Arquivo! Os 107 anos do ST.Pauli e uma entrevista exclusiva com Fabian Boll

Na última segunda-feira, 15 de maio, o Sankt Pauli da Alemanha completou 107 anos de fundação. Por conta dos seus ideais,o modesto clube de Hamburgo tem muitos adeptos e simpatizantes ao redor do mundo.

Fabian Boll: ídolo e por muitos anos capitão do time!Divulgação 

A equipe do norte germânico sempre `abraçou'  as minorias. É expressamente proibido torcedores homofóbicos, racistas, machistas e que tenham qualquer tipo de preconceito e ódio. Tudo isso está no estatuto do clube!

Logo é notório que muitas pessoas que se identificam com a esquerda e gostam de futebol sejam torcedoras do time fundado em 1910.

O ST.Pauli também é alternativo por causa do seu uniforme cuja cor é marrom. Que outra agremiação no mundo tem marrom em seu traje? 

Na década de 80, a bandeira preta com um símbolo da caveira branca foi adotada e em muitos jogos ela está lá tremulando em alguma arquibancada.

O Millnetor Stadium, hoje modernizado para atender as exigências da Bundesliga, por muito tempo foi uma cancha mais 'underground`. Pequeno, acanhado e com placar manual (ao invés do eletrônico) e antes dos jogos se toca a música Hells Bells da banda australiana AC/DC.

Millentor em dia de jogo/ Divulgação 

No Brasil, há a ST.Pauli Brasil,torcida oficial dos `Brown Boys`. Reconhecida pela torcida organizada do clube na Alemanha. Este que vos escreve tem uma simpatia muito grande pelo time e nos anos 2009,10 e até 11 foi um dos moderadores da comunidade do ST.Pauli Brasil no orkut. Por algumas temporadas eu organizava os pré e pós-jogos.  Me divertia vendo o clima da torcida e sofria com os resultados.

Com o tempo, a responsabilidade foi aumentando, os jogos da Segunda Divisão eram em horários complicados de se assistir (a maioria) e não acompanho mais tanto quanto gostaria.

Minha maior contribuição para a torcida oficial foi participar de uma entrevista , em 2013, com o ídolo e até então capitão do time Fabian Boll.

O volante atuou pela equipe principal entre 2002 e 2014. Atualmente joga pela equipe II do clube que está em divisões inferiores da Alemanha. O atleta de 37 anos também é policial.

Crédito: Divulgação!

A matéria foi feita em conjunto com Lou Leal, fundadora da ST.Pauli Brasil e com Murilo Cleto.

Este blogueiro formulou as perguntas 3 e 7.

Confira:

 1)Primeiro gostaríamos de saber sobre o início da sua carreira. Jogar futebol era um sonho de criança?

Fabian Boll: Não muito, mas sempre quis jogar futebol e da maior categoria possível. Quando se existe a possibilidade, não se diz não.

2)Você jogou em alguns times antes de começar no St. Pauli. Quais foram as razões que o levaram a escolher o time para jogar e o que mais te chamou a atenção nessa época?

FB: Um ano antes de jogar no St. Pauli eu tive um proposta do Norderstedt, porém recebi uma nova proposta e como fã do time decidi mudar. A atmosfera no Millerntor sempre me impressionou e como fã do clube, sempre tive o sonho de jogar aqui um dia.

 3)Você está jogando no St. Pauli desde 2002, o que é bastante tempo. Como é jogar no Millerntor, que é um estádio ‘a moda antiga’, quando hoje em dia você encontra tantas arenas modernas na Europa e ao redor do mundo?

FB: Nosso estádio nem é mais tão a moda antiga‘. O antigo estádio tinha um charme próprio, sem dúvidas, mas para se manter competitivo era importante que o Millerntor se modernizasse. Não temos uma arena como muitos outros clubes têm, mas ainda é um estádio especial, com um jeitão meio inglês, devido a localização no centro da cidade.

4)O que você pensa sobre o futebol moderno?

FB: O futebol moderno é cada vez mais um negócio. O futebol em si tem pouco a ver com a realidade – o business dos jogadores profissionais para mim é uma subcultura.

5)A última temporada não foi tão boa para o St. Pauli. Quais são as suas expectativas para a nova temporada?

FB: Queremos melhorar até o final da temporada, melhor do que estivemos na temporada passada. Precisamos de um pouco de tempo para formar uma equipe. Estamos com nove jogadores novos e por conta disso leva um tempo até nos entrosarmos.

6)Você está com 34 anos agora. Nós gostaríamos de saber até quando você planeja jogar e se você já tem planos para quando parar.

FB: Enquanto eu estiver ativamente jogando, não tenho como dizer. Até porque ainda não fiz grandes planos. Eu apenas noto mês a mês, quão motivado estou para jogar. Então, enquanto eu estiver pensando na minha carreira, não tenho planos para depois.

7)Durante a sua jornada no FC St. Pauli até agora, qual foi o melhor e o pior momento?

FB: Houve alguns belos momentos. Estes incluem a subida para a 1.Bundesliga em 2007 e 2010, o sucesso na Copa da DFB em 2005/06 e a vitória no derby contra o Hamburgo na 1.Bundesliga. Eu realmente não tenho um pior momento, mas no geral nenhuma derrota é legal, o rebaixamento previsível da 1.Bundesliga em 2011 e a quase subida no verão seguinte, não foram legais.

8)Você sabia que o St. Pauli tem fãs no Brasil e na América do Sul? O que você acha do alcance que o time tem, mesmo não sendo um time de primeira divisão e por isso você não pode ver os jogos nos canais esportivos fora da Alemanha e da Europa?

FB: Eu sei que temos um monte de fãs ao redor do mundo, como em Nova York ou até mesmo na Nova Zelândia. É bonito que um pequeno clube de bairro, como o FC St. Pauli que nunca celebrou grandes sucessos tenha tantos fãs ao redor do mundo. Isso é incrível!

10)Para terminar. Você poderia deixar uma mensagem para os fãs do St. Pauli no Brasil? 

FB: Para todos os brasileiros: deixem os alemães serem campeões do mundo no ano que vem! (risos do Boll). Para todos os fãs do St. Pauli no Brasil: Ergam bem alto a bandeira da caveira e espalhem que existe um pequeno clube em Hamburgo que é especial e sempre será especial por causa de seus muitos fãs ao redor do mundo. 

Observação:
A última vez que o ST.Pauli esteve na primeira divisão foi na temporada 2010/11. Desde então se encontra na segunda divisão. Nesta temporada, o clube de Hamburgo está na nona colocação com 42 pontos. Apenas cumprirá tabela neste sábado, contra o Bochum, pela jornada de encerramento. 

Bônus
Para saber mais como é a atmosfera do Millentor em dia de jogo recomendo o relato da Lou Leal para o site da ST.Pauli Brasil (torcida oficial do time no Brasil). Foi neste portal que a entrevista com Fabian Boll foi publicada. Clique aqui.