Bastidores: Republico neste espaço a matéria que fiz em 2015,ao FutNet, sobre os 10 anos do jogo entre Corinthians e Inter, em 2005, pelo Brasileirão, onde o goleiro Fábio Costa fez pênalti no Tinga e o árbitro Márcio Rezende de Freitas não marcou. O soprador de apito ainda expulsou o atleta colorado.
Relembrei alguns fatos daquele campeonato e ainda publiquei declarações com o goleiro André e o volante Gavilán, que estavam no Inter e o volante Edson Sittá, que atuava no Timão.
A peleja terminou 1 a 1.
Crédito: Divulgação |
Confira:
Há 10 anos acontecia o lance possivelmente mais polêmico da era dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro. O penâlti de Fábio Costa em Tinga, em que o árbitro Márcio Rezende de Freitas não marcou e ainda expulsou o meio-campista.
“Foi uma grande frustração da minha carreira. Lutamos muito para conseguir aquele título e o extracampo impediu que isso ocorresse. Fiquei muito chateado com aquilo. Merecíamos ganhar aquela competição. Márcio Rezende de Freitas e Edílson de Pereira de Carvalho, dois 'amigos meus' (risos)”, disse o volante paraguaio Gavilán, em entrevista exclusiva ao FutNet publicada no dia 6/09/2013.
O duelo entre Corinthians e Internacional foi válido pela 40ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2005. Paulistas e gaúchos brigavam pela liderança. Era o duelo do campeonato.
Relembrando um pouco aquele 2005, o Timão chamou a atenção no início do ano quando anunciou a parceria com a MSI, até então desconhecida . Seu representante no Brasil era Kia Joorabchian, um iraniano radicado em Londres-ING. O fundo de investimento trouxe vários atletas de renome ao Timão, sendo a principal contratação Carlos Tevez. Promessa argentina que era cobiçada por vários clubes europeus. O Alvinegro o trouxe para o Brasil.
Após fracassar no Paulista e na Copa do Brasil, as atenções foram voltadas para o Brasileirão.
Do outro lado estava o Internacional, que lutava de igual pela conquista do título e vinha, desde 2003, formando a base vencedora que lhe daria duas Libertadores entre 2006 e 10, além de outras conquistas internacionais.
Aquele Brasileirão começou de forma disputada e emocionante. Com grandes jogos. Até que surgiu o escândalo que ficou conhecido como a Máfia do Apito, onde 11 jogos apitados por Edílson Pereira de Carvalho estavam ‘contaminados’ e este assumiu que houve manipulação nos placares. Os cotejos tiveram que ser remarcados. O Timão foi quem mais se beneficiou por não ter perdido pontos e aberto uma vantagem de 4 pontos em relação ao Inter. Ainda refez um jogo contra o Santos, onde havia perdido por 4 a 2 e na remarcação ganhou por 3 a 2. O Inter teve um jogo remarcado contra o Coritiba, onde havia ganho por 3 a 2. Na remarcação o placar foi o mesmo: 3 a 2.
“Na verdade, aquele campeonato todo foi uma bagunça. Esse lance do Tinga com o Fábio Costa foi só um símbolo do que foi a lambança daquele Brasileirão! Teve aqueles jogos
remarcados por conta de escândalo de arbitragens. Ai se anulam os pontos, os gols feitos. Foi muito conturbado aquilo. O legal é que depois daquela edição, os campeonatos foram mais organizados e sem essas polêmicas. Aos poucos o futebol brasileiro vai se organizando e fazendo campeonatos com mais credibilidades”, disse o goleiro André, em entrevista exclusiva ao FutNet publicada no dia 30/08/2013. Naquela ocasião, o arqueiro era reserva de Clêmer.
Ao chegar na antepenúltima jornada, a diferença era apenas de 3 pontos. Os porto-alegrenses poderiam encostar nos paulistanos e seguir lutando pelo título.
O jogo tinha um Pacaembu lotado, que viu uma partida extremamente equilibrada. Tevez fez 1 a 0 para os anfitriões aos 36 minutos do primeiro tempo. Rafael Sóbis empatou aos 4 da segunda etapa.
