Raphael Mello em ação pelo CF Canelas de Portugal, sua atua equipe. |
Entretanto, sempre há exceções e o caso de Raphael Mello chama atenção, pois desde os 7 anos já se dedicava ao gol e com 9 anos já defendia o Vasco da Gama.
"Eu comecei a jogar futebol aos 6 anos. Futebol de salão. Um dia faltou o goleiro do meu time e eu fui o substituto. Atuei em dois clubes da minha cidade natal (Niterói/RJ) e aos 9 anos recebi o convite para defender o Vasco. Aos 11, já dividia entre o campo e o futsal. Aos 13 anos foquei exclusivamente no campo", relembrou o arqueiro, em entrevista exclusiva à este blog.
"Na infância, muitos acompanham o futebol, torcem para um time e depois pensam em se tornar profissionais. Comigo foi diferente, pois desde pequeno, eu sempre tive em mente me tornar um jogador profissional e sempre estive atuando e defendendo a camisa de um grande clube. Logo, não tive essa fase de torcedor. Sempre tive o foco de me tornar um profissional", continuou.
Raphael Mello nasceu em 1992 e sua geração foi uma das mais vencedoras da base do Gigante da Colina. Entre 2003 e 06, a 'Geração 92' foi tetracampeã carioca. O grande destaque cruz-maltino era o meia Phillipe Coutinho, com passagens por Barcelona, Liverpool, Bayern Munique e Seleção Brasileira.
"Aquela geração ganhou 4 estaduais consecutivos e este era o campeonato que tínhamos regularmente. Os torneios nacionais de base eram esporádicos e não fixos como atualmente. Sobre o Phillipe Coutinho, ele sempre teve uma qualidade acima da média. Se destacava muito", revelou o niteroiense.
Fotomontagem do período do goleiro no Vasco.Última foto à esquerda, Mello e Phillipe Coutinho. Imagem: arquivo pessoal/Raphael Mello |
Na equipe de São Januário, Raphael Mello, ficou até os 17 anos e se mostra agradecido pela formação que teve como pessoa, jogador e estudante. Em seguida, acabou indo para o Duque de Caxias, onde fez sua estreia como profissional.
"Minha infância e adolescência foi toda no Vasco. Eu praticamente passava o dia em São Januário. Meus pais me buscavam e me levavam de carro. De manhã, eram os treinos e a tarde aula lá mesmo. O Vasco sempre teve uma preocupação social muito grande. Não formar só o atleta, mas também o cidadão. A escola que o Vasco tinha era muito boa. Eu ingressei lá na 8ª série e fiz até o final do ensino médio. Sou muito grato ao Vasco por tudo que me fez e quem sabe um dia eu possa voltar lá e atuar como profissional", continuou, para explicar sua saída do clube.
"Em 2008, houve mudança na presidência do clube e a gestão foi modificada a partir de 2009. Muitas pessoas saíram. Muitos atletas foram liberados e eu fui um deles. Uma parte desses profissionais foi trabalhar no Duque de Caxias, que na época, jogava a Série B do Campeonato Brasileiro. Essa mesma equipe técnica indicou alguns atletas liberados do Vasco, eu fui um deles e aceitei", emendou.
"É claro, que o Duque de Caxias não tinha mesma estrutura dos principais clubes do Rio. Mas , a mentalidade do time era vencedora. Disputava a Série A do Carioca e depois a Série B do Campeonato Brasileiro. Eu vi ali uma grande chance de terminar a minha base e poder fazer minha estreia no profissional", prosseguiu.
No clube da Baixada Fluminense, o arqueiro ficou até 2014. Fez sua estreia na equipe principal em 2011. Em 2013, foi campeão da Copa Rio, torneio que ocorre no segundo semestre entre as equipes menores do estado.
" Em 2013, enquanto a equipe principal disputava a Série C do Brasileiro, uma equipe 'B' jogava a Copa Rio e eu era o titular .Em 2 partidas fui o capitão da equipe. Depois, os principais jogadores entraram na reta final. Fico feliz em ter ajudado a conquistar a Copa Rio e que nos deu uma vaga na Copa do Brasil, a primeira vez que o clube iria disputar este torneio", contou.
