domingo, 1 de janeiro de 2017

Histórias da Copinha SP!A falta de amor à camisa, a psicóloga tensa e muito mais!

Prólogo: Em 2010 cobri minha primeira Taça São Paulo de Juniores. Foi a edição que mais rendeu histórias de bastidores. Dois anos depois, trabalhando como blogueiro São Carlos Agora, escrevi alguns desses relatos. Infelizmente o SCA fez uma reforma no portal e o meu blog virou uma coluna. Perdi todas as minhas antigas postagens.Tive que reescrever a história abaixo e quase sete anos depois do ocorrido. É possível que alguma situação tenha escapado da minha memória, mas o principal, felizmente, lembrei.


A lição que fica é: toda vez que fizerem algum trabalho/relato/notícia salvem o rascunho em alguma pasta do computador, pois internet não é garantia que uma vez publicado ficará para a eternidade. Experiência própria.

Confira:
Toda edição de Taça São Paulo de Juniores a cidade de São Carlos é sede. Sempre uma equipe grande (do chamado G-12) atua na primeira fase em solos carlopolitanos. Incrível.

2010 eu estava trabalhando no jornal A Folha e fiquei responsável por cobrir os jogos da Copinha. O anfitrião era o São Carlos treinado por Guilherme Dalla Dea  (atual comandante da Seleção Brasileira sub-15) e o seu grande adversário na fase de grupos era o Palmeiras.

A Águia da Central ficou pelo caminho. O Verdão passou a ser prioridade nas coberturas jornalísticas.

O Palestra Itália chegou à semifinal e o rival foi o Santos. Clássico paulista em São Carlos/SP.
Estádio Luisão e suas histórias sobre a Copinha. Crédito: Angelo Tedeschi


Era um sábado a tarde (23 de janeiro), ensolarado e agradável de ir ao Luisão.

O ingresso era 1kg de alimento não-perecível. Com isso, a cancha estava lotada. Não só de torcedores e curiosos, mas de agentes (havia um grupo de franceses que não quiseram dar entrevistas) políticos locais (prefeitos e vereadores sempre marcam presença) e dirigentes de futebol.

Eu me acomodei na arquibancada coberta (acho o melhor local para ver jogos no Luisão) perto da comissão técnica do Palmeiras. Bem próximo a mim, ficou um cartola. Um tal de Marco Polo Del Nero, à época presidente da Federação Paulista de Futebol. O atual mandatário da CBF não parecia muito afim de estar naquele local. Falou pouco com a imprensa e no intervalo da peleja se mandou para São Paulo.

Mas voltando a falar sobre a minha acomodação, como havia dito fiquei ambientado com os membros do Palestra Itália. Ao meu lado ficou um jogador suplente. Terceiro goleiro. Começamos a conversar. Perguntei sobre sua curta carreira de futebol, como havia parado no Palmeiras, dentre outros assuntos. Bem articulado, o arqueiro respondia com sinceridade e detalhes. A parte mais relevante e curiosa foi quando o interroguei se era torcedor do Palmeiras.A resposta foi: 'Não torço. Sou adepto de tal clube (fora do estado de São Paulo e onde já tinha atuado) e tenho o sonho de jogar (retornar) lá. Estou aqui porque me deram oportunidade, mas aparecer oferta melhor eu saio.Não tenho vontade de fazer carreira no Palmeiras'. Achei incrível a sinceridade! Principalmente porque estava ao lado de companheiros de trabalho.

O futebolista ainda falou que em 2009 havia concentrado em alguns jogos com os profissionais do Verdão durante o Brasileirão. Falou que os goleiros dentro deste clube são muito unidos e um sempre ajuda o outro. Esta união o surpreendeu.

Enquanto isso, o clássico paulista rolava em São Carlos/SP. O Santos era melhor em campo. Alan Patrick (sim, o próprio, ex-Inter, Palmeiras e Flamengo. Seus familiares estavam na cancha e conversei com o pai dele) abriu o placar aos 25 minutos. Na segunda etapa, Renan Mota ampliou o marcador. Patrick aos 29 minutos diminuiu para o time da capital. Aos 37, Thiago Alves fez 3 a 1.

O clima no estádio era de vitória para o clube do litoral. O ânimo dos palmeirenses era baixo. Tenso. Principalmente de uma moça que estava junto do elenco alviverde. Uniformizada vi que pertencia a comissão técnica.

Ela vibrava, gritava, sofria. Parecia as vezes que ia chorar.

Conversei com ela e me disse que era a psicóloga do time e sofria muito com os 'seus meninos em campo'. Achei curiosa a situação. Por mais que todo ser humano tem seus sentimentos e emoções, pensei que como psicóloga, ela poderia se conter, pois vários de seus pacientes estavam ao redor. Não penso que é legal mostrar essa tensão aos mais jovens.

Tensão essa que em dois minutos virou alívio.  Gabriel aos 44 e Patrick aos 45 da etapa final anotaram os tentos de empate. Mantiveram o Verdão vivo na luta pela decisão.

Jogo acabou e todos os integrantes da comissão técnica foram para o vestiário. O goleiro com quem conversei se despediu de mim e eu desejei sorte em sua carreira.

Aquele fim de jogo serviu apenas para os palmeirenses terem um fio de esperança que foi ilusório. Nas penalidades o Peixei venceu por 5 a 3.

Na decisão do torneio, o Santos foi derrotado pelo São Paulo. Após empate em 1 a 1 no tempo normal, o Tricolor Paulista venceu nos pênaltis por 3 a 0.

Para finalizar, o goleiro com quem conversei, anos depois atuou como titular da meta alviverde em torneios de base. Chegando a ser um dos destaques do Palestra Itália. Entretanto como profissional não vingou. Perambula por times pequenos do Brasil. Daquele elenco alviverde apenas o lateral Gabriel Silva vingou. Naquela mesma temporada o ala atuou no profissional do Palmeiras e em 2011 se transferiu para a Udinese-ITA. Perambulou por clubes pequenos da Itália e atualmente está no Granada da Espanha. É o único atleta que se olha a ficha técnica e sabe-se que fim levou.Os outros tem que dar um 'Google' (sim, eu tenho uma revista da época com a ficha técnica de todos os atletas) e ver o que o destino lhes reservou.

Veremos o que 2017 espera na 48ª edição da Taça São Paulo de Juniores.









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