quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

História! Jogadores relembram o vice-brasileiro de 1996 da Lusa

No próximo dia 15 de dezembro se completará 20 anos do vice-campeonato brasileiro da Portuguesa. A melhor campanha da Lusa em competições nacionais.


A década de 90 foi a última de 'ponta' do Rubro-Verde.  Era um período em que o clube do Canindé frequentava a elite do futebol brasileiro e em algumas edições ficava na parte de cima da tabela.

Além da já citada campanha, em 1997 a Portuguesa chegou até às quartas de final do Brasileirão e em 1998 na semifinal do Paulista, onde foi eliminado em um jogo onde dois pênaltis 'escandalosos' foram marcados pelo árbitro Javier Castrilli  a favor do Corinthians. Até hoje os torcedores da Lusa não esquecem o juiz argentino (este tema também foi abordado nessa matéria).

A situação do Leão começou a piorar em 2002 quando caiu para a Série B do Brasileiro. Virou um time mais de segunda do que primeira divisão. Em 2011, com a 'Barcelusa' campeã da Série B parecia que os anos de glória voltariam ao Canindé, mas o 'caso Heverton' em 2013 a fez afundar de vez no futebol nacional. Esta situação também foi abordada aqui nesta matéria.

Enfim voltando a 1996, para relembrar a trajetória, que por pouco não terminou em título, o Arquivos e Histórias F.C. entrevistou, de forma EXCLUSIVA, ex-atletas que integravam aquele plantel.

Confira:
O Campeonato Brasileiro de 1996 ficou marcado pelo bicampeonato brasileiro do Grêmio (o último gaúcho a faturar esta competição) e pelo não-rebaixamento de Fluminense e Bragantino, por conta da 'virada de mesa', uma prática que era comum no nosso futebol.

No entanto, esta edição contou com o histórico vice-campeonato da Portuguesa. Uma equipe que tinha jogadores experientes como o goleiro Clemer e os volantes Capitão e Gallo, aliado a jovens atletas que subiram para o profissional e se destacaram ao longo da competição, como os zagueiros César e Emerson,os meio-campistas Roque, Rodrigo Fabri e Zé Roberto (este inicialmente na lateral-esquerda), o atacante Tico, dentre outros.

O regulamento previa que os 24 times se enfrentavam entre si em turno único e os oito melhores avançavam ao mata-mata.

A Lusa chegou na última rodada precisando vencer o Botafogo, em Curitiba/PR (os paulistas haviam perdido o mando de campo) e torcer por uma combinação de resultados para se garantir na próxima fase. O Rubro-Verde venceu o clube carioca por 4 a 1 e contou com tropeços de Inter (derrota para o Bragantino), São Paulo (empate com o Paraná) e Sport (revés para o Palmeiras).

Lusa  na última rodada do Brasileirão de 1996


" A campanha da Portuguesa lembrou muito a do Santos em 2002. Um campeonato que era um turno só e depois tinha o mata-mata. Nossa equipe assim como aquela do Santos, era de jovens jogadores e que ao longo da competição foi ganhando 'corpo'.O regulamento nos beneficiou assim como os Alvinegros em 2002.Dificilmente se fosse pontos corridos a Lusa teria sido vice-campeã. O técnico Candinho teve um papel fundamental na montagem do elenco, pois soube a hora certa de lançar os garotos. Conversava com os jogadores, falava o momento certo que faria a transição, nos ajudou muito. Para mim foi tudo muito rápido. No início daquele ano eu estava jogando a Taça São Paulo de Juniores e em dezembro estava disputando a final do Brasileirão." relembrou o zagueiro Émerson, até então prata-da-casa que entrou no lugar do lesionado Jorginho (irmão de Júnior Baiano).

"A goleada sobre o Botafogo deu muita moral e confiança para o elenco. Foi fundamental para gente entrar bem no mata-mata", recordou o atacante Tico, outro futebolista revelado no Canindé.

