Brasileiro em sua rápida passagem pela Áustria |
O Arquivos e Histórias F.C. teve a honra de ser o primeiro veículo midiático a contar a trajetória futebolística deste paranaense de Cascavel.
Confira:
Como ocorre em muitos lares brasileiros os meninos desde pequeno sempre jogam futebol tanto no quintal de casa como nas ruas. A situação não foi diferente para Marcelo Fernandes.
A primeira equipe que defendeu foi a 'Escolinha do Parque São Paulo' que era do bairro que vivia em Cascavel/PR. Disputava torneios organizado pelo município paranaense e uma vez por ano participava de competições estaduais.
Aos 7 anos atuando em seu primeiro clube: Escolinha do Parque São Paulo |
Em seu último ano de infantil foi contratado pelo Toledo Colônia Work (atualmente Toledo F.C.) situado também no oeste do Paraná. Por lá, o jogador nascido no primeiro dia de 1991 foi vice-artilheiro do Paranaense Juvenil de 2008 e na mesma temporada foi promovido ao time profissional.
"Minha estreia profissional foi em 2008 pela Copa do Paraná. Na ocasião, o Toledo venceu o Cianorte por 2 a 1 e entrei no segundo tempo. No entanto, fiquei pouco tempo no elenco profissional, pois no fim daquele ano o Toledo firmou parceria com o São Paulo trazendo muitos atletas do Tricolor para atuar em 2009. Sem espaço fui emprestado para o São Bernardo. O que me chamou a atenção foi poder disputar uma Taça São Paulo de Juniores, uma grande vitrine para quem está iniciando a carreira", disse o centroavante, que no infantil chegou a atuar com meia direita.
Após duas temporadas pelo clube do ABC paulista, o cascavelense se transferiu para o Palmeiras, onde em 2011 atuou pela equipe B na Série A-2 do Campeonato Paulista. Foi pelo Palestra Itália que anotou seu primeiro gol como profissional. O tento foi histórico também por questões familiares.
"Meu primeiro gol anotado foi em um jogo diante da União Barbarense em 2011 pela Série A-2 do Paulista. Um dia antes um tio meu havia falecido. No momento do jogo estava ocorrendo o velório. Anotar aquele gol foi emocionante e uma forma de mandar força para os familiares com essa boa notícia", contou.
Fernandes chegou a treinar com o time principal e participou de alguns amistosos. Mesmo não disputando nenhum jogo pelo elenco principal, o futebolista se mostra feliz em ter passado pelo Palestra Itália,
"Meu período no Palmeiras foi muito bom. Treinei ao lado de grandes jogadores como o goleiro Marcos e o meia Valdívia. É um sonho realizado estar naquele elenco. Meu pai é palmeirense e para ele foi um motivo de orgulho eu estar lá. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Queria que todos os meus amigos e companheiros do futebol, que ralaram comigo, estivessem lá também. Que eles tivessem também esta oportunidade. O técnico era o Felipão e ele tratava todo mundo muito bem. Conversava e dava motivação aos mais novos para sempre dar o máximo nos treinos", afirmou o atleta.
Fernandes em um amistoso pelo Palmeiras. Atleta está ao lado do ex-jogador Galeano |
Sem oportunidade no Verdão e precisando ter sequência de jogo, Marcelo aceitou a proposta recebida pelo Bangu e participou do Carioca de 2012. Na ocasião, o Alvirrubro foi semifinalista do segundo turno o que fez com que escapasse do rebaixamento no estadual.
" Atuar no Bangu foi sensacional. Foi uma campanha inacreditável. No primeiro turno não ganhamos nenhum jogo e para livrar do rebaixamento precisávamos ir à semifinal do returno e foi o que aconteceu. Foi incrível! Fazia muito tempo que o Bangu não ficava entre os quatro melhores de um turno no Carioca. Por lá, atuei com grandes jogadores como o meia Almir, onde temos uma grande amizade,o atacante Thiago Galhardo (ambos ex-Botafogo), e o atacante Fabinho Alves (ex-Cruzeiro, Joinville e atualmente no ABC/RN). Para os profissionais e os torcedores aquela semifinal foi tão comemorada como se fosse um título", relembrou.
Após se destacar no time carioca, Fernandes recebeu uma proposta para atuar na Áustria. No entanto, sua passagem pelo Wacker Innsbruck não foi boa. O brasileiro sofreu uma lesão no tornozelo e foi pouco utilizado.
"Atuei na primeira divisão da Áustria,mas não foi uma experiência boa. No inverno a temperatura chegou a -28 graus. Nunca havia passado por isso antes.O futebol lá é diferente do praticado no Brasil. Havia muita marcação e exigência tática. Por fim, ainda sofri uma lesão no tornozelo o que fez com que eu atuasse pouco. Sei que poderia ter tido um rendimento melhor. Um exemplo foi a partida contra o Mattesburg,onde perdíamos por 1 a 0 e entrei faltando dez minutos para o encerramento. Fiz o gol de empate e dei um passe para o tento da virada", contou o jogador, que após seis meses retornou ao Brasil para atuar no Caxias/RS.
" Sempre tive o sonho de atuar no futebol gaúcho e apareceu a oportunidade do Caxias. Adorei viver em Caxias do Sul e tive uma boa passagem pelo Caxias. Guardo boas recordações", emendou.
