação


" Minha recordação é sempre lembrar pelo clube grande que pude fazer parte, pelos amigos que fiz e pelos profissionais que conheci. Não foi o melhor tempo porque em 2002 tinha caído para série B, mas mesmo assim não deixou de ser um time grande. Lembro que os torcedores sempre cobravam muito, às vezes em excesso,mas situação normal do futebol (risos)", emendou.

Após atuar emprestado por Ponte Preta, Juventude, Guarani e Figueirense, apareceu uma proposta do Ennergie Cottbus da Alemanha em 2009 e o brasileiro se foi. No país europeu, o paulista conseguiu regularidade e nas temporadas 2009/10 e 2010/11 atuou em 32 e 27 partidas respectivamente da 2.Bundesliga. 

" Acho que foi aqui que consegui ter uma boa sequência, me adaptei bem a cultura e ao estilo de jogo. Consegui me firmar e ter uma carreira abençoada aqui na Alemanha. Não só no Cottbus, mas também aqui no Ingolstadt (seu atual time)", afirmou para depois dizer as diferenças dentro e fora de campo de Brasil e Alemanha.

"A diferença é que aqui na Alemanha é muita disciplina tática. Os treinos também são mais intensos e jogos de muita força, muita tática e muito frio no inverno também (risos).Viver aqui apesar de ser muito longe do Brasil é muito bom pela segurança. É outro nível. Povo muito rico culturalmente. Aqui nós vivemos muito bem", contou, para depois dizer da torcida do Cottbus e viver nesta cidade de 103 mil habitantes.

"Apoiam sim. Foi muito bom como experiência viver em Cottbus. É uma cidade pequena e antiga mas que fica a uma hora da capital Berlim, então tinha muitas coisas para fazer", continuou.

Em 2013, o sul-americano se transferiu para o Ingolstadt, que também estava na segunda divisão alemã e na temporada 2014/15 se sagrou campeão. O meio-campista diz que foi o melhor momento de sua carreira.

"Foi o melhor momento na minha carreira. Ser campeão em um campeonato muito difícil e disputado como a 2.Bundesliga é muito gratificante. Me lembro bem do jogo do título e do acesso a 1.Bundesliga", afirmou.

Em sua primeira participação na elite da Alemanha, a equipe da Baviera ficou na 10ª colocação com 40 pontos e nesta temporada a situação é ruim, pois divide a lanterna com o Hamburgo, ambos com apenas 1 ponto em seis rodadas ocorridas.

" Sem dúvidas precisamos ter os pés no chão. Na temporada passada por 5 pontos não conseguimos nos classificar para a Liga Europa, mas agora nessa temporada começamos mal e precisamos de uma reação o mais rápido possível. Temos que pensar em nós manter primeiramente na Bundesliga. Mas o que importa agora é reagir no torneio", afirmou Roger.

Por fim, Roger ainda falou sobre a derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1 na Copa do Mundo de 2014 e afirmou que apesar do resultado histórico, os alemães ainda respeitam muito o futebol tupiniquim.

"Não foi fácil ver o time do país que você nasceu perder para o país em que você vive e trabalha (risos). Mas tirando isso foi tranquilo. Apesar deles terem ganhado por 7 a 1, há ainda um respeito muito grande pelo futebol brasileiro", finalizou.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Exclusivo! Emerson Guará fala sobre El Salvador, Myanmar, Bósnia e muito mais!

Neste 12 de outubro trago uma reportagem abordando a carreira do meia-atacante Emerson Guará com passagens por El Salvador, Myanmar (onde retornará em novembro) e Bósnia-Herzegovina (atuou na última temporada).

Guará sendo apresentado no FK Sarajevo

O atleta de 30 anos iniciou sua carreira na escolinha do ex-zagueiro Oscar Bernardi e em 2002 se transferiu para o Guarani que o formaria como atleta profissional. 