Comemorando o título da Copa Rio de 2013. Imagem: divulgação. |
Em 2015, Raphael Mello, se transferiu para o Bonsucesso para a disputa do Campeonato Carioca. Iniciou na reserva, mas terminou como titular da equipe. Após o estadual, veio a chance de atuar em Portugal, onde permanece até o momento.
Sua primeira equipe, em terras lusitanas, foi a União Desportiva Oliveirense.A equipe do distrito de Aveiro, no norte do País, estava disputando a Segunda Divisão. Depois, se transferiu para o Cesarense, também de Aveiro, ficando mais duas temporadas e desde 2019 está no C.F. Canelas. A sua atual equipe é de Vila Nova de Gaia e vinha jogando a terceira divisão de Portugal. No entanto,se destacou chegando até às quartas de final da Taça de Portugal. Passaram por 4 fases, antes de ficar entre os 8 melhores do País.
"O Canelas é um time tradicional em Portugal, que fica localizado em um centro maior que Aveiro e mais próximo de Porto. A cidade acompanha a equipe e ficaram orgulhosos com a nossa campanha chegando até às quartas de final da Taça de Portugal" , explicou, para depois, dizer as diferenças entre o futebol praticado em Portugal e no Brasil.
"Aqui em Portugal, o futebol é mais tático que técnico. Por aqui se preza mais o jogo coletivo do que individual. Isso foi bom para mim, pois aprendi a ver o jogo de futebol de uma forma mais tática. Uma visão diferente de futebol. Mesmo na posição de goleiro, os preparadores focam muito em posição em campo e detalhes que serão utilizados durante um jogo. No Brasil, os treinos aos arqueiros são mais focados em técnica e agilidade", contou o brasileiro.
Mesmo Brasil e Portugal serem nações com culturas semelhantes, sempre há algum problema no início da adaptação, inclusive com o idioma.
" O português fala muito rápido e mesmo já vivendo aqui há 5 anos, às vezes, quando eles falam muito rápido é difícil de entender. Quando um brasileiro chega aqui, sempre fazemos uma tradução dos termos da língua portuguesa em Portugal. Eu no meu primeiro dia aqui fui informado pelo diretor do clube que o pequeno-almoço do hotel era servido às 8h. Eu fiquei imaginando o que seria o tal pequeno-almoço. Teria arroz e feijão, por exemplo? Ai, claro, vi depois que é como eles denominam o café da manhã", contou.
Em 2019, Portugal voltou os olhos ao futebol brasileiro, mais especificamente ao trabalho do técnico Jorge Jesus no Flamengo. Mello disse que percebeu esse aumento por assistir os jogos no Brasil e que isso se deve ao fato dos lusitanos gostarem muito de Jesus.
"O Jorge Jesus é uma figura muito querida pelos portugueses. Gostam muito dele. Logo, sempre que podem, acompanham o trabalho dele. Por isso, aqui passaram a falar muito do Flamengo", contextualizou.
Por conta da pandemia do coronavírus, as divisões inferiores de Portugal foram canceladas. O CF Canelas estava em nono lugar na Terceira Divisão. Visando já a próxima temporada, o brasileiro recentemente renovou seu contrato com a equipe de Vila Nova de Gaia.
Aos 27 anos, Mello ainda não pensa em pendurar as luvas, entretanto, visando o futuro, já fez faculdade de jornalismo na Estácio de Sá, em Niterói/RJ e também já fez o nível 1 do curso de treinador da UEFA, que dá licença para ser técnico das categorias de base.
"Eu ainda não penso em me aposentar como jogador. Tenho 27 anos e ainda quero seguir jogando por muito tempo. Entretanto, gosto de sempre pensar no pós-carreira. Sempre concilio a profissão de jogador com estudos em paralelo. Consegui terminar a faculdade de jornalismo no Brasil e aqui já iniciei o curso de treinador da UEFA. No primeiro nível, foram 2 anos. 1 ano de aulas teóricas e práticas e o outro de estágio.Sempre que puder, vou conciliando o trabalho com estudos. Isso também me ajuda a entender o jogo melhor e serve para a minha carreira como jogador", finalizou.
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