Três anos depois, já conhecido com o time do Papa Francisco, vi os portenhos eliminando o Grêmio em Porto Alegre/RS, pelas oitavas de final da Libertadores. Nesta ocasião estava como jornalista trabalhando para o FutNet.
Confira os dois episódios:
Em outubro de 2011 tirei férias e passei uma semana na capital da Argentina. Como bom apreciador de futebol, tinha que assistir uma partida.
Há hotéis que possuem convênios com empresas que fazem excursões para as canchas dos cinco clubes grandes daquela nação (Boca Júniors, River Plate, Independiente , Racing e San Lorenzo).
Na época em que estava no país vizinho haveria no dia 14, uma sexta-feira, o duelo entre San Lorenzo e Banfield, válido pela 11ª jornada do Apertura.
Naquela ocasião, El Ciclón vivia uma situação terrível e estava ameaçado pelo rebaixamento. Já tinha algumas temporadas que os Corvos não faziam boas campanhas. Como o descenso era a média dos três últimos rendimentos de cada torneio, a situação do C.A.S.L.A era perigosa.
Caso o clube de Almagro perdesse para o Alviverde iria para o Z-3.
Me recordo que no dia da peleja os jornais esportivos falavam apenas deste compromisso. Dava a impressão que se o azuis-grenás não ganhassem o mundo ia acabar. Era muita tensão no pré-jogo.
Ingressos para o jogo entre San Lorenzo x Almagro |
Eu estava hospedado no centro de Buenos Aires e me disseram que o Nuevo Gasómetro era longe. Realmente era. Mas não imaginava que fosse tanto!
Lembro da van andando por toda a cidade e não chegava nunca no local. E curioso que cada vez que fosse ficando próximo do destino os bairros ficavam mais humildes. Até que chegamos à cancha.
Eu olhei para um lado, estava o local da peleja e do outro uma favela! Isso mesmo o estádio ficava ao lado de uma favela! Ou Vila Miséria como eles chamam.
O guia que estava na excursão ainda nos avisou: ‘Estão vendo que há uma favela ali. Por favor, não atravessem a rua’. Ok!
O estádio é bem bonito e organizado. Era decorado com as cores do clube o que o deixava mais bonito e atraente. O curioso é que até o banheiro era limpo!
Já a estrutura me lembra um pouco a do Pacaembu. O estádio brasileiro que me vem a mente que mais se parece com o descrito neste blog.
Àquela altura, o San Lorenzo passava por uma crise de bastidores. Na entrada, recebi um jornalzinho que era da oposição fazendo críticas ferozes a administração atual e o momento do clube em campo.
Mais alguns metros, quase dentro do estádio, recebi um folhetim. Era da situação enaltecendo os feitos dos atuais mandatários.
O que me chamou a atenção naquele dia foi a festa e o apoio que os torcedores davam ao time, mesmo sabendo da tensão e o péssimo momento em campo. Os mandantes estavam sendo dominados pelo Banfield.
Em geral, como percebi naquela viagem (indo a outro estádio também, mas ai já é uma outra história), os argentinos apoiam mais o time e vaiam menos os seus jogadores. Vi poucas ofensas aos árbitros também.
Enfim, o Banfield pressionou muito, mas como em muitos roteiros de filmes dramáticos, o San Lorenzo em um único contra-ataque acabou fazendo o gol e se segurou como pode até o fim do jogo.
Sentimento de alívio para quem fez uma partida ruim, mas venceu e não foi para a zona de rebaixamento!
Ao término daquela temporada, o San Lorenzo ainda jogou a repescagem (não me recordo contra quem) para evitar o rebaixamento. E conseguiu escapar! Depois, o clube deu a reviravolta e todos sabem o que houve!
Meu reencontro com o San Lorenzo:
A segunda vez que eu vi o agora time do Papa Francisco em campo foi no dia 30 de abril de 2014. Estava trabalhando na cobertura de Grêmio x San Lorenzo, na Arena, em Porto Alegre/RS, pelo jogo de volta das oitavas de final da Taça Libertadores.
Na ida, os portenhos venceram por 1 a 0. No retorno, duelo onde estive presente, os gaúchos venceram por 1 a 0, em um confronto muito complicado.
Nos pênaltis, os visitantes levaram a melhor e venceram por 4 a 2. Depois da Copa do Mundo, no Nuevo Gasómetro, o C.A.S.L.A. faturou sua inédita Libertadores e tirou a sina de ser o único argentino sem ter conquistado o torneio mais importante das Américas.
O que me recordo deste jogo também é que da cabine ao lado onde trabalhei ficou a rádio do San Lorenzo, onde os jornalistas narravam as partidas para os seus adeptos.
Era curioso ver o quanto eles torciam e berravam no jogo! Pareciam que iam morrer de tanto esgoelar, principalmente na hora dos pênaltis.
Eles chegaram a ir aonde estava eu e outros jornalistas. Pediram a escalação do Grêmio e também conversaram com a gente. Bem simpáticos, diziam o quanto queriam a vitória para o San Lorenzo. Ficaram alguns minutos ali, torcendo, cornetando.
Por fim, um fato cômico ocorrido foi quando saiu o gol do Imortal no segundo tempo. Dudu (hoje no Palmeiras) balançou as redes aos 38 minutos e após a validação do tento parte da torcida gremista se voltou para a cabine onde estava eu e mais um jornalista e começou a nos provocar. Ficamos sem reação. Poucos minutos depois, os adeptos perceberam que estavam provocando as pessoas erradas e acharam o local onde estavam os jornalistas argentinos da rádio San Lorenzo e foram lá corrigir a "injustiça cometida".
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