" Nosso time fez um amistoso contra o Guarani e venceu por 4 a 2. Fiz dois gols e isto despertou a atenção do Guarani", recordou o meio-campista em entrevista exclusiva ao blog Arquivos e histórias F.C.

Guará ainda enalteceu o tempo que trabalhou na equipe que atuava com o nome de Amparo  (que só trabalha com categoria de base) e o período que conviveu com Oscar Bernardi.

" Na época em que atuei por lá, havia uma estrutura muito boa. Enfrentávamos de igual os times grandes. Fiquei entre 2000 e 2002. O Oscar é uma pessoa muito honesta e sempre procurou nos ajudar. Oscar nos dizia sempre que o maior empresário que um jogador pode ter é o próprio jogador. Vale lembrar que na base tive um grande treinador chamado Juarez Sobreiro Leite que foi um 'paizão' para os meninos e nos ensinava muito dentro de campo", disse o futebolista natural de Guaranésia/MG

Já no Bugre, Emerson trabalhou no juvenil e nos juniores com o técnico Luis Carlos Barbieri.  O comandante em 2003 foi promovido ao time profissional dos campineiros e na temporada seguinte deu a primeira chance a Guará na equipe principal.

"A minha estreia como profissional foi em 2004. Foi em um jogo contra o Marília, pelo Campeonato Paulista, onde empatamos em um 1 a 1. Atuei todo o segundo tempo. Barbieri disse que tive um bom desempenho e por isso na rodada seguinte diante do Mogi Mirim iniciei entre os titulares," recordou.

Guará seguiu no plantel do Bugre, mas perdeu espaço na temporada com a chegada de Joel Santana. Segundo o próprio jogador, o novo comandante priorizou atletas mais experientes e por isso não teve oportunidade.

Sem ser aproveitado, Guará deixou o Bugre em 2007 e voltou a trabalhar com Oscar Bernardi que havia fundado o Brasilis F.C . Sobre o clube campineiro, o meia diz ter um grande carinho e espera poder retornar e encerrar sua carreira lá.

"Quando cheguei ao Guarani em 2002 a realidade do clube era outra. Sempre estava na Série A do Brasileiro e ficando entre os dez primeiros colocados. No entanto, a gestão não era boa e tinha atrasos de salários. Cheguei a ficar quatro meses sem receber. Acompanhei todo o declínio do time e lamentei por isso. No entanto, a nova diretoria está reestruturando a equipe. Tenho um amigo que está atuando no Guarani e me fala muito bem do ambiente no clube. O resultado foi o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro conquistado no último final de semana. Foi merecido. Tenho um carinho muito grande pelo Guarani e seria muito legal poder encerrar minha carreira lá", revelou.

Em seu 'retorno' ao Brasilis, Guará defendeu o clube na Série B do Campeonato Paulista (o equivalente a quarta divisão) em 2007 e 08, não conseguindo o acesso. O objetivo viria em 2009 e com o título do estadual, mas atuando pelo Red Bull F.C.

" Em 2009 participei do primeiro título e acesso do Red Bull. Atuei em 29 dos 32 jogos do estadual e fiz 8 gols. Com a boa campanha, fiquei esperando uma renovação, que até hoje não sei o motivo, não houve. Cheguei a recusar propostas, com a intenção de renovar, mas nunca apareceu", afirmou o futebolista.

Em 2010, defendeu o CRAC no Campeonato Goiano, onde atuando como segundo atacante fez 9 gols em 13 jogos. O clube de Catalão ficou na sexta posição. 

Encerrado o Campeonato Goiano, Guará defendeu a Inter de Bebedouro novamente na Série B do Campeonato Paulista e se sagrou campeão.Em 17 partidas anotou 8 gols.

Após passar 2011 também na Inter de Bebedouro, na temporada seguinte teve sua primeira experiência no exterior. Foi atuar no C.D. FAS de Santa Ana, o maior  e mais popular time de El Salvador.