"Formamos um time a ser batido. Sabíamos do nosso potencial, que tínhamos condições de fazer uma boa campanha, mas não imaginávamos chegar até a final. O título escapou por detalhe. Assim como classificamos no detalhe", relembrou o meia Rodrigo Fabri, a grande revelação da Lusa naquele campeonato.

" Conseguimos a classificação de forma angustiante. Perdemos o mando de campo contra o Botafogo. Éramos um elenco jovem. Mesmo vencendo o Botafogo, tudo ainda era  muito cru. Mesmo indo para o mata-mata não pensávamos no título. A 'ficha caiu' apenas quando chegamos na final", disse o defensor César, que foi contratado por empréstimo da Ponte Preta e fez sua estreia como profissional na equipe paulistana.

Nas quartas de final, o adversário da Portuguesa era o Cruzeiro, líder da primeira fase e favorito ao título.

O primeiro confronto foi no Morumbi e os anfitriões venceram a Raposa por 3 a 0. Gols de Rodrigo Fabri e Alex Alves (2x).Na volta, em um Mineirão com mais de 70 mil espectadores , os visitantes perderam apenas de 1 a 0 e se garantiram na semifinal.


"Usamos a nosso favor o favoritismo dado ao Cruzeiro, onde os 'holofotes' estavam todos para eles. Jogávamos retrancado e era bola para Rodrigo Fabri e Alex Alves, que viviam uma ótima fase e saíam os gols", relembrou Émerson, que atuou na Fabulosa entre 1994 e 2001.

"O Cruzeiro era o atual campeão da Copa do Brasil e tinha terminado a primeira fase na liderança. Todo mundo dava como certa a classificação deles", relembrou o meio-campista Roque.

Na semifinal, o rival era a outra equipe de Belo Horizonte: o Atlético Mineiro.

No embate de ida, novamente no Morumbi, o clube fundado em 1920 venceu o Alvinegro por 1 a 0. Na volta, houve empate em 2 a 2.

"Vencemos apenas por 1 a 0 e ficamos receosos. Sabíamos que era um resultado reversível.No entanto, jogamos retrancados na volta e diante de 82 mil torcedores do Atlético, nos garantimos na final ", relembrou Émerson Carvalho da Silva.

Pela primeira vez na história, a Portuguesa chegava a final e o adversário era o Grêmio. Apesar do feito, o atacante Tico afirma que as declarações de Candinho após o triunfo sobre o Galo não pegaram bem entre os jogadores e isso abalou o elenco, podendo ser um dos motivos que fizeram com que o título não viesse.

" Após superarmos o Atlético Mineiro, o técnico Candinho, em entrevista pós-jogo, se empolgou e disse frases como 'Olha onde eu levei a Portuguesa. Olha o que eu fiz na Portuguesa'. Aquelas declarações não 'pegaram' bem no elenco. Ele parecia querer estar acima dos jogadores. O próprio Clemer discutiu com o Candinho. Depois, os jogadores foram proibidos de dar entrevista na véspera da final. Só o Candinho podia falar. Isso abalou o elenco", revelou Paulo Rogério Alves, o Tico.

Na semana que antecedeu a primeira peleja para definir o campeão, torcedores de vários lugares do Brasil se mostraram solidário com a equipe do Canindé. Em treinos abertos, adeptos dos quatro grandes de São Paulo compareceram e mandaram apoio aos atletas.

No primeiro embate, com um Morumbi para 20 mil pessoas, a Portuguesa venceu por 2 a 0. Os gols foram anotados por Gallo e Rodrigo Fabri.

" Fizemos uma ótima partida. Tivemos várias chances. Poderíamos ter feito 3 ou 4 gols. Penso que se isso acontecesse teríamos ficado com o título", fala o defensor Emerson.

" Poderíamos ter saído com um placar elástico, mas o Candinho era pouco ousado. Parecia satisfeito com o 2 a 0", relembrou Tico.

No duelo da volta, no Olímpico, os paulistas podiam perder por até um gol de diferença que se sagrariam campeões.

No entanto, logo aos 3 minutos, Paulo Nunes fez 1 a 0 para os comandados de Luiz Felipe Scolari.O Tricolor seguiu na pressão e durante a metade do segundo tempo, Felipão tirou o volante Dinho e colocou o meia Aílton, um jogador que não tinha a confiança da torcida gaúcha. Mas aos 39 minutos, em bola alçada na área lusitana, a zaga afasta mal e sobra para Aílton finalizar e fazer o gol do bicampeonato.Um improvável herói tirou a taça do Canindé.

"Faltou maturidade para o nosso time. Penso que se tivéssemos um pouco mais de experiência com certeza sairíamos de Porto Alegre/RS com o título.Enfrentamos uma equipe boa e que tinha mais rodagem que nós. O título ficou em boas mãos", relembrou o zagueiro César que era um dos atletas que estava na jogada do segundo gol gremista.

" A Portuguesa merecia o título. O Grêmio só ficava alçando bola na área. Era nítido que estavam perdidos no jogo.Em uma dessas bolas na área saiu o gol.Uma pena. Penso que o melhor é que tivesse uma prorrogação, pois foram placares iguais e o Grêmio foi campeão por melhor campanha. Em 1996 apenas o campeão tinha vaga na Libertadores. Nem isso pegamos", relembrou Tico, que entrou aos 40 do segundo tempo.

" O clima no vestiário foi muito ruim. Descemos e vimos o Grêmio fazer a festa e eu de tão revoltado nem fui pegar a minha medalha. Sei que outros jogadores também não foram. O Zé Roberto estava chorando muito. Já estava vendido ao Real Madrid e queria se despedir com um título. Tentamos consolá-lo. Mas era muito delicado o momento.O astral melhorou quando chegamos em São Paulo e no aeroporto a torcida nos recepcionou de forma sadia, enaltecendo a nossa campanha e dizendo que fizemos história", emendou.

"Aquela campanha é só motivo de orgulho para aquele elenco. Melhor campanha da Portuguesa em Brasileirões. O vice-campeonato abriu as portas para mim e muitos atletas no futebol e termos uma boa carreira", falou Rodrigo Fabri.

"Venho de uma família de palmeirenses. Comigo não era diferente. No entanto, quem apostou no meu futebol foi a Portuguesa. Tudo que conquistei em campo foi graças a Lusa.Ainda tenho um carinho pelo Palmeiras por causa das minhas duas filhas que torcem pelo clube, mas sou mais torcedor da Lusa do que do Palmeiras", emendou Fabri que atuou no Rubro-Verde dos 12 aos 21 anos.

" A Portuguesa é como uma segunda mãe para mim. Foi quem apostou no meu futebol.  Meu filho de 5 anos pergunta qual time eu torço e falo: Portuguesa", explicou Émerson.

"Quando torcedores me encontram só falam coisas boas sobre o vice-campeonato. Todos falam que era um time de garotos que se doava em campo. É uma recordação agradável. Daqui uns anos, falarei para o meu filho sobre uma Portuguesa grande e que por detalhes não foi campeã brasileira", continuou o zagueiro César.

" Até hoje os torcedores me encontram na rua, relembram daquele time e pedem para eu e aqueles jogadores voltarem a atuar, pois diziam que aquilo era um time de verdade", revelou o volante Roque.

A situação atual da Portuguesa é trágica. Desde o 'caso Héverton' em 2013 a equipe paulista vem se afundando e em 2016 pela primeira vez caiu para a Série D do Brasileiro.Os vice-campeões de 1996 lamentam muito a situação ruim do clube.

"No início deste ano marquei um encontro no Canindé com o Émerson e o Rodrigo Fabri, e levei meu cunhado para mostrar as dependências do clube. Foi muito triste, pois nem água na piscina tinha. Havia problemas na manutenção do clube, funcionários, que trabalham desde a nossa época, sem receber salários.É terrível ver como era o clube em 1996 e como está agora. Torço para que alguém possa reerguer a Lusa e a coloque de novo na elite do futebol brasileiro.Acho difícil, mas fico na torcida para que volte a ser a 'Queridinha do Brasil'", afirmou o zagueiro César.

" Quando dou treino para a molecada, sempre explico o que foi a Portuguesa. Sempre digo que nunca joguei nem Série B pela Portuguesa.Só Série A. Mostro a grandeza do clube para eles.
Para voltar aos tempos de glória, a Lusa precisa se reestruturar.Tem que ter bom planejamento, boa diretoria. O futebol foi 'empurrado com a barriga' e o resultado é esse.Precisa voltar a ser um time que revela jogadores. A torcida precisa ter paciência. Do mesmo jeito que em quatro anos fomos para a Série D, não voltaremos para a elite da noite para o dia", afirmou Tico, que atualmente trabalha na equipe sub-20 da Portuguesa.

" A Portuguesa precisa de uma união interna no clube. O racha político é muito grande. Na minha época já era assim, mas hoje sei que está pior. As chapas só pensam em si e não no melhor para o clube.A oposição é sempre negativa, pois visa apenas o poder. Enquanto isso, o time vai caindo de divisão", emendou Émerson.

Voltando a 1996, a Portuguesa entrou em campo na final contra o Grêmio, no Olímpico, com: Clemer, Valmir, Émerson, César e Carlos Roberto (Flávio Guarujá),Capitão, Gallo, Zé Roberto e Caio;Rodrigo Fabri (Tico) e Alex Alves. Técnico: Candinho

Um pouco sobre cada um dos heróis:

Clemer: Natural de São Luís/MA, o goleiro era um dos mais experientes daquele elenco. Após boa passagem por Remo/PA e Goiás/GO, chegou a meta da Lusa, onde foi um dos destaques do vice-campeonato. Em 1997 se transferiu para o Flamengo, onde teve altos e baixos. Em 2001 perdeu posição para o então jovem Júlio César (que faria história no clube da Gávea, Seleção Brasileira e Inter de Milão). Sem espaço no clube carioca, foi para o Internacional/RS, onde viveu seu auge em 2006 sendo campeão da Libertadores e do Mundo. Pelo clube gaúcho foi treinador de goleiros e até 2015 trabalhava nas categorias de base do Colorado. No momento, tenta a vida como técnico.

Valmir: Oriundo das categorias de base do Flamengo, Valmir Almeida de Oliveira perambulou por times pequenos do Brasil e após três temporadas atuando no Bragantino (1993/96), foi contratado pela Lusa onde ficou até 1997.Passou ainda por Grêmio, Atlético Mineiro e Botafogo/RJ antes de encerrar a carreira.

Émerson: Cria do Canindé, Émerson Carvalho da Silva  atuou por lá entre 1994 e 2001. Participando de uma das melhores épocas da Lusa, como o próprio define e chegou até a Seleção Brasileira. Em 2002 se transferiu para o São Paulo onde foi 'Supercampeão Paulista'. Jogou ainda no Japão e em Portugal, retornando ao Brasil em 2004 para atuar no Paraná. Passou também por Botafogo e Ponte Preta. Encerrou a carreira em 2007. No momento, vive em Bauru/SP, sua cidade natal, onde é dirigente do E.C. Noroeste e trabalha na área da construção civil, tendo um dos seus sócios o ex-zagueiro César.

César: Oriundo das categorias de base da Ponte Preta, César chegou a Lusa para substituir o lesionado Jorginho Baiano  e por lá ficou até 1999. Outro que pelo Rubro-Verde chegou até a Seleção Brasileira, disputando a Copa Ouro em 1999.  Entre 2000 e 02 se transferiu para a França, onde defendeu o PSG e o Rennes. Passou também por Palmeiras, Corinthians, Tenerife-ESP, Atlético/PR, Fortaleza/CE, Ponte Preta/SP, Mirassol e Mixto/MT. César Augusto Belli Michelon trabalhou em 2010 como dirigente do Monte Azul/SP e desde 2011 vive em Bebedouro/SP, sua cidade natal, onde é sócio de uma empresa que atua na construção civil.

Carlos Roberto: Começou no Anápolis/GO, passou por Botafogo/SP, União São João/SP (tido como um novo Roberto Carlos)  até chegar no Corinthians em 1995. Atuou no vice-campeonato brasileiro da Lusa de 1996 por empréstimo. Retornou ao Timão em 1997 e depois passou Fluminense, América/RN e  clubes pequenos até cair no esquecimento. Em 2006 foi preso na região de Campinas por envolvimento com o tráfico de drogas. Até 2012 seguia cumprindo pena (veja neste link)

Capitão:  Com 496 jogos , Oleúde José Ribeiro é o atleta que mais entrou em campo na história da Portuguesa.O volante atuou entre 1988/93,96/97 e 2003/04. Além de sua passagem pela Lusa,o jogador natural de Conselheiro Pena/MG  atuou no Cascavel/PR,São Paulo/SP, Grêmio/RS, Guarani/SP, Portuguesa Santista/SP, Botafogo/SP, CSA/AL e Sport/PE.

Gallo:  Um dos jogadores mais experientes do elenco vice-campeão, Gallo passou apenas uma temporada na Portuguesa.  Sua trajetória começou no Botafogo/SP, passando por Vitória/BA, Santos/SP, Guarani/SP,São Paulo/SP, Botafogo/RJ, Atlético/MG e Corinthians/SP. No momento, é técnico de futebol, contando com passagem pelas categorias de base da Seleção Brasileira.

Zé Roberto:  Uma das grandes revelações da Portuguesa em 1996. O atleta começou na lateral-esquerda e depois foi deslocado para o meio-campo por Candinho.  Devido ao seu sucesso no Canindé, em 1997 foi vendido ao Real Madrid. Sem muito sucesso no clube espanhol, José Roberto da Silva Júnior passou uma temporada no Flamengo em 1998. No mesmo ano foi vendido ao Bayer Leverkusen onde ficou até 2002 e na sequência atuou no Bayern Munique até 2006. Passou um ano no Santos e retornou ao clube bávaro ficando até 2009. Depois ainda atuou no Hamburgo até 2011. Passou uma temporada no Catar e em 2012 foi contratado pelo Grêmio ficando até 2014. Em 2015 se transferiu para o Palmeiras ganhando a Copa do Brasil. Em 2016, aos 42 anos, conseguiu seu primeiro título de Campeonato Brasileiro. Pela Seleção Brasileira atuou nas Copas do Mundo de 1998 e 2006.

Caio:  Antes de chegar a Portuguesa, Wolnei Caio teve uma passagem marcante pelo Grêmio onde foi campeão gaúcho em 1990 e 93. Atuou na Lusa entre 1995 e 96. Em 1997 integrou o elenco do Cruzeiro campeão da Libertadores da América. Após passagem pelo Botafogo em 1999 , rodou vários clubes pequenos até se aposentar em 2007. Aos 48 anos, o ex-atleta é secretário municipal de Esportes e Lazer de Garibaldi/RS.

Rodrigo Fabri:  Ao lado do meia Lúcio (semifinalista pelo Goiás), Rodrigo Fabri foi eleito a revelação do Campeonato Brasileiro de 1996. Meia habilidoso e veloz, fez muitos gols decisivos que levaram a Lusa até a final. Jogou no clube paulista até 1997 e depois foi vendido ao Real Madrid-ESP onde permaneceu até 2003. Durante esse período no clube Merengue, atuou por empréstimo no Flamengo, Grêmio,Santos, Sporting Gijón-ESP e Sporting-POR. Posteriormente passou por Atlético de Madrid-ESP, Atlético/MG, São Paulo, Paulista/SP, Figueirense/SC e encerrou a carreira em 2009 no Santo André/SP, clube de sua cidade natal. Pela Seleção Brasileira foi campeão da Copa das Confederações de 1997. No momento, o ex-atleta de 40 anos trabalha como pecuarista e tem uma empresa no ramo da construção civil.

Alex Alves:  Revelado no Vitória, o atacante foi um dos destaques do Rubro-Negro no início dos anos 90, onde faturou um estadual (1992) e um vice-brasileiro de 1993. Em 1994 se transferiu para o Palmeiras e integrou o elenco campeão brasileiro. Após uma rápida passagem pelo Juventude chegou a Portuguesa em 1996 onde foi titular da equipe vice-campeã brasileira. Dois anos depois atuou no Cruzeiro e  entre 1999 e 2003 atuou no Herta Berlim, onde venceu duas Copas da Liga Alemã. Em seu retorno ao Brasil passou por Atlético Mineiro, Vasco, Boavista/RJ e Vitória/BA. Faleceu no dia 14 de novembro de 2012, aos 37 anos, vítima de complicações de uma leucemia.

Tico:  Atacante que fez dupla de ataque com Denner no título da Copa SP de Juniores de 1991, onde a Lusa venceu todos os jogos, Tico foi emprestado a diversas equipes antes de se firmar no principal. Nesse período atuou por Grêmio, Fortaleza e São Paulo. No Rubro-Verde ficou até 1998, onde foi vendido ao Coritiba. Teve passagens pela Grécia e Turquia e em seu retorno ao Brasil, defendeu ABC/RN, Paysandu/PA e Boa Esporte/MG.No momento é técnico da equipe sub-20 da Portuguesa.

Roque:  Marcelo José Ribeiro foi revelado na Portuguesa onde ficou até 1997. Roque, como sempre foi conhecido, era volante naquela equipe de 1996 e no jogo de ida da final, no Morumbi, atuou na lateral-esquerda no lugar do suspenso Carlos Roberto. O meio-campista ainda passou por Guarani (1998/2000), Matonense/SP, Vila Nova/GO, Portuguesa Santista/SP e futebol grego. No momento está desempregado.

Flávio Guarujá:  Um dos jogadores menos conhecidos deste elenco. Flávio Rodrigues da Silva atuou por clubes modestos do interior de São Paulo e chegou na Lusa em 1995. Após o vice-campeonato de 1996, se transferiu para o Criciúma onde jogou a Série A de 97. Passou ainda por Santa Cruz/PE e Mirassol/SP até cair no esquecimento.

Candinho: Ex- zagueiro que virou treinador em 1979 teve grandes sucesso comandando a Portuguesa em 1996. Apesar de ter sido técnico de várias equipes, foi na Portuguesa onde conseguiu mais identificação. Aos 71 anos está aposentado do futebol.

Bônus:
'Caso Castrilli '1998
Uma das semifinais do Campeonato Paulista de 1998 foi entre Corinthians e Portuguesa. No duelo de ida houve empate em 1 a 1. Na volta, outro empate, agora por 2 a 2. Como o Timão tinha melhor campanha acabou se classificando a decisão.
Crédito da foto: Alex Ribeiro/Folha Imagem


No entanto, no cotejo de volta, no Morumbi, o Timão anotou seus dois gols em dois pênaltis extremamente polêmicos, onde o torcedor da Lusa não esquece o árbitro argentino Javier Castrilli.

A etapa inicial terminou 1 a 0 para o Rubro-Verde com gol anotado por Aílton. No segundo tempo, aos 10 minutos, escanteio para o Corinthians. A bola foi alçada na área e a zaga desviou. Entretanto, Castrili alegou que o atacante Evair puxou a camisa do zagueiro Cris e assinalou pênalti. Ao ver o lance várias vezes, nota-se que não houve o tal puxão. Os jogadores da Portuguesa reclamaram bastante. Na cobrança, Marcelinho Carioca empatou.

Na sequência houve falta para a Portuguesa na entrada da grande área. Leandro bate rasteiro, a bola é desviada pela barreira e sobra para Da Silva finalizar e fazer 2 a 1.

Aos 44 minutos, o Alvinegro vai ao ataque com Fernando Diniz que cruza na área,  César nitidamente afasta a bola com o peito e o árbitro assinalou outra penalidade alegando que o zagueiro usou o braço na jogada. Um segundo pênalti e muito mais escandaloso que o primeiro. Rincón cobrou e empatou a partida.

" Foi um assalto o que o juiz fez com a Portuguesa. Dava para notar que tinha má intenção", afirmou o zagueiro Émerson.

"Esse jogo superou a frustração de não termos ganho o Brasileiro de 1996.Veio um juiz encomendado para fazer dinheiro e foi onde o mais fraco fora de campo (a Lusa) foi prejudicado. Dentro de campo tínhamos uma equipe melhor e isso estava sendo provado durante o jogo.Marcou dois pênaltis claramente inexistentes. O primeiro do Evair e o segundo comigo, onde claramente não houve nada.Não teria motivo para assinalar aquele pênalti. Prejudicou nossa equipe que tinha condições de ir para a final", relembrou o zagueiro César, que depois fez uma revelação 'bombástica' sobre o caso.

"Alguns meses depois que aconteceu o jogo, com a tensão já passada eu cheguei a conversar com pessoas ligadas aos bastidores do futebol que me garantiram que houve esquema com a arbitragem. Pelo que me passaram a Portuguesa soube disso e tentou também comprar o árbitro, mas a FPF recusou, alegando que não era dinheiro suficiente. Possivelmente a outra oferta era maior. Foi o que me disseram", revelou o defensor.

Ninguém foi punido por este episódio e o Timão foi a final e acabou derrotado pelo São Paulo.

Confira neste vídeo os principais lances de Portuguesa 2x2 Corinthians.


'Caso Heverton 2013'
Era a última rodada do Campeonato Brasileiro. Um dos jogos mais desinteressantes era Portuguesa x Grêmio, onde ambos apenas cumpriam tabela. A peleja terminou 0 a 0. No entanto, um dia após o jogo, a CBF publicou que o jogador Héverton da Portuguesa não poderia estar em campo, pois tinha mais uma suspensão a cumprir (havia pego dois jogos, por conta de uma expulsão). O caso gerou muita repercussão até o final do ano e o Rubro-Verde que havia se safado do descenso, foi rebaixado pelo STJD. Recorreu várias vezes e fez de tudo para ficar na Série A. Mas não teve jeito. Em seu lugar ficou o Fluminense,  que foi o 17º colocado.
Crédito da foto:Marcos Bezerra/Futura Press

Essa tragédia culminou com uma queda catastrófica da Portuguesa e que no momento se encontra na Série D do Brasileiro. É o momento mais triste da Associação Portuguesa de Desportos.

"Muito se escuta sobre o caso. O que acho estranho é um jogador suspenso entrar em campo. A CBF sempre avisa a suspensão antes dos jogos. Passei por situação assim no Corinthians uma vez. Em uma confusão em um jogo contra o Santos, eu e o goleiro Doni fomos expulsos e na rodada seguinte cumprimos suspensão. Na partida que viria depois da punição, eu e o Doni viajamos com o elenco do Corinthians para jogar contra o Goiás no Serra Dourada e na noite da véspera do confronto fomos informados que tínhamos pego mais um jogo de 'gancho'. Fomos retirados da concentração. Ou seja, não tem como não saber. É diferente quando é problema de documentação,que não aparece no BID (Boletim Informativo Diário), ou acha que vai aparecer e não aparece. Acontece. Nesse caso da Portuguesa, novamente a 'corda' estourou para o mais fraco. Desrespeitaram uma camisa de tradição",opinou o zagueiro César.

"Tudo leva a crer que armaram para a Portuguesa cair. Trabalhei na Portuguesa em 2014 e sei que não foi incompetência administrativa e sim sacanagem com o clube.Não tenho provas concretas, mas sei que o que houve foi má-fé contra a Portuguesa.  Fui chamado para a ajudar a Lusa nesse período e aceitei trabalhar de graça. Mas foi difícil, pois ninguém quis ajudar. Não tinha verba e nem patrocínio. A Portuguesa estava vendendo jogadores das categorias de base para pagar dívidas.A diretoria teve que se virar para disputar a Série B. Não tinha dinheiro e foi difícil", finalizou o meia Rodrigo Fabri que trabalhou na gerência do futebol do Rubro-Verde em 2014.










Um comentário:

  1. Ótima matéria! Além de nostálgica, foi muito reveladora.

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