Aos 28 minutos da etapa final, com o Inter melhor em campo e atacando , a bola é lançada para Tinga, Fábio Costa sai do gol e atrapalhadamente atinge o meio-campista.
Muitos no estádio já estavam conformados com o pênalti. Todos viram a imprudência do arqueiro no jogador de linha. Quase todos. Menos o árbitro Márcio Rezende de Freitas que entendeu simulação de Tinga e o expulsou (já tinha um cartão amarelo).
O confronto terminou empatado em 1 a 1, com a equipe rio-grandense extremamente revoltada com a não-marcação da penalidade máxima.
O clube do Parque São Jorge acabou confirmando o título do conturbado Brasileirão. Na rodada seguinte bateu a Ponte Preta por 3 a 1 e depois, no encerramento perdeu para o Goiás por 3 a 2. Os gaúchos venceram na sequência o Palmeiras por 2 a 1, mas na jornada de encerramento, acabaram perdendo para o Coritiba por 1 a 0.
A classificação final teve o Timão com 81 pontos e o Inter com 78.
10 anos se passaram e o Internacional não esqueceu o lance e muitos torcedores do clube se consideram o ‘campeão moral’ de 2005.
Quem vive no Rio Grande do Sul, percebe o quanto a torcida, imprensa e até pessoas ligadas ao Inter lamentam o ocorrido.
O Colorado já se sagrou bicampeão da Libertadores, campeão da Recopa, Sul-Americana, da Copa Sul-Americana, do Mundo, mas não esquece o Brasileirão. Parece que nada apaga da memória dos colorados o pênalti de Fábio Costa no Tinga.
Depois do Grêmio, o Corinthians certamente é o maior rival do Inter.
Já o Timão, que se sagrava tetracampeão, comemorou o título e comemora até hoje. Mesmo com a ‘mancha’ da arbitragem, o Alvinegro tinha um bom elenco e jogadores como Mascherano e Tevez são tratados como ídolos no clube paulista.
“Sobre aquele jogo, estávamos com a adrenalina muito alta e a única coisa que pensávamos era vencer o Inter. Dentro de campo não teve como pensar em outra coisa a não ser o foco no jogo. No vestiário, ao término, a única coisa que se comentou foi sobre o fato que poderíamos ter vencido a partida. Pois atuávamos em casa. Mas pela circunstância do jogo, o empate foi um bom resultado”, relembrou o volante Edson Sitta, em entrevista exclusiva ao FutNet para esta reportagem.
“ Ganhar um Brasileiro pelo Corinthians foi a realização de um sonho.Um privilégio enorme de fazer parte do memorial do Corinthians e da história da equipe”, emendou o atleta que atualmente defende o Bragantino.
FICHA TÉCNICA DO JOGO
DATA: domingo, 20/11/2005
LOCAL: Estádio Paulo Machado de Carvalho, São Paulo, São Paulo – Brasil
PÚBLICO: 35.124 presentes (32.935 pagantes + 2.189 não pagantes)
RENDA BRUTA: R$ 532.994,00
RENDA LÍQUIDA: R$ 300.116,48 DESPESAS: R$ 232.877,52
ÁRBITRO: Márcio Rezende de Freitas. ASSISTENTES: Vayran da Silva Rosa e Claudemir Maffessoni. GOLS: 37’ Tevez, 48’ Rafael Sóbis.
CARTÃO AMARELO: Rosinei; Élder Granja, Ricardinho e Tinga.
CARTÃO VERMELHO: 74’ Tinga.
CORINTHIANS: Fábio Costa; Eduardo (88’ Edson Sitta), Betão, Marinho, Gustavo Nery; Marcelo Mattos, Bruno Octávio (81’ Jô), Rosinei (74’ Hugo), Carlos Alberto; Tevez e Nilmar. Técnico: Antônio Lopes.
INTERNACIONAL: Clemer; Élder Granja, Ediglê, Edinho, Alex; Gavilán, Tinga, Perdigão (85’ Márcio Mossoró), Ricardinho (76’ Wellington); Rafael Sóbis e Fernandão (78’ Iarley). Técnico: Muricy Ramalho.
Reveja os gols e o polêmico lance no vídeo abaixo:
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