" Em El Salvador atuei por 6 meses. Joguei a liga local e a Concachampions (o principal torneio envolvendo times da América Central, Norte e Caribe). No campeonato nacional chegamos até a semifinal. Já no continental enfrentamos o Olímpia de Honduras e o Dínamo Houston dos Estados Unidos. Tínhamos um investimento menor que nossos adversários e por isso não passamos de fase. Apesar das dificuldades de estrutura de trabalho em El Salvador, foi muito boa a experiência de viver em outro país, conhecer outra cultura e aprender um novo idioma," recordou o jogador.
O brasileiro em sua equipe de El Salvador


Após retornar ao Brasil, Guará arrumou seu novo clube no final de 2013 e para um destino pouco conhecido dos brasileiros: Myanmar!

" Fui a Myanmar através da indicação de um amigo chamado Cézar (atuaram juntos no Red Bull) e seu empresário Fábio Luciano Silva,pois o Yangon United precisava de um meia. Fiquei feliz ao ser lembrado. Vivi o melhor momento da minha carreira lá e foi nas temporadas 2014 e 15. Em 2014 atuei em 31 jogos, anotando 19 gols e dando assistência para outros 15. Fomos vice-campeões. Na temporada seguinte, veio o título. Emplacamos 16 vitórias consecutivas e nos sagramos campeões com duas rodadas de antecedência. Anotei sete gols e fiz 14 assistências", relembrou o brasileiro.

Emerson contou sobre como foi viver no país localizado no sul da Ásia.

"Myanmar é um país que ficou fechado para o mundo por muitos anos e está em reconstrução. Lá ou você fala inglês ou o idioma local (birmanês). Foi ai que comecei a tentar aprender inglês, pois birmanês é muito difícil, pois tem muitos sons nasais. O que me ajudou na adaptação foram os mianmarenses que são muito receptivos com os estrangeiros. Eles também são muito apaixonados por futebol e sempre vão aos jogos.Outra situação curiosa é que em 8 meses do ano, Myanmar faz um calor muito forte chegando aos 40 graus. Nos outros quatro meses chove todos os dias", contou o sul-americano.
Atuando em Myanmar

Com o contrato encerrado com a equipe asiática, Guará teve uma proposta para atuar no FK Sarajevo. O atleta se mostrou feliz em pela primeira vez poder atuar na Europa.

"Fiquei surpreso e feliz com a proposta feita pelo FK Sarajevo. Trabalhei duro para ter esse reconhecimento e essa oportunidade. Saí dos 40 graus de Myanmar e fui para os -10 graus da Bósnia. Situações que só o futebol proporciona", contou, para depois dizer que não teve uma boa passagem pelo Leste Europeu.

" Cheguei a ter uma sequência de jogos pelo FK Sarajevo, mas houve uma troca de treinadores e perdi espaço. Ficamos em quarto lugar no campeonato local e a torcida ficou insatisfeita, pois um time grande sempre tem que ser campeão. Brigar por títulos. Ao término da temporada fiz uma rescisão amigável de contrato. Valeu pela experiência em viver em uma cidade linda como Sarajevo  e dentro de campo, o futebol local não é muito bom tecnicamente, é mais força, vontade e marcação. Evolui muito no quesito marcação", emendou.

Guará está de 'malas-prontas' para retornar ao Yangon United e embarcará em novembro onde inicia a pré-temporada. O atleta explicou o motivo que o faz retornar a Myanmar.

" Retorno a Myanmar, pois conheço bem o país e a liga de futebol. É a chance que tenho de voltar a fazer uma boa temporada. Há alguns lugares de Myanmar que quero vistar e não tive a oportunidade, como Bagan que tem mais de 3 mil templos religiosos", finalizou.

Crédito das fotos: página oficial de Emerson Guará no Facebook: https://www.facebook.com/emersonguara10/?fref=ts