Após seis meses, Marcelo retornou ao Bangu/RJ e em 2015 recebeu a proposta para atuar no Atibaia pela Série A-3 do Paulista. Pelo Falcão conseguiu o acesso à A-2. No entanto, em 2016, o clube da Região Metropolitana de Campinas teve problemas em adequar seu estádio para jogar a Série A-2 e teve que participar novamente da A-3.
"Acaba sendo frustrante ver que o Atibaia não pôde disputar a Série A-2 em 2016. Trabalhamos e dedicamos muitos dias para alcançar o acesso e ver que não pode participar da A-2 é muito triste. São coisas que infelizmente acontecem no futebol", lamentou.
No segundo semestre de 2015, defendeu o Guaratinguetá na Série C do Brasileiro. O centroavante chegou para a disputa do segundo turno e ajudou a equipe do Vale do Paraíba, que era dada como rebaixada, a permanecer na terceira divisão.
Em janeiro de 2016, o brasileiro recebeu outro convite para atuar no exterior. Desta vez em Myanmar. Mais precisamente no Yangon United F.C. O clube mais popular da Birmânia.
" Aceitei vir para Myanmar, pois vi que seria uma grande oportunidade em um mercado que está crescendo muito. Tenho chances de poder atuar contra equipes da China, Japão e Coreia do Sul.Potências da Ásia. Os clubes mianmarenses tem contratado muitos técnicos estrangeiros e vejo que os jogadores aqui são muito obedientes e tem muita vontade de aprender. Os jogadores daqui já tem uma força física fora do normal. Um diferencial para eles. Tudo isso faz com que o futebol aqui siga evoluindo. Não tenho dúvida que um dia será uma potência mundial", disse o sul-americano, que depois falou sobre sua adaptação e costumes locais.
"A língua local (birmanês) é muito difícil. Aprendi as palavras principais como 'obrigado', 'saudações' e outras necessárias para o entendimento em campo. O povo mianmarense é muito acolhedor. Quando gostam de ti fazem de tudo para agradar. Ajudam muito o estrangeiro a se adaptar a cultura local. É verdade que eles tem alguns costumes estranhos como comer ratos, cachorros e sapos. Me ofereceram, mas eu não me arrisquei a comer (risos)."
Pelo Yangon United F.C., Fernandes pela primeira vez em sua carreira disputou uma competição continental. Sua equipe atuou nos playoffs da Champions League Ásia e foi eliminado na prorrogação pelo Chonburi da Tailândia. Apesar do revés, o brasileiro guarda com carinho esse duelo.
"Apesar do placar negativo, eu tive uma grande atuação. Fiz o primeiro gol de nossa equipe e dei o passe para o segundo. Infelizmente fomos eliminados na competição e não fomos para a fase de grupos", recordou.
O Yangon também atuou na AFC Cup, o equivalente à Copa Sul-Americana, e na fase de grupos ficou em terceiro lugar somando 8 pontos. Apenas os dois primeiros de cada chave avançavam ao mata-mata. Nos seis jogos realizados, Marcelo anotou cinco gols.
Já em âmbito doméstico, sua equipe faturou a Recopa de Myanmar e foi vice-campeão tanto da Liga Nacional como da Copa Nacional.
Essa boa temporada fez com que recebesse uma proposta do Saigon FC do Vietnã.
Fernandes em seu atual clube no Vietnã |
Desde janeiro em terras vietnamitas, o brasileiro já entrou em campo quatro vezes e anotou dois gols e deu assistência para outros dois tentos. Todos os duelos foram pelo Campeonato Nacional.
"Decidi, junto com os meus representantes, vir para o Saigon FC, porque tem uma estrutura muito boa e um projeto ambicioso. Comecei bem a temporada e isso me dá ânimo para atingir meus objetivos. Aqui o povo é bastante acolhedor, muito parecido em Myanmar. Também contratam técnicos e jogadores estrangeiros visando desenvolver o futebol local. Sinto-me feliz por ter meu futebol reconhecido aqui na Ásia", explicou o futebolista, para depois dizer que se sente realizado com a sua carreira.
"Sou muito grato ao futebol por tudo que me proporcionou e me ensinou. Pelas pessoas que conheci e pude trabalhar. Conhecer outros países, outras culturas. Olho para trás e vejo tudo que passei e o que fiz para chegar onde estou, me faz sentir um vencedor. Deus tem sido muito bom para mim. Tenho fé que muitas coisas boas estão por vir. Também quero agradecer a minha família, minha namorada e os meus amigos que sempre me apoiam e torcem por mim.Pagamos um preço alto ao escolher ser jogador de futebol, pois temos que viver longe das pessoas que amamos.Mas sei que no futuro estarei perto deles e com todos os meus objetivos alcançados", finalizou.
Prorrogação:
1) Melhor liga que atuou: Austrian Bundesliga
2) Treinador que marcou sua carreira: Sr. Doraci, meu primeiro treinador lá na Escolinha do Parque São Paulo. Me ensinou tudo que eu precisava para ser um grande jogador e acima de tudo uma grande pessoa.
3) Melhor parceiro de ataque: Reisnaldo no Toledo Colônia Work. Nos entendíamos muito bem em campo.Com ele de parceiro no ataque eu fui vice-artilheiro do Juvenil Paranaense em 2008.
4)Um jogo inesquecível: Yangon United F.C. 2x3Chonburi-TAI.
Crédito das fotos: arquivo pessoal de Marcelo Fernandes
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