Vasco e seu sofrimento com três rebaixamentos em sete anos |
O torcedor adora contar as vantagens de seu clube e apontar os podres de seu rival.Quando um colega aponta os podres de sua equipe, o adepto nunca dá o 'braço a torcer' e sempre tenta minimizar ou provar que não é verdade.
Até 1990 o Corinthians sofria por ser um time que tinha apenas conquistas estaduais e regionais. Que não era grande para conseguir algo nacional. Isso acabou quando faturou o seu primeiro Brasileirão.
Década de 90 que os torcedores do Santos sofriam muito. 'As viúvas do Pelé' ,como eram chamados os santistas , tinham que todo dia explicar por qual motivo escolheram este clube como seu e que sim ele ainda é grande e poderoso. Desde que o Rei do Futebol saiu do litoral paulista, o Alvinegro da Vila Belmiro teve poucas conquistas e com pequena relevância para a sua rica história. O Santos vivia apenas de passado, diziam os rivais.
Essa penalização acabou em 2002 com o título de campeão brasileiro. Inédito. Ali os santistas podiam dizer que já tinham gritado 'é campeão' e sabiam sim como comemorar um título. Em 2004 veio o bicampeonato. Em 2010 uma Copa do Brasil e 11 a Libertadores. Enfim, os santistas tinham como provar que eram grandes. A zoeira já era.
Início da virada do século que foi bem difícil para o Corinthians que era o único dos quatro grandes paulistas que nunca havia ganho uma Libertadores. Ganhou um Mundial em 2000. O primeiro título estrangeiro da equipe fundada em 1910. No entanto, um Mundial sem Libertadores, enfrentando o Vasco no Maracanã, e nem a TV Globo transmitindo. Ou seja, uma conquista que virou deboche para os torcedores rivais e que não a reconhecem. Pouco importa se a Fifa acha que é ou não. Penso, as vezes, que era melhor nem ter esse torneio, pois virou mais motivo de chacota do que reconhecimento de outros torcedores.
No entanto, a obsessão para ganhar o torneio das Américas não vinha. A cada eliminação no torneio, vários 'bullyngs' e felicidade dos 'antis'. A graça acabou em 2012. Ganhando a Libertadores e posteriormente um Mundial. Em 2014 ganhou seu estádio. Finalmente.Mais uma zoeira que se foi.
Em Minas Gerais, os atleticanos sofriam muito para explicar porque torciam para um time de apenas uma conquista relevante (Brasileirão de 1971). Gastavam saliva falando sobre a injustiça no Brasileirão de 77 (levado pelo São Paulo), os roubos diante do Flamengo no início dos anos 80 e os campeonatos que ficaram no quase. Via seu maior rival vencer nesse período duas Libertadores, 1 Brasileiro e 4 Copas do Brasil. Haja sofrimento e deboche. Não só em Minas, mas fora de suas fronteiras com outras pessoas questionando a grandeza do Galo. O fardo encerrou em 2013 com a conquista da Libertadores e no ano seguinte com a Copa do Brasil. Sim, dois torneios que o torcedor se orgulha e sente aliviado, pois as zoeiras já eram. Ninguém contesta a grandeza do Alvinegro de Belo Horizonte.
Indo ao Rio Grande do Sul e voltando a 1979 o Internacional faturou seu tricampeonato brasileiro e até então era o maior campeão nacional. Entre 1980 e 2005, o Colorado de relevante levantou apenas a Copa do Brasil em 1992. Viu o Grêmio vencer um Mundial, duas Libertadores, dois Brasileiros e 4 Copas do Brasil. Todos viam o Inter com um olhar de pena. Daquele time que vivia do passado. O Tricolor com toda essa bagagem não tinha como perder uma discussão com o Colorado.
Em 2006 veio a alegria e o alívio colorado com a conquista da Libertadores e do Mundo. Um ano para sempre na história do lado vermelho do Rio Grande do Sul. O Planeta Terra agora conhecera outra equipe de Porto Alegre. Não era mais o Sport Club Municipal (maldosamente apelidado pelo jornalista Peninha, gremista roxo).
Sim, o Inter conheceu seu primeiro rebaixamento |
Nesse período, o torcedor do Inter se sentia com moral nas discussões e enfatizava que seu clube nunca foi rebaixado. O Grêmio havia caído duas vezes. Sim, os debates ficaram mais acirrados nos Pampas.
Em 2008 veio a Conquista da Copa Sul-Americana. 2010 veio o bi da Libertadores e os gremistas que viviam uma seca grande com medo de um bi-Mundial do seu maior rival. O sonho do bi virou derrota para o Mazembe. Agora os gremistas voltaram a ter um motivo forte para debochar de seu rival: a eliminação para um fraco e desconhecido clube do Congo. Mas o Inter não havia ainda caído de divisão.
Entre 2011 e início de 16, o Inter faturou seis estaduais consecutivos, uma Recopa Sul-Americana e quase um Tri da América.O Grêmio nada. O clube do Beira-Rio mandava em Porto Alegre/RS e ainda se gabou de ser sede da Copa do Mundo de 2014.
Segundo semestre de 2016, o Inter até chegou a liderar o Brasileirão,mas foi ladeira abaixo, enquanto o Grêmio se mantinha na parte de cima e lutava pela quinta taça da Copa do Brasil. O penta veio, a seca de quase 6 anos (ou 15 contando os títulos relevantes) se foi e o Internacional, na última rodada, confirmou seu rebaixamento para a Série B.
Mais uma zoeira se foi. Sim,este argumento fica inválido para o clube fundado em 1909.
E assim vai a zoeira, umas acabam, outras surgem, mas isso que ajuda a manter o futebol vivo. Vida que segue.
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