Prólogo: reproduzo neste espaço, o texto que escrevi para o site torcedores.com no final de julho, quando houve a dicussão do pai do Neymar com uma jornalista da Folha de S.Paulo e o episódio foi muito debatido na mídia e nas redes sociais.
Confira:
Uma das
notícias mais comentadas esta semana foi a discussão do pai do Neymar com uma
jornalista da Folha de S.Paulo. A repórter o questiona, por telefone, sobre uma
possível festa na concentração da seleção brasileira, após a estreia na Copa do
Mundo. O agente e progenitor da principal estrela do atual futebol pentacampeão
se mostrou irritado e de forma irônica disse que fez uma festa e com a mãe da
periodista. Seguiu com a voz alterada, ofendendo a repórter e até a
ameaçando de um possível processo. Ela se manteve calma e apenas cumpriu o seu
dever de ir até o fim do diálogo. Embora seja um direito dele não gostar
da pergunta, nada justifica tal atitude. Ele poderia simplesmente se negar a
responder. Ficar em silêncio.
Crédito:Denis Doyle/Getty Images |
O pai
do Neymar é o caso mais famoso de um familiar que pega carona na fama do filho.
É incrível. Onde o atleta está, de alguma maneira o pai dele dá um jeito de
aparecer. Em muitas ocasiões aparece de forma negativa e arranha a imagem e a
carreira do futebolista revelado pelo Santos.
Entretanto
não é o único caso no esporte mais popular do planeta. Há aqueles que estragam
tanto o filho que acabam fazendo com que o atleta não vingue no
futebol.
Quem já
cobriu categorias de base do Brasil sabe que muitos meninos com 11 ou 12 anos
já começam a ser vistos como a fonte de renda de muitos familiares. A salvação.
Vários pais, irmãos e até tios param de trabalhar, pois apostam na jovem
promessa. O herdeiro é sempre visto como um craque. Com 15, 16 anos já tem
contrato milionário e todos trabalham em volta dessa empresa que o futebolista
se transformou.
Outro
caso emblemático é o atacante Jean Chera. Desde cedo produziam matérias sobre a
futura promessa das categorias de base do Santos. Não conseguiu engrenar
profissionalmente. Eu já cheguei a conversar com um técnico que trabalhou com
ele e me garantiu: “Foi o pai de Chera que o estragou. Queria mandar no menino
e o que fazer com ele. O sucesso do garoto subiu a cabeça do pai. Era
muito difícil trabalhar com o Jean, por causa do pai. ”
Certa
vez estava conversando com pessoas que trabalharam em um clube pequeno de uma
capital brasileira e me contaram um episódio bem curioso. Um jornalista
esportivo renomado tinha um filho que jogava por essa equipe. O pai presenciava
os treinos e sempre nos bastidores queria garantir seu filho entre os
titulares. Questionava, de forma grosseira, a comissão técnica o motivo
quando o garoto não estava entre os onze iniciais. Pelo que me relatavam, o
menino atuava como centroavante. Um ‘9’. Mas não era o melhor daquela
equipe. Era uma boa pessoa, mas as atitudes do pai (retificando que era um
jornalista famoso) irritavam a todos e alguns companheiros de equipe pegavam
bronca do rapaz.
Houve
um episódio em que na televisão o tal jornalista informou que terminando o
programa esportivo no qual estava participando, iria para o estádio ver o
seu filho jogar contra um dos principais times do estado. O confronto era por
um campeonato estadual de categorias de base.
Chegou com a partida em
andamento, ainda de acordo com o que me contaram, e surtou ao não ver o seu
filho entre os titulares. Foi brigar com a diretoria, pois havia anunciado na
TV que seu filho jogaria. Deu escândalo nos bastidores.
Ao fim
daquela temporada, o contrato com a tal equipe terminou e o menino foi defender
as cores de um clube do interior. Soube depois, através da internet, que o
mesmo tentara a sorte até no exterior. Mas a saída do pequeno clube de uma
capital brasileira trouxe paz nos bastidores e no dia a dia do trabalho, como
me disseram.
Um
outro fato que me recordo foi quando conversei com um técnico que foi dirigir
uma equipe modesta do Brasil em uma segunda divisão estadual. Este treinador
tinha personalidade forte. Não tinha papas na língua e falava o que pensava. As
vezes arrumava encrenca nos times que dirigia, mas para jornalista sempre
rendia boas histórias. É uma boa pessoa.
No
trabalho em que eu citei no parágrafo acima ele não ficou até o final do
campeonato. Foi demitido no meio do torneio. O time não engrenava e acabou
saindo. De acordo com o que me contou, o problema foi com o presidente do
clube que tinha um filho que queria ser jogador e aos poucos forçava a
escalação dele entre os titulares. Aquilo desgastou a relação entre mandatário
e técnico. Entre patrão e empregado.
“Começou
com aquela conversinha me perguntando se o filho dele poderia treinar com o
elenco, pois estava tentando a vida de jogador. Eu deixei, mas sabia que aquilo
era suspeito. Ele não deveria fazer parte do elenco. Mas foi treinando e eu não
contava com o menino para a temporada. Mas o presidente foi me pressionando,
perguntando se poderia por entre os reservas e em outras vezes entre os
titulares. Falava que ele não ia atuar, pois quem escalava era eu. Isso foi
desgastando a relação”, me confidenciou o tal treinador.
Cheguei
a perguntar se o garoto era tão ruim a ponto do técnico arrumar briga com o
chefe. A resposta dada a mim foi: ‘ Ele era muito ruim. Não tinha nível nem
para ser profissional’.
Essas
são algumas histórias de pais que tentam de todas as maneiras fazer o filho se
tornar jogador de futebol.
Embora
seja importante sempre o apoio da família no desenvolvimento da criança e do
adolescente no esporte, tudo tem limite. A experiência mostra que quando passa
da ‘linha tênue’, o jogador pode ficar no caminho ou crescer menos do que se
espera.
Claro, muitos pais fazem isso também por ganância, vaidade e egoísmo.
Não entendem o quanto isso prejudica a todos.
Por
fim, sei também de familiares que sabem apoiar a sua ‘joia’ no ponto correto.
Não é tão simples, mas